Capítulo 13

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BELLA


Eu preciso encontrar algo para fazer ou vou ficar louca!

Meus pais já pediram para eu não ter pressa com nada, para eu pensar no que quero fazer de faculdade quando iniciar o próximo ano e não me preocupar com nada. Eu entendo, mas isso não faz parte de quem sou, apenas esperar o tempo passar e aproveitar a boa vida.

Eu cresci e ainda novinha, recém adolescente, comecei a ajudar minha... Comecei a ajudar Maria a vender doces pelas ruas do nosso antigo bairro e depois consegui algum bico aqui e ali, de garçonete em sua maioria. Quando entrei na padaria com carteira registrada foi uma alegria sem tamanho para nós, porque acreditamos que tempos bons viriam para nós, mas em menos de dois meses depois, tudo ruiu quando descobrimos seu câncer nos pulmões, estava avançado e segundo o médico, só tinha que esperar pelo pior, pois não tinha nada o que fazer.

Lembro que chorei por um dia inteiro agarrada a minha mãe, nós duas sofrendo pela notícia que nos pegou de surpresa, porque nunca imaginamos que sua tosse contínua e tonturas eram sintomas de uma doença mortal e só quando tudo se intensificou que bati o pé até convencê-la a ir ao pronto socorro. 

Foi o pior dia da minha vida.

Seco as lágrimas e abano a cabeça, não devo pensar em nada disso mais, não é certo depois de saber tudo o que ela fez. 

O fato é que preciso trabalhar, com qualquer coisa que seja, mas não dá para ficar ociosa, definitivamente não é o que quero.

- Bella... - uma leve batida na porta e minha mãe aparece com um sorriso gigante no rosto. - Venha comigo... - ela me estende a mão sem sair do lugar e acabo rindo.

O que será?

Saio de cima da cama e vou até ela sem hesitar, vai ser bom passar um tempo com ela já que chegou um pouco mais cedo do trabalho, eu sequer tinha percebido que começou a escurecer tantos eram meus devaneios.

Sou levada escada abaixo e percebo que Laura parece imensamente feliz com algo.

- O que aconteceu? - pergunto curiosa.

- Você já vai saber querida... 

O mistério envolvido na sua voz divertida, aguça ainda mais meus sentidos, louca para descobrir o que está acontecendo nessa casa. Saímos pelo hall de entrada da casa e descemos as poucas escadas que dão entre o estacionamento central da mansão e o jardim dali. Entre eles, vejo Pedro com um sorriso gigante, igual de Laura, com braços abertos, indicando um carro belíssimo ao seu lado, ele é todo branco e enorme.

- Vocês compraram um carro novo, é isso?

Ainda segurando minha mão, Laura me leva para ainda mais perto e só me solta para abraçar o marido pela cintura.

- Não é qualquer carro, querida, é o seu carro. - ela conta calma e abro a boca em choque.

Abro e fecho incontáveis vezes minha boca, sem saber o que dizer.

- Pra-pra mim? - olho para o carro que agora parece ainda mais lindo de incrível do que reparei a poucos segundos atrás.

Os dois assentem sem abandonar nunca o sorriso do rosto.

- Mas eu não tenho carta ainda. 

Refiro-me a carteira de habilitação. Eu cheguei a fazer em apenas uma semana as aulas para direção e o teste também, mas eu sabia que o documento em si demorava para chegar.

- Acho que tem algo mais que precisa ver também.

Fala Pedro naquele ar misterioso e fico intrigada, será que isso é de família? Tanto ele quanto Laura parecem querer fazer suspense sobre essas coisas e fico nervosa com o coração pulando aqui dentro do peito.

Bella: em outra vida - Série GêmeasOnde histórias criam vida. Descubra agora