Capítulo 8 - A Onda Perfeita

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Ter aulas de surf era mais difícil do que eu pensava. Claro que seria ainda mais difícil praticar tudo o que eu estava aprendendo, mas eu não iria desistir. Vicente me largou com Rochedo e foi surfar com alguns amigos que ele conhecia e quando voltava para me ver, era para me observar e soltar uma gracinha.

Enquanto Rochedo tentava me explicar os princípios básicos do surf, eu estava deitada em cima de uma prancha na areia. Eu já tinha aprendido a posição correta de ficar na prancha, como remar e girar, e eu sabia que era questão de tempo até que Rochedo me mandasse para a água.

Quando o sol começou a castigar meu rosto, pensei em desistir. Porém, em determinado momento, me ocorreu que Vicente tinha proposto aquele passeio para me testar. De alguma forma, ele queria ver se eu tinha resistência para fazer algo difícil e estava contando com que eu falhasse.

Isso me deu forças para continuar.

— Você rema, e quando sentir que a onda está te levando, coloque as duas mãos paralelas na altura do peito e dobre o joelho da perna de trás apoiando a parte interna do pé na prancha. Depois, você empurra com as mãos e com os pés de trás, quase como se fosse fazer uma flexão, só que aí você passa o pé da frente por baixo do peito. Quer tentar? — Rochedo se abaixou, tampando o sol temporariamente. Quase desejei que ele ficasse naquela posição para sempre só pra fazer sombra. Fiz que sim com a cabeça.

Tentei fazer o que ele tinha me proposto, mas fiquei desajeitada. Se eu estava assim na areia, imagina quando eu fosse para a água. Eu nem sabia ficar em pé em uma prancha parada na areia! Eu serei um desastre e Vicente com certeza vai rir de mim pelo resto da vida.

Rochedo me fez repetir essa sequência várias vezes enquanto me ensinava a pegar a onda. Depois, para fortalecer meu braço, pediu para que eu continuasse remando deitada na prancha. Eu já não aguentava mais repetir aqueles exercícios, e estava quase pedindo para que Rochedo me mandasse logo para a água de uma vez.

— Draminha, você tá parecendo um camarão. — Vicente observou, parando na minha frente enquanto observava meu rosto fixamente. Gotículas de água caíam de seu cabelo. Ele correu para a direção da orla e retornou com um protetor solar na mão. — Toma, sei que você já passou, mas é sempre bom passar mais um pouco. — Peguei o frasco da mão dele, impressionada por sua preocupação. Passei o protetor por todo meu rosto sem me importar se minha cara estava branca demais.

Tentei entender bem tudo que Rochedo me explicava sobre o pico da onda, sobre remar e girar, pensando como colocaria tudo aquilo em prática. Observei Vicente e os outros caras surfando e cada vez mais se tornava impossível a ideia de que eu conseguiria fazer aquilo. Ficar em pé em cima da prancha já seria um milagre. Eu com certeza iria engolir um litro de água salgada tentando.

Depois de um bom tempo de aula, Rochedo me considerou capacitada para ir para a água. Meu coração estava acelerado, mas como a boa atriz que pretendo ser, por fora me armei de coragem e determinação.

— Antes de tentar pegar uma onda, tente só remar e girar. — Rochedo me instruiu, indo para a água junto comigo com a sua própria prancha.

— Não me decepcione, Draminha! — Vicente exclamou, quando me aproximei. Subi na prancha com dificuldade. Vicente e mais três amigos estavam conversando, cada um sentado em sua prancha. Eles se encontravam afastados do ponto onde a onda quebrava, e pareciam estar apenas descansando.

— Por que Draminha? — Luiz, um dos amigos de Vicente, perguntou para ele. Luiz era negro e tinha um cabelo crespo lindíssimo.

— A Madalena é a rainha do drama na nossa faculdade. — Me sentei na prancha e joguei água na cara dele. O mar balançava a prancha de um lado para o outro.

Por trás da Máscara [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora