De volta ao lar

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- Senhor Snape! Desculpe-me vir assim, sem avisar. Mas eu passei muito tempo procurando o senhor – disse enquanto se sentava e tentava não surtar.

Chegou a um ponto em que Harry estava desistindo de encontrar o homem. Até ele ver uma matéria no jornal sobre a editora de livros Príncipe Mestiço, ele não chegou a ver nenhuma foto do Snape, porém, lembrou-se de que no diário de sua mãe, ela registrou que quando era menino, o sonho de seu amigo era o de abrir uma editora com este nome. Como não é um nome muito comum, ele viu a luz no fim do túnel. Depois, Harry só jogou o nome no google e conseguiu o endereço.

- Não imaginei que você soubesse da minha existência, seus tios nunca me deixaram encontrar ou ver você. Eu queria que pelo menos que nas férias escolares você estivesse comigo. Era o que sua mãe queria, sabe? Que eu cuidasse de você... Só que infelizmente ela não teve tempo de deixar algum documento com essa referência e você acabou ficando com seus tios. No final de tudo eles são seu sangue.

- Eu sei... Achei uns diários de minha mãe, ela sempre dizia que você era o melhor amigo dela, e que se algo acontecesse com ela por causa da Fênix – Snape estreitou o olhar, imaginando se Harry tinha alguma noção sobre a Ordem da Fênix, até onde ele sabia? - ela ficaria feliz se fosse você a cuidar de mim, já meu pai queria que eu ficasse com meu Padrinho Sirius. É engraçado que parece como se eu os conhecesse, apenas pelas palavras da minha mãe!

- Eu sinto muito pela sua perda Harry – a postura de Severo não se alterava, ele tinha o rosto marcado por algumas expressões fortes adquiridas com o tempo, o que não o deixava feio, mas sim com um ar responsável, bem condizente com sua posição de dono de uma das maiores editoras de livros da Europa, O Príncipe Mestiço.

- Obrigado...

- Mas agora que você me encontrou, a que devo a honra? - Certamente o editor se intrigava que depois de tantos anos estava diante do filho de sua doce Lily – ou você apenas queria me conhecer?

- Na verdade, eu saí da casa dos meus tios, não aguentava mais ficar lá – O moreno agora estava mais relaxado, realmente triste e feliz ao mesmo tempo. Feliz, por saber que o outro queria conhecê-lo e conviver com ele. Triste, por descobrir que seus tios lhe tiraram essa oportunidade, fora todos os maus tratos que já passou na mão deles. Depois que passou dos 13 anos, o espancamento parou e apenas obteve o máximo de desprezo e humilhação, mas isso não vem ao caso, agora ele estava feliz por conhecer um homem que participou da vida de seus pais - eu gostaria de me juntar a vocês na Ordem da Fênix e fazer Voldemort pagar pelos crimes que cometeu e pela morte de meus pais.

A expressão de Harry se fechou, falar do homem que há pouco tempo ele descobriu ser o responsável por arruinar sua família, sempre fazia seu sangue ferver.

- Como você ficou sabendo sobre nós?

- Nos diários... Os últimos eram sobre como Voldemort estava dominando as ruas com o tráfico de drogas e humano. Era tudo um grande caos – os olhos do moreno encheram-se de lágrimas, as últimas anotações de sua mãe eram de tristeza e preocupação, ela temia pela segurança de sua família – ela até chegou a mencionar outras famílias da ordem da fênix que estavam sendo perseguidas, mas nada em específico.

Snape estava levemente boquiaberto, sorte que esses diários não caíram em mãos erradas. Certamente Lily escreveu as informações sobre a ordem, tudo na intenção do filho achar se algo acontecesse a ela e ao pai de Harry.

- O lord das trevas escapou e há anos não é visto – o editor analisava profundamente o garoto a sua frente – não sabemos nem se ele está vivo ainda.

- Ok, então deixe eu me juntar a ordem e a trabalhar pra você! - disse se levantando e apoiando a mão na mesa, mostrando toda sua determinação - Você é o mais próximo de família que eu considero e eu nem te conheço direito, apenas sei o que minha mãe escreveu. Não quero que você me adote nem nada do tipo, eu já sou cavalo velho, mas gostaria de fazer parte da sua vida e trabalhar onde meus pais trabalharam. Eu me formei em letras, não seria um inútil, e eu posso começar por baixo, não tenho medo de trabalhar.

- Tudo bem, você pode trabalhar aqui no príncipe.

O sorriso de Harry se iluminou e estendeu a mão para agradecer.

- Muito obrigado! O senhor não vai se arrepender.

- Imagino que não, esteja aqui amanhã às nove horas.

- Estarei senhor, muito obrigado! Até amanhã!

A felicidade de Potter era notória, suas bochechas estavam coradas tamanha era a sua euforia!

Chegou ao grande salão e acenou para o recepcionista, que sem entender quando e como ele havia entrado, apenas sorriu sem graça para ele, o que fez uma contida risada escapar.

Ele estava caminhando com as mãos nos bolsos de sua calça jeans e estava tão feliz que ergueu a cabeça para o teto, fechou os olhos e deu um longo suspiro ainda andando. O que não foi muito inteligente de se fazer, porque ele tropeçou e não teve tempo de colocar a mão no chão deslocando o ombro direito e quebrando seus óculos na queda.

Sentiu um calafrio e imediatamente abriu os olhos, parando antes da porta de vidro e ficando levemente atordoado, ele teve apenas uma visão, mas era como se um pouco da dor e aflição pudesse passar por ele, era quase como se ele pudesse sentir a dor da queda e do vidro dos seus óculos fazendo pequenos cortes em seu rosto.

Isso sempre acontecia com ele, mas era agoniante todas as vezes!

Harry saiu de seus devaneios ao sentir aquele perfume de damasco seguido de uma voz:

- Conseguiu resolver seu problema?

Ah era o loiro. Senhor! Que homem lindo!

- Ah, sim! Obrigado! Amanhã eu começo a trabalhar aqui.

- Entendo, já que você trabalhará comigo, deixe eu me apresentar. Meu nome é Draco Malfoy - estendeu a mão que prontamente foi cumprimentada em um gesto firme - e você é Harry Potter! Bem-vindo, Potter.

- Obrigado Malfoy! - não sabia como estava conseguindo raciocinar e responder, tem como alguém ser tão perfeitamente lindo?

- Estou de saída, até amanhã!

- Até!

Harry ficou vendo o outro sair, e por um momento se sentiu dormente, tremeu levemente e seguiu seu caminho com um pensamento:

" Ótimo! Agora eu preciso de um lugar pra ficar! Acho que devo escolher um local que eu possa caminhar até o trabalho."

CalafrioOnde histórias criam vida. Descubra agora