Capítulo 15 - Apaixonada

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As semanas passaram voando, de modo que logo chegou a época de entregar os trabalhos e atividades que os professores passaram. Haviam atividades práticas e teóricas, e todas elas tinham um peso diferente. Devido a isso, tanto eu quanto meus amigos estávamos muito atarefados. Além dos ensaios da peça, eu tinha as aulas de dança do programa de extensão, que estavam me fazendo tão bem que não ousei faltar uma aula sequer, mesmo estando cheia de coisas para fazer.

Dançar sempre foi muito terapêutico para mim, e muitas vezes foi a dança que me ajudou a sair do buraco causado pela forma como meus pais costumavam lidar comigo. Sem contar que a galera da dança contemporânea e do jazz era muito legal.

A professora gostou tanto da minha forma de dançar que me pediu para fazer um solo em uma apresentação de dança que teria fora da universidade.

Os alunos de uma faculdade vizinha resolveram fazer um evento beneficente em busca de verbas, pois o departamento de artes cênicas deles corria sério risco de fechar as portas. Os estudantes estavam desesperados. Com isso, eles se uniram para mostrar o que sabem fazer de melhor: teria exposição de quadros feitos pelos alunos e apresentações de teatro, canto e dança. Eu iria fazer um solo de dança contemporânea, e já tinha escolhido a música e começado a montar a coreografia, mas outros alunos da minha faculdade também foram chamados para se apresentar lá, inclusive Isis, que iria cantar.

Eles cobrariam um valor pela entrada para que pudessem levantar uma boa grana para salvar o departamento, e eu já havia doado uma pequena quantia para eles.

Elisa, Vicente e Ivan iriam para apoiar a faculdade e a mim e Isis. Nós não nos desgrudamos mais, o que acabou nos tornando um grupo inseparável. Vicente e eu não éramos bem um casal de namorados, mas agíamos como se fôssemos um. As vezes, eu dormia em seu apartamento e íamos juntos para a faculdade.

Meus pais não me pediram mais para visita-los, mas mamãe me mandava mensagens motivacionais quase todos os dias junto com figurinhas cafonas e gifs de bom dia e boa noite. Já meu pai, de vez em quando me mandava uma de suas mensagens "carinhosas" onde depositava tudo o que esperava de mim durante a semana de entrega de trabalhos. Como sempre, eu não o respondia.

Tirando essa parte, a minha vida ia muito bem. Eu tinha ótimos amigos, e um cara legal – que era bem chato as vezes – que me ajudava sempre que eu precisava. Minha vida estava corrida e o tempo livre era escasso, mas aprendi a gostar daquela rotina.

Porém, alguma coisa dentro de mim me dizia que algo ruim iria acontecer em breve. Eu tinha medo de pensar nisso, mas sabe quando você acorda com um pressentimento ruim? De vez em quando eu tinha umas sensações estranhas.

Eu sempre tentava ignorar, mas da última vez que me senti assim, meu gato morreu envenenado.

Então, antes de sair do meu dormitório, decidi pegar uns cristais que ganhei de Elisa. A colega de quarto de Isis fazia cordões com os cristais e também vendia alguns separados. Ela nos explicou para que servia cada um e Elisa nos deu alguns de presente. Alguns serviam para afastar as energias ruins. Eu o coloquei no pescoço e levei outros para colocar em cima da minha mesa.

— Você tá levando esse negócio muito a sério. — comentou Elisa para mim mais tarde, quando me viu colocando os cristais em cima da mesa no refeitório. Eu usava o cordão no pescoço, mas na minha concepção, quanto mais proteção, melhor.

— Nunca é demais ter alguns cristais a disposição. Eu tenho muito a temer ultimamente. — Lembrei do segredo que escondia dos meus pais. Se eu sentia mesmo um pressentimento ruim, só podia ter a ver com isso. Ou talvez eu fosse levar bomba em algum trabalho. De qualquer modo, eu fazia a minha parte para que nenhuma dessas coisas acontecessem.

Por trás da Máscara [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora