Calafrio

Desculpas e o começo do treinamento

Finalmente o dia em que seu treinamento começaria havia chegado. Potter estava ansioso porque no dia seguinte a conversa que teve com Severus foi um pouco constrangedora para ele, ficou imaginando em casa que desculpa daria ao Malfoy por suas ações repentinas, não poderia falar sobre o que tinha visto, mas também não gostaria de mentir, detestava mentiras.

Assim que chegou em sua mesa, procurou o loiro o encontrando, não de forma inesperada, no cantinho do café, seguiu até ele e o cumprimentando de forma sem graça.

- Bom dia Malfoy! Podemos conversar por um instante? - não conseguia definir o que o outro estava pensando ou sentindo, definitivamente, ele era uma incógnita.

- Bom dia Potter! Eu também gostaria de conversar com você, sobre ontem...

- Me desculpe por ontem... – Harry interrompeu a frase que seria dita. – Meus pais foram mortos por um traficante também, eu apenas fiquei em choque, eu lembrei de algumas coisas dolorosas – o seu olhar foi direcionado para a cafeteira e decidiu pegar um café para si enquanto terminava seu pedido de desculpas - a maneira como eu reagi, você deve ter me achado um louco.

Draco analisou profundamente os olhos verdes de Harry, quase esquecendo-se de falar,

- Eu que deveria me desculpar com você Potter, contei sobre uma situação triste – dizia ao observar o outro terminar de se servir e levar a bebida a boca – não sei o porquê de eu ter resolvido te contar uma parte do meu passado, acho que é mais pelo fato de meu padrinho ter me contado sobre você - refletiu por um instante - mais sobre sua mãe, na verdade.

- Hum, pode ser, eu só não queria que você achasse que eu havia desprezado o seu passado ou algo assim, por eu ter saído correndo e chorando daquele jeito.

- Ah, eu não sabia porque você estava chorando, mas achei que você correu porque eu toquei em seu rosto, desculpe-me, eu apenas fiquei sem saber o que fazer.

Harry quase deixou seu queixo cair, imediatamente lembrou-se que depois de ver um Draco aos prantos, viu os dois em uma cena um tanto quanto íntima, imediatamente corou e evitou olhar para o escritor virando-se para a máquina de café colocando mais café em seu copo, quase chegando a boca do copo.

- Não se preocupe, isso não foi um problema – sua voz foi abaixando, mas Draco ainda pode ouvir o final da frase - absolutamente não é um problema.

Após a pequena conversa ambos seguiram para cumprir seus afazeres, Potter ia corrigir o manuscrito de Draco. Ele estava ansioso pra saber sobre o que o outro escrevia, ele era o principal escritor da editora e Snape designou especificamente Harry para lidar com o conteúdo produzido pelo loiro, que era muito exigente, praticamente todos os revisores morriam de medo de trabalhar nas obras dele. Então ninguém estranhava um novato como ele trabalhar diretamente com Draco Malfoy que possuía um pseudônimo bem diferente, Slytherin.

E o trabalho no escritório ocorreu de forma tranquila nos dias que se seguiram, e agora o moreno esperava ansioso. Finalmente a sexta chegara e logo após o expediente Potter esperava irrequieto um Malfoy.

- Pronto Potter?

- Sim Malfoy, Mas pra onde vamos?

- Me siga, vamos para o subsolo.

Draco começou a andar com Harry logo atrás, entraram em uma porta que estava identificada como um depósito.

O lugar era mal iluminado e cheio de poeira, alguns armários de arquivos estavam espalhados pelo lugar, assim como material de escritório e limpeza, o moreno já indagaria o que estavam fazendo naquele lugar, mas seus pensamentos foram cortados, diante dos seus olhos viu uma passagem secreta ser acionada após a combinação de alguns toques realizados nos tijolos gastos da parede.

- Snape me disse que a partir de hoje durante 3 horas depois que o nosso expediente acabar, eu treinarei você! - explicava entrando em um elevador que ficava no final de um corredor depois da passagem, Harry viu o elevador fechar e estava admirado com o outro. Qual será a sua função na ordem?

- Incrível! Você pessoalmente vai me treinar? Mais alguém do prédio trabalha pra ordem?

- Vou e sim! Mas não pense que só porque você é meu editor que eu vou pegar leve com você! - o elevador abriu e Draco indicou para que Harry saísse primeiro – E você não está aqui de férias! Acho bom levar seu treinamento a sério, se não você será um peso morto, ou pior, fará com que alguém seja morto!

Harry ficou estarrecido com a fala do outro, mas ele não estava lá de brincadeira, realmente iria se esforçar ao máximo!

- Eu não sei que você disse para o padrinho te aceitar – parou e encarou o outro – mas eu espero que você leve isso a sério!

- Não sei o que você pensa de mim Malfoy, - Harry se aproximou e enfrentou a postura rígida do outro – mas com toda a certeza eu não estou na Disney! Meus pais eram da Ordem, e eles foram mortos, por minha causa – Malfoy não esperava essa reação, mas a Ordem para ele era muito importante, era um meio para ele fazer justiça pelos pais e por todos aqueles que sofreram nas mãos de gente inescrupulosa e corrupta, era por isso que era o assassino número 1 da Fênix - o que eu mais quero é acabar com Voldemort!

O coração de Draco parou ao ouvir esse nome, desfez sua expressão de surpresa e mostrou um sorriso ao outro.

- Perfeito! Vou te ajudar!

Chegaram em uma ampla sala com todo tipo de equipamento para treino, havia uma área para combate corporal, para tiro, arco e flecha, até mesmo uma enfermaria existia. Harry ficou boquiaberto de ver algumas pessoas treinando, outras se recuperando, havia uma escada que dava acesso a um andar que parecia conter salas de reunião, uma biblioteca e computadores. Potter estava na sede da Ordem, e ficou extremamente animado com este fato.

- Primeiro vamos começar com defesa pessoal, depois trabalharemos ataque, desarme e algumas técnicas de combate. E quando eu julgar que você está razoável nesses campos, passaremos para manejo de armas brancas e de fogo!

- Por mim excelente, por onde começamos?

- Naquela porta atrás de você há um vestiário, seu armário é o de número 31, vista-se que iremos começar. - Falou estendendo uma chave com o número do armário.

Fez o que o outro indicou, ficando satisfeito em ver como praticamente tudo sobre sua entrada na Ordem estava organizada e estruturada, finalmente, estava mais perto de fazer justiça.