- André, você o machucou muito. Será que ele está em condições de ir para casa? Meu Deus, ele pode te processar - eu dizia surpresa.
- Que processe, valeu a pena - André respondeu se sentando no sofá numa calma impressionante.
Foi quando eu vi seu rosto que sangrava um pouco.
- Vou buscar a caixa de primeiros socorros, isso aí está doendo muito? - perguntei indo para a cozinha.
- Não, e nesse momento melhor que remédios seria uma dose de whisky... ou talvez um garrafa inteira - ele disse a segunda frase baixinho, mas eu consegui ouvir.
Voltei com a caixa e me ajoelhei entre suas pernas. Peguei álcool e gaze para limpar os ferimentos e ele só acompanhava meus movimentos em silêncio.
- Eu não tenho whisky em casa. Nem uma dose, nem a garrafa inteira - o provoquei, mostrando que eu escutei o que ele sussurrou.
- Aii... - ele reclamou quando toquei seu supercilio com a gaze.
Ignorei suas reclamações e continuei fazendo meu trabalho.
- Não sabia que além de sentir dor você também gosta de fazer sentirem dor - André disse e segurou em minha nuca me fazendo olhar para ele.
- Você é um homem tão inteligente, mas tem uns surtos de homem das cavernas às vezes. Com essa coisa de ser "meu macho" e agora espancamento - eu soltei o que estava entalado de forma sarcástica.
- Você nunca reclamou dos meus espancamentos antes - devolveu passando sua língua em meus lábios suavemente.
- Por que antes você só espancava quem desejava ser espancado - respondi e mordi seu lábio com certa força.
André me deu um beijo quente sem soltar minha nuca, e eu amei isso. Mas ele separou o beijo e voltou a se encostar no sofá. Fiquei confusa encarando ele, que me devolvia um olhar frio.
- Você fez amor com ele Mariana - ele parecia decepcionado.
Eu me levantei do chão e sentei ao seu lado.
- Eu só achei que poderia ser feliz com ele. Julguei tanto que você me faria mal que acabei acreditando no lobo em pele de cordeiro. Parece que nem sempre as coisas são como parecem. Mas não me culpe tão rápido, você não esteve com outra nesse tempo que estivemos separados? - o olhei ao perguntar.
- Depois daquela última mensagem que trocamos, eu fui ao clube - ele falava virado para a frente, seu olhar perdido - mas o que eu faço lá não é amor.
- Eu nem sei se quero saber o que você faz lá - respondi me virando para a frente também.
- Se um dia você quiser, eu posso te levar até lá e vai poder ver com seus próprios olhos o que se faz lá - André disse me encarando.
- Talvez eu vá, um dia... como você acabou fazendo essas coisas?
- Minha mãe morreu num acidente de carro, estava dirigindo alcoolizada. Meu pai era um homem duro, que ficou ainda mais violento depois da morte dela. Eu era um adolescente rebelde e apanhava muito dele. Até ser obrigado a conseguir meu primeiro emprego. Foi numa oficina mecânica de restauração de carros antigos. O dono era arrogante, mas me ensinou tudo que eu precisava saber sobre o trabalho. E a esposa dele que era uma dominatrix, me ensinou sobre o sexo.
- Você era amante da esposa do seu patrão? - perguntei surpresa.
- Era - ele respondeu dando de ombros como se estivesse contando algo normal.
- Você disse na brincadeira que nunca disse Eu te amo para ninguém... você nunca teve um relacionamento? Digo, um namoro? - questionei.
- Não, para que? - ele me olhou erguendo uma sobrancelha.
- Oras, pra se estar com a pessoa que gostamos. Saber que ela sempre estará ao nosso lado, e um dia construir uma família - respondi sonhadora.
- Você superestima demais essas coisas - André respondeu negando com a cabeça.
Eu o olhei e de repente pareceu que tudo fazia sentido. Um sorriso se formou na minha boca e ele continuava confuso.
- Você tem medo. Tem medo porque a pessoa que você mais amou, se foi. Agora você acha que se amar novamente, ela vai acabar te deixando também - expliquei minha constatação.
Ele se levantou rapidamente negando com a cabeça numa expressão assustada.
- Que besteira Mariana. Você é advogada, não psicóloga. Sai com essas merdas de análise de perto de mim.
Eu ri e ele me olhou muito bravo.
- Faz amor comigo? - eu pedi fazendo biquinho.
- Acho melhor eu ir embora, hoje você está avariada Mariana. Você sabe que eu não faço amor nenhum - ele falou já se virando e indo em direção a porta.
Eu ri ainda mais e segurei em seu braço. Parei em sua frente e coloquei minhas mãos no seu rosto, acariciando devagar.
- Não estou te pedindo compromisso, é só um sexo diferente. Só dessa vez...
- Eu não sei fazer isso bebê... - ele respondeu depois de alguns minutos de silêncio.
- Ao menos carinho você deve sentir por mim, vontade de estar ao meu lado, de me fazer bem... é só usar isso. Esqueça os tapas e punições por um momento. E pense nas coisas boas de quando estamos juntos. Então você pode me amar devagar e sem pressa - disse aproximando lentamente minha boca à dele.
- Você ainda vai me matar Mariana... - ele disse ainda relutante.
- Vem comigo - disse o puxando para o meu quarto.
Então colei minha boca na dele, abrindo os lábios. Minha língua explorava sua boca de forma gentil. E pela primeira vez com o André eu me sentia no comando.
Comecei a percorrer minhas mãos em seu corpo, tirando peça por peça. E depois de um olhar incentivador da minha parte, ele fez o mesmo comigo. Nosso contato visual nunca se quebrava, e com isso eu me sentia mais próxima dele.
Me deitei na cama e ele se deitou sobre mim. Ainda me olhando nos olhos.
- Faça amor comigo André, lento e sem pressa. Como se o tempo parasse e só o que importasse fosse nós dois nessa cama. Como se tudo o que você precisasse para sobreviver fosse eu. Como se dentro de mim, você se sentisse em casa - eu disse suspirando no final.
E não precisei pedir novamente. Nem ensina-lo como pensei que precisaria. Como se tivesse compreendido o que eu disse, André me amou de verdade. Senti que ele era tudo que eu sempre quis, me senti completa. E entre carícias e beijos lentos eu me dei conta de que estava terrivelmente apaixonada.
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Mariana - Simples e delicioso
Romantizm* +18, finalizado* Mariana é uma garota sonhadora que saiu da fazenda dos seus pais para a cidade grande com a intenção de traçar seu próprio caminho. Isso foi há 5 anos atrás. Ela ainda não chegou onde queria, mas tem força e determinação para iss...