Capítulo 32 "Sofrimento real"

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Sua mãe estar ali não fazia parte dos planos. Marisa encarou todos no quarto, querendo uma boa explicação para o que estava vendo.
Rodrigo: “Mãe?!”
Christian/Lucas/Miguel: “Marisa!!”
Marisa: “Que bonito, hein? Saio e fazem essa reunião aqui.”
Rodrigo: “Mãe, não é…”
Marisa: “Rodrigo, eu me descabelando preocupada com você e você faz isso?!”
Christian: “Dona Marisa, nós…”
Marisa: “Você também Christian? Eu confiei em você. Você me traiu, achei que você fosse diferente, mas estava enganada.”
Lucas: “Marisa, dessa vez…”
Marisa: “Ah sim, tinha esquecido. O causador de toda a desgraça e de levar meu filho pro mau caminho. Seu maldito, filho de uma puta! Não poderia deixar meu bebê em paz, não é? Tinha que voltar e estragar tudo de novo. Sabe o quanto ele sofreu? O quanto chorou? Dos pesadelos constantes? De como foi complicado para fazer ele voltar a viver?”
Lucas sentia ódio dela. Rodrigo havia comentado algumas coisas, mas ouvir a mãe dele falando tudo aquilo, foi como um soco atrás de outro.
Lucas: “Sabe muito bem que fui obrigado a me afastar dele!”
Marisa: “Você abusou do meu filho!”
Lucas: “Eu amava o seu filho!! Nunca toquei nele!” disse, exaltado. 
Marisa: “O que sabe sobre amor? Sei que gays trocam de parceiros várias vezes, não quero isso para o meu filho!”
Aquilo foi a gota d’água para Lucas, Marisa passou dos limites. Antes de fazer algo pelo qual pudesse se arrepender, Lucas decidiu sair do quarto.
Marisa: “Isso! Foge, como da outra vez!”
Christian: “Dona Marisa, se acalme! O Lucas é uma ótima pessoa.”
Marisa: “Você também, não é, Christian?”
Christian: “Sou gay, se a senhora quer saber. E sou uma pessoa normal.”
Marisa: “Patético! E você aí?”, disse apontando para Miguel.
Miguel: “Também.”
Marisa: “Meu Deus, mas todos estão malucos, é isso?”
Rodrigo: “Mãe, por favor, para!”
Marisa: “Rodrigo querido, pelo que falei com sua psicóloga, você não transou com mais ninguém. É uma recaída, é isso?”
Rodrigo: “Mãe, para!” 
Rodrigo já estava em prantos. Ele não podia se alterar assim, ainda estava se recuperando da cirurgia. Christian queria acabar com aquele bate boca. Sabia que não faria bem a Rodrigo. 
Christian: “Acho melhor a senhora se acalmar! Não vê como o Rodrigo está? Isso não faz bem pra ele!”
Marisa: “Como é? Quer me ensinar a cuidar do meu próprio filho?!”
      Marisa estava mais e mais exaltada, já falando alto demais.
Christian: “Por favor dona Marisa, não vê que isso faz mal pra ele? Se acalme!”
Marisa: "Não se atreva a me dizer o que fazer! Nem a me ensinar como cuidar do meu filho", disse, gritando. 
Rodrigo: "JÁ CHEGA! EU NÃO AGUENTO MAIS!!", gritou, aos prantos.
Miguel correu e o abraçou, com cuidado para não machucá-lo ainda mais, na intenção de o acalmar. 
Christian: "Olha o que a senhora está fazendo! É melhor sair e esfriar a cabeça!"
Nesse momento, uma enfermeira entrou no quarto por causa dos gritos e foi checar Rodrigo. 
Enfermeira: "O paciente não pode se alterar assim! Vocês não sabem disso? O quarto está muito cheio, fiquem apenas duas pessoas, por favor."
Rodrigo segurou firme na mão de Miguel, o olhou aterrorizado, como se implorasse para que não o deixasse sozinho. 
Miguel: "Eu vou ficar com ele.", disse com firmeza.
Marisa: "Então você prefere esses... essas aberrações do que a sua própria mãe?!", disse, incrédula. 
Rodrigo: "Não é isso, mãe! Por favor..."
Marisa: "Já entendi! Eu saio daqui e da sua vida também!"
    Miguel olhou assustado para Christian. Será que era isso mesmo que eles estavam entendendo? 
Rodrigo: "O quê? O que quer dizer?"
Marisa: "Você não tem mais casa, não tem mais mãe. Fique com eles, já que os prefere!"
     Christian correu e segurou Marisa pelo braço. Ela olhou para mão dele em si, depois olhou para o rosto dele com desprezo e puxou o braço. 
Christian: "Não faça isso, senhora! Nós saímos se for o que quer..."
      Rodrigo chorava copiosamente, Miguel o amparava chorando também.
Rodrigo: "Mamãe... Por favor..."
     Marisa olhou novamente para Christian e ameaçou:
Marisa: "Vocês vão se arrepender.", disse e saiu do quarto.
Rodrigo: "O quê… O que eu vou fazer agora?" disse em desespero.
       Christian se sentou ao lado de Rodrigo, segurou a mão dele.
Christian: “Não se preocupe, você pode ficar na minha casa. Não chore… vamos cuidar de você.”
    Rodrigo não conseguia responder. Se sentia envergonhado, sozinho. Mesmo com Christian e Miguel ao seu lado.
Enfermeira: "É melhor eu dar um sedativo, vou falar com o médico de plantão, ele está muito agitado, isso não é bom.", saiu indo procurar o médico.
Christian: “Miguel, por favor fica com o Rodrigo, preciso sair um instante para tomar um ar.”
    Miguel fez um leve aceno de cabeça, enquanto se sentava novamente na cama perto de Rodrigo, iria tentar acalmar o mais novo. Aquela discussão fez com que Christian, que sempre era controlado, perdesse o controle. “Como pode falar tanta merda, com o filho naquele estado?” pensou. 
    Ao sair do quarto, Christian deu de cara com Guilherme, escorado na parede externa do quarto.
Christian: “O que faz aqui?!”
Guilherme: “Eu queria me des…”
Christian: “Você escolheu uma péssima hora!” interrompeu.

    “Guilherme acordou quando Lucas levantou, tinha ouvido um pouco da conversa dele com Miguel e se sentiu arrependido. Estava sofrendo com a possibilidade de Rodrigo prestar queixa contra ele, principalmente por ele ser menor de idade. 
Passou o dia com o estômago embrulhado devido ao nervosismo. Não parava de pensar em porquê Lucas não deixou nenhuma mensagem, nem tentou entrar em contato, mas não iria julgá-lo. “Quem iria querer ficar com um desequilibrado como eu?”, seus pensamentos o deixavam cada vez mais chateado. Depois da discussão horrível que tivera com Lucas e do seu segredo mais obscuro ter sido revelado, ele não tinha mais nada a perder. Entretanto, sentia remorso pelo que fez, já que Rodrigo não teve culpa de nada. 
Na manhã seguinte decidiu ir no hospital. Mesmo que fosse preso, ao menos teria a consciência limpa por ter ido falar com Rodrigo.
    Chegando no hospital, viu uma silhueta conhecida, percebeu que era Lucas e seguiu o mais velho até o quarto de Rodrigo. Lá, ouviu toda a história e ficou sabendo da verdade sobre o passado entre Rodrigo e Lucas. Guilherme se sentiu sendo enxerido por escutar a conversa deles assim, a sensação piorou quando viu uma mulher se aproximando do quarto com o rosto muito parecido com o do Rodrigo.
Marisa: “É amigo do Rodrigo, querido?”
Guilherme: “Não senhora, só estou perdido.”
Marisa: “Quer uma ajuda?”
Guilherme: “Não, não precisa. Muito obrigado.
    Guilherme disfarçou e foi em outra direção. Após Marisa entrar, ele caminhou rápido para ouvir novamente a conversa.
Rodrigo: “Parem vocês dois, não quero que o Lucas fique com problemas por minha causa.”
Marisa: “Eu ouvi direito? Não quer que o Lucas fique com problemas?”
      Guilherme achou estranho o silêncio no quarto. Mas  a discussão começou logo em seguida. Pensava seriamente em entrar no quarto e parar com tudo aquilo, até que ouviu passos e saiu novamente de perto da porta.
    Lucas estava com tanta raiva que sequer reparou que passou do lado de Guilherme. Pelo que Guilherme havia ouvido, não era o melhor momento de falar com o mais velho, que aparentemente estava com os nervos à flor da pele.
    Assim, Guilherme ficou ouvindo o resto da discussão, do lado de fora, no corredor vazio. Ele viu Marisa saindo do quarto e ouviu o choro de Rodrigo. Quando ele ouviu passos novamente, se escorou na parede, agora não iria mais fugir.

Christian: “Então, vou perguntar de novo, o que está fazendo aqui?”
Guilherme: “Vim me desculpar pelo que fiz.”
Christian: “Você não é bem-vindo. E esse não é o melhor momento.”
Guilherme: “Mas eu preciso…”
Christian: “Precisa do quê? Você já fodeu com tudo! Nem precisava vir aqui!”
Guilherme: “Chris, sei que errei, mas…”
Christian: “Christian. Nunca tivemos esse nível de intimidade.”
        Guilherme se ressentiu com o modo bruto de Christian, mas sabia que merecia isso.
Guilherme: “Christian, desculpe. Eu só quero me desculpar. Prometo não aparecer mais na frente de nenhum de vocês.”
Christian: “Uma proposta muito interessante.”
Guilherme: “Então, posso entrar no quarto?”
Christian: “Eu já disse que não é o melhor momento.”
Guilherme: “Eu falei, eu só quero…”
Christian: “E eu disse que não é o melhor momento, que parte você não entendeu?!”
Guilherme: “Tudo bem, eu vou embora.”
Christian: “É o melhor que você faz.”

Intensidade [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora