Meus pais demitiram o Danilo depois que souberam o que aconteceu e ainda garantiram que ele não me incomodaria mais. Fiquei surpresa com a atitude deles. Eu me sentia mais segura sabendo que não precisaria me preocupar mais com Danilo. Nem quis saber quais providências tomaram, só de saber que eu estava livre daquele encosto, pude respirar melhor.
Tirei nota máxima em todas as provas e agora me sentia entusiasmada com a peça de teatro, que iria acontecer naquele mesmo dia.
Infelizmente, nós não conseguimos salvar o departamento de artes cênicas da faculdade vizinha. Arrecadamos uma boa quantia de dinheiro, mas não o suficiente para bancar o departamento. Os estudantes agradeceram a todos que tentaram ajudar e estavam desolados desde então.
— Já decidiu se vai mesmo para a casa dos seus pais nas férias? — Isis perguntou enquanto nos encaminhávamos até o auditório onde a peça aconteceria. Estava ansiosa para ver meu camarim, mas suspirei fundo quando ela mencionou meus pais na conversa.
— Vou ter que voltar. Eles vão me perturbar se eu ficar no dormitório e eu não posso correr o risco de que venham até Niterói.
— Pelo menos eles não vão mais incomodar você em relação ao Danilo. — Elisa disse, com um sorriso receoso. Nós não gostávamos muito de tocar no nome do encosto, então decidi mudar de assunto.
— Nem acredito que sobrevivi ao primeiro período sem ser descoberta.
Era uma grande proeza para mim ter realizado essa conquista. Por mais que fosse meu objetivo, nunca pensei que fosse conseguir chegar tão longe.
— Vamos torcer para que continue assim.
Quando chegamos ao auditório, ele já estava lotado com todo o pessoal da equipe. Vicente também estava ali, já vestido com o seu primeiro figurino. Eu e Isis teríamos três trocas de roupa, e Vicente teria uma a mais que nós.
Ele estava lindo como sempre e só de olhar para seu rosto meu coração já acelerou.
Subi no palco pela escada lateral do auditório e cumprimentei Fabio, Cecília e o restante do pessoal que já estava ali.
Fui até meu camarim e tirei uma foto da porta. Tinha uma estrela que brilhava pregada nela e meu nome estava embaixo. Entrei no camarim dando gritinhos de empolgação e me joguei na cadeira que ficava em frente a um espelho cheio de lâmpadas de led. Coloquei minhas maquiagens ali e me maquiei. Eu nunca fui muito boa com make, o que me fez lembrar que Vicente, por incrível que pareça, tinha habilidade para a coisa.
Meus figurinos já estavam pendurados em uma arara no canto do cômodo, e eu passei a mão por eles, imaginando que eu estava em um grande show da Broadway ou algo assim.
Coloquei uma das roupas da minha personagem e comecei a flutuar e rodopiar pelo camarim, imaginando que eu estava em um teatro grande, cheio e famoso e que todos me aplaudiam de pé.
Ouvi batidas na porta que me tiraram do meu devaneio.
— Fabio quer falar conosco, já está quase na hora de começar. — avisou Elisa, utilizando um daqueles microfones sem fio. Ela segurava uma prancheta e já agia como uma verdadeira profissional.
Enquanto a seguia, eu pensava em como havia perdido a noção do tempo.
Fabio, Cecília e todos os alunos já estavam ali. Nós formamos uma roda para podermos ver e ouvir o que Fabio iria dizer.
— A peça vai começar dentro de vinte minutos. Quero vocês atentos e preparados nas laterais das coxias. Madalena, você vai ficar perto do Vicente naquele começo como combinamos. Vocês entram juntos no primeiro ato. — Assenti com a cabeça com as instruções de Fabio. Nós havíamos mudado a entrada de última hora, por isso ele enfatizava aquilo para nós. — Se concentrem e tentem não ficar muito nervosos. O show é de vocês! Quebrem a perna! — Ele nos dispensou bruscamente, e eu senti meu coração acelerar.
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Por trás da Máscara [CONCLUÍDA]
Chick-LitMaria Madalena Vitorino de Almeida - Ou Madalena/Madá para os íntimos - está empolgada por ser a caloura em uma das melhores Universidades de artes cênicas do Rio de Janeiro. Claro que ela estaria mais empolgada se não tivesse se inscrito no curso e...