Capítulo 21 - Férias

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Voltar para casa foi mais difícil do que pensei que seria. O trajeto demorou mais do que o normal devido ao trânsito congestionado por conta de um acidente que ocorreu em uma rodovia. Eu já estava de saco cheio da viagem e teria suspirado de alívio quando vi que tínhamos chegado em Itaocara se meus pais fossem pessoas normais.

De qualquer forma, eu tinha que enfrenta-los, então foi o que eu fiz quando saí do carro e entrei no condomínio. Mamãe me surpreendeu ao se jogar em meus braços e derramar algumas lágrimas.

— Perdão, meu amor! — Minha mãe exclamou, de forma dramática. — Se nós soubéssemos que o Danilo iria fazer isso, eu nunca teria o encorajado.

Meu sangue ferveu.

— Acontece que vocês sabiam que ele era assim, não venha fazer a egípcia.

— Nós realmente sentimos muito por tudo. — Meu pai apareceu no mesmo momento. Os olhos que costumavam me encarar com frieza pareciam tomados por arrependimento.

Ótimo.

— Por que acreditaram em mim dessa vez? — Cruzei os braços, sem me comover com as lágrimas de minha mãe e o olhar arrependido do meu pai.

— Um cara chamado Peixoto ligou para cá e disse o que aconteceu. Depois, quando falamos com você ao telefone e vimos o quão nervosa estava, percebemos que erramos feio com o Danilo. — Fiquei em choque com aquela informação.

Peixoto era o sobrenome de Vicente. O que ele falara para meus pais? E como ele conseguiu o número deles?

— Então vocês só acreditaram em mim por causa de uma testemunha?

— O que importa é que você está segura e que o Danilo nunca mais irá te ferir. — disse mamãe, ainda chorando copiosamente e ignorando solenemente a minha pergunta.

— Onde está a Candinha?

— Foi levar a filha no médico. Ela está com uma crise forte de bronquite. Se estiver melhor, amanhã Candinha estará conosco novamente. — respondeu meu pai. Ele até parecia gentil, mas eu não me deixei enganar por sua carinha de culpado.

— Você mudou seu estilo por causa do Danilo? — Minha mãe fez a pergunta, olhando para meu All Star preto e subindo os olhos lentamente pela minha calça jeans escura e minha camiseta preta.

— Não, só estou mudando de ares.

— Ah...

— Se não se importarem, eu vou subir. Estou cansada da viagem.

— Tudo bem. Quando o almoço estiver pronto, eu te chamo. — Só agora percebi que minha mãe usava um avental na cintura.

— Você vai cozinhar? — perguntei, estranhando aquilo. Minha mãe sabe cozinhar muito bem, mas sempre preferiu deixar essa tarefa nas mãos de outras pessoas.

— Sim, espero que ainda goste da minha lasanha.

— Eu sempre vou gostar da sua lasanha. — dei um sorriso para minha mãe e subi para meu quarto, onde joguei a minha bolsa de qualquer jeito no chão, peguei meu celular e me deitei.

Fui checar as notificações do Instagram e vi que Vicente havia me marcado em um storie. Ele postou a foto que Fabio havia tirado depois da peça. Nós estávamos abraçados. Eu não havia reparado na expressão de Vicente, mas ele estava com um sorriso muito bonito. Na legenda da foto, estava escrito "Draminha e eu demos um show". Fiquei boba com aquilo e passei para o próximo storie. Ele estava em uma balada e parecia bêbado. O vídeo tremia e o barulho ensurdecedor me fez abaixar o volume. Vicente estava com alguns amigos falando merda e fazendo palhaçadas. O próximo storie era de hoje de manhã, de uma paisagem urbana, provavelmente de sua casa, com a legenda frio + ressaca.

Por trás da Máscara [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora