Conhecendo a ordem

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O homem de bochechas gorduchas e dedos roliços, conhecido como Rabicho, apelido o qual surgiu pelo fato dele viver como um rato, não se importando com quanta sujeira tivesse que lidar, se escondendo em lugares escuros e úmidos se quisesse se proteger, ou fugir de algum perigo iminente, na verdade era um homem covarde, que se escondia por trás de seu mestre, e fazia o trabalho sujo para ele.

E o subordinado estava feliz, sentia-se orgulhoso de seu desempenho em preparar tudo para a volta de seu senhor ao país que há tantos anos deixara, certamente seu lord o recompensaria e ficaria satisfeito com sua eficiência.

Organizou, deu assistência, despejou ordens e ameaças, estava tudo pronto, os negócios na cidade estavam sendo delegados a alguns substitutos, que administrariam enquanto estivessem fora, alguns não ficaram nada felizes com a escolha de Voldemort, Rabicho apenas riu dos capangas que foram apagados por irem contra a vontade de seu Lord, quem eles pensavam que eram para negar ou se irritar com a decisão do homem sobre quem tomaria conta de tudo? Apenas os mais fiéis e dedicados tiveram a honra de estar no ciclo próximo, os comensais da morte, como Voldemort os chamava.

Eles eram os subordinados que haviam demonstrado mais fidelidade, respeito e servidão as vontades daquele lunático! Um homem sem escrúpulos que não apenas traficava drogas, mas também fazia tráfico de humanos e de órgãos, sua lista de atrocidades é tão extensa que me dá nojo de descrever.

Rabicho depois de buscar seu mestre, o escoltou até um jato particular, onde eles viajariam de volta a sua antiga cidade, para tomar o controle de todo seu império, que estava sendo administrado porcamente, e que cada vez mais perdia seu terreno, a polícia estava destruindo todo o seu negócio.

***

Três homens entravam no prédio do Príncipe Mestiço, dirigindo-se para a passagem secreta, que resultava na sede da ordem.

Harry estava ansioso, não via a hora de conhecer aquelas pessoas, estava feliz. Também não conseguia deixar de olhar para Snape, a cada dia que passava, sua admiração aumentava por aquele homem. O conhecia a pouco tempo, mas sentia um grande amor por ele, como se sempre houvesse convivido com ele, um amor tão grande, que chegava perto de considerá-lo como um pai.

Chegaram na ordem, passaram pela quadra de treinamento, e andaram em direção a uma porta que dava acesso a uma espécie de sala de reunião, haviam algumas pessoas sentadas, e Harry pode reconhecer alguns rostos ali presentes, como o do menino da recepção que o atendera no primeiro dia, se não estava enganado, seu nome era Ronald.

Quando viram que o líder da ordem entrou na sala, todo o burburinho que acontecia cessou, o silêncio em respeito a presença do homem se fez presente.

Snape indicou duas cadeiras vazias para que Harry e Draco se acomodassem, e logo que sentaram, seguiu para a ponta da mesa começando seu anúncio assim que sentou.

- Boa tarde a todos! Eu gostaria de apresentar a vocês, oficialmente o mais novo membro da Fênix, o senhor Harry Potter. - o homem indicou o garoto, que levantou e fez um aceno com a cabeça de forma a cumprimentar a todos. - Conforme o memorando que eu enviei a todos, este é Harry, filho de Lily e James.

Cochichos se fizeram presentes, Harry pode distinguir algumas frases soltas como: filho dos Potter, achei que ele estivesse morto, eu gostava tanto dos seus pais.

- Silêncio, por favor! - Acataram a ordem. – Vocês terão tempo para conversar com o garoto, espero que vocês se deem bem. Harry, quer dizer algo?

- Eu apenas gostaria de agradecer a recepção de vocês, espero aprender muito com todos! - sorriu ao final de sua fala, um gesto simpático, que tinha como objetivo disfarçar sua vergonha por ser o centro das atenções.

- Seja bem-vindo! - Harry ouviu em uníssono.

- Draco, venha comigo a minha sala, eu esqueci alguns papéis lá. Fique à vontade Harry! - Dito isso saiu da sala com o afilhado, deixando Harry para conhecer os outros.

- Oi! Já nos conhecemos né? Eu sou o Ron. – Estendeu a mão e Harry o cumprimentou.

- Eu me lembro de você sim, que legal que você também é da ordem.

- Ah cara, minha família toda é, esses são meus pais, Arthur e Molly! - apresentou os pais, que deram um abraço apertado em Harry, na verdade só a mãe do ruivo o abraçou , o pai deu um cumprimento firme com a mão.

- Seja bem-vindo meu bem, se precisar de qualquer coisa, pode falar comigo, eu não participo muito da ação da organização não, mas eu e meu marido fornecemos as armas, roupas, transporte, enfim, tudo e qualquer coisa que precisar, é só falar com a gente.

- Obrigada senhora Weasley, fico feliz em saber.

- Vem, vou te apresentar aos outros, meus irmãos Fred e George estão em missão, você precisa conhecer eles, assim que eles retornarem eu te apresento – Rony falava de forma muito animada, apresentou todas as pessoas da sala a Harry, que obteve muitos sorrisos e conversas amenas para que ele se sentisse a vontade.

Quando Harry menos percebeu, Snape e Malfoy haviam retornado. Aconteceu uma rápida reunião, tendo algumas pautas abordadas, como os trabalhos da semana. Draco contou sobre os homens que invadiram sua casa em decorrência de sua última missão, houve uma comoção entre os membros preocupados com a segurança dos homens, mas foram tranquilizados quando ouviram que todos os envolvidos não dariam mais problemas, Harry ficava surpreso em como mortes e retalhações eram abordados de forma impessoal, ele sabia que a ordem trabalhava em prol das pessoas, mas ainda se sentia desconfortável com as situações mais violentas.

Em sua opinião, este mal estar se devia ao seu dom, onde ele conseguia sentir as emoções das pessoas ao ter uma visão, era algo diferente de uma empatia onde você se coloca no lugar da outra pessoa, Harry podia sentir o que a pessoa sentia no momento, como no caso da visão que teve da tortura do Draco, ele não sentiu o impacto do soco, mas a sensação de dor, chegou a seu corpo, mesmo que em menor escala a dor que ele devia ter sentido na hora, Potter sentiu o que Draco sofreu.

Harry ficaria na parte de estratégia, ele ajudaria Ron com o planejamento das missões. Como Severus encarregou Draco de ser seu guarda-costas, ele teria que conviver mais com o loiro, o que não se importou nem um pouco.

Malfoy depois da reunião, foi acompanhado de Potter para a área de treinamento, para que ele treinasse arduamente, espantou qualquer pensamento sobre o ocorrido de mais cedo que pudesse o distrair de seu trabalho. Harry até esqueceu dos beijos trocados, porque o loiro estava mais exigente que o outro dia, sem nenhuma pena ou remorso de bater se fosse necessário, humildemente achava que não estava melhorando em nada.

Nesse ritmo uma semana passou, de segunda a sexta Harry treinava com Malfoy, de forma que acreditou que não fosse sobreviver, dramático? Com toda a certeza. O ocorrido no apartamento de Harry não foi mais mencionado por parte de nenhum dos dois, Malfoy estava com seu padrinho em casa, eles não tiveram outra oportunidade de ficar a sós, Harry ia para o Príncipe de manhã e por pelo menos 2 horas depois do expediente treinavam.

Naquela semana nenhum incidente aconteceu, e nem uma missão na ordem também, Harry queria muito falar com Draco sobre o beijo, mas se sentia tímido em abordar o assunto, e como o loiro não mencionou mais nada, julgava que isto era devido a não ser importante para ele.

Uma semana de uma nova vida, nova experiência, havia este conflito em Harry com essa louca atração pelo assassino, mas preferiu guardar dentro de si, ele estava construindo uma relação familiar com Snape, e por Draco ser praticamente filho do homem, acreditava que era melhor ter ele ao seu lado como um amigo, do que arriscar um relacionamento, o que de verdade nem poderia nomear dessa forma, certo? O conhecia a pouquíssimo tempo, mas a atração física é assim mesmo, vem de forma avassaladora e inesperada.

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