Por trás da Máscara [CONCLUÍDA]

Capítulo 6 - Desafio

— O papel do antagonista me chamou mais atenção do que o do protagonista — constatou Isis, com um olhar reflexivo — Isso é normal?

— Absolutamente. — afirmei com certeza. O papel do protagonista era super legal, mas eu também tinha gostado de um dos outros cinco papéis principais, só que ele teria um romance com o protagonista principal e isso me incomodava um pouco. Sei que faz parte do trabalho ter que fazer cenas constrangedoras de beijo, mas isso ainda me deixava meio receosa.

A peça do Fabio era mais legal do que eu tinha imaginado. Era sobre um grupo de amigos de 1994 que achou uma passagem secreta que os levou para uma pandemia mortal em 2025, onde a única forma de se proteger era usando máscaras. Um grupo de patrulha acha os jovens perdidos e por estarem desrespeitando a quarentena, são caçados. Eles não são imunes aos efeitos da doença e logo ficam fracos. Achei bem legal.

Talvez não seja tão ruim não conseguir o papel do protagonista se eu conseguisse esse outro, mas não podia admitir que Vicente ou Adriana ficassem com o papel principal. Foi por isso que eu estudei tanto a peça e perturbei tanto o Fabio, que ele já não aguentava mais olhar para a minha cara.

Na aula de Escrita Dramática, eu só batia o pé de forma impaciente pois queria logo voltar a estudar os roteiros da peça. A professora tinha pedido para escrevermos uma pequena história para a gente encenar em sala. Não daria tempo de todo o mundo se apresentar, então ela dividiu a sala em dois grupos, um que apresentaria hoje e outro na próxima semana. Eu e Elisa ficamos para a próxima semana, mas Isis, Adriana e Vicente não.

A história de Isis era comovente. Ela era um passarinho enjaulado e representou muito bem a história que havia escrito. Porém, Adriana ficava soltando risinhos provocativos que me deixaram bem irritada.

A história de Vicente também fora criativa, mas eu nunca diria isso para ele. Vi que tinha tanto talento quanto a Isis e eu confesso que a sua história também me emocionou bastante. Claro que não deixei nenhuma emoção transparecer, mas sua história mexeu bastante comigo.

Quando foi a vez de Adriana, tive que me obrigar a prestar atenção. Ela era talentosa, mas percebi que havia semelhanças entre sua história e uma série de TV que eu já havia assistido. Acredito que a professora não tenha percebido, pois não disse nada.

No final da aula, eu decidi contar a Elisa o que eu tinha visto no corredor. Ela pareceu meio chateada, e ficou quieta pelo resto do caminho até o dormitório. Ela me dissera que Aline não tinha dado esperanças a ela, mas que mesmo assim, acabou se iludindo e criando um pouco de expectativa. Isso era bem chato.

Avistei Vicente parado na porta do nosso dormitório com a garota ruiva de mais cedo.

— O que seu primo tá fazendo na nossa porta com a Jean Grey? — Elisa gargalhou com a minha piadinha.

— Essa é uma ótima pergunta.

— Prima, a Renata queria ver o que você tem aí pra vender. — Vicente apontou para a ruiva com a cabeça. Ela era bem bonita, e eu fiquei me perguntando que tipo de garota ele preferia. As loiras peitudas como Nicole, ou as menos curvilíneas e de olhos claros como Renata. Ainda não tinha lhe visto com nenhuma garota de cabelos escuros, então deve ser por isso que ele vivia me dizendo que não faço o seu tipo. Não que eu ligue para ser o tipo de Vicente ou não, mas sempre pensei que fosse bonita. Ao ver tantas meninas lindas estudando aqui, minha autoestima ficava em frangalhos.

Elisa era revendedora de duas marcas famosas de cosméticos, e tinha começado a anunciar seus serviços recentemente. Muitas garotas vinham até ela para olhar revistas.

— Gente, eu vou pro meu quarto. Qualquer coisa, batam na porta ou mandem um zap. — disse Isis enquanto se despedia de nós.

— Entrem, fiquem à vontade. — Eu disse, entrando no quarto despejando sarcasmo. Vicente logo percebeu, pois ficou me olhando torto.