Capítulo 86 "Não consigo respirar"

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Guilherme caminhava o mais devagar que conseguia e enquanto isso, pensava e pensava, mas não conseguia achar um jeito de resolver a questão. Cogitou pedir demissão, afinal, ele não precisava trabalhar, fazia isso mais por hobby mesmo. Mas se não trabalhasse, se não tivesse algo para fazer todos os dias, o que faria da sua vida vazia, sem sentido e... sem amor? 
      Toca o telefone, Caliman atende.
Caliman: "QUEM??!!"
Lucas: "O que foi?!", disse, assustado. 
      Caliman estava pálido e as palavras pareciam estar presas em sua garganta. Lucas levantou-se rapidamente e foi até ele, preocupado.
Lucas: "Fala!"
Caliman: "An... Andrey!"
        O corpo de Rodrigo tremia e sua cabeça latejava, nunca antes em sua vida ele havia sentido algo tão intenso assim. Medo, desespero, amor e ódio... Tudo tão misturado e enraizado nele, de uma forma que ele não podia raciocinar e quase não conseguia mais respirar. Tentava ao máximo se controlar para não cair nas provocações de Andrey, que continuava a falar com todos fingindo ser muito agradável e simpático.
     De repente,  Caliman chega à recepção junto com Lucas. Rodrigo olha na direção dos dois com um olhar de agonia, como que implorando por salvação.
Andrey: "Olha ele aí!", disse enquanto andava em direção à Caliman. 
      Andrey colocou as duas mãos no pescoço de Caliman, que permaneceu imóvel, e então beijou a testa dele. Cego de ciúmes, Rodrigo quis avançar em Andrey, mas foi contido por Lucas que correu para perto do mais novo, já imaginando o que poderia acontecer.
Lucas: "Digo, se controla!", sussurrou.
Rodrigo: "Não posso mais!", disse em tom baixo, com a voz trêmula.
      Nesse momento, Guilherme chega na recepção, vê todo aquele circo armado, então se aproxima de Caliman, ainda sendo segurado por Andrey. 
Guilherme: "Precisa de ajuda aí?", sussurra para o amigo.
       Todas as pessoas que estavam ali, não percebiam o clima de tensão, inclusive Christian e Miguel foram enganados pela história de "contos de fadas" que Andrey contava.
Rodrigo: "Eu... não consigo respirar...", sussurrou para Lucas.
      Lucas olhou para Guilherme, que imediatamente entendeu o que estava acontecendo e acenou a cabeça para Lucas, como se dissesse "Eu te dou cobertura". Disfarçadamente, Lucas tira Rodrigo dali. O mais novo estava tão alterado que parecia estar tendo um ataque de pânico, Lucas sabia disso porque já tinha visto Guilherme do mesmo jeito antes. Pensou rápido e acabou levando Rodrigo para o CPD, sabia que ninguém os acharia ali, exceto Guilherme. Colocou Rodrigo sentado no chão e se ajoelhou na frente dele.
Lucas: "Respira! Calma, Digo!"
      Fechou os olhos e tentou ao máximo se acalmar, respirando fundo.
Lucas: "Isso, muito bem.", apoiava o amigo.
     Caliman olhava para os lados, parecia que estava em um mundo paralelo, todos sorrindo, parabenizando ele por ter um marido tão simpático e atencioso, quando na verdade, Caliman estava mergulhado no inferno, dia após dia, sem saber como se livrar do demônio. 
        De repente, munido de uma força que ele não sabe de onde veio,  se solta de Andrey e as palavras começam a brotar de sua boca, sem controle:
Caliman: "Ele não é meu marido!!", gritou.
       Silêncio total. 
Caliman: "Ele é casado sim, mas não é comigo."
Andrey: "Cal... para com isso...", disse sem jeito.
Caliman: "Você não vai mais me intimidar! Agora todo mundo já sabe, não tenho mais porquê ter medo de você me expor aqui!"
        Caliman ofegava e suava mas era de alívio. Sentiu medo de ser exposto por Andrey por tanto tempo! Agora finalmente estava livre, Andrey não tinha mais com o quê chantagear ele.
     A falsa expressão simpática no rosto de Andrey desapareceu e seu verdadeiro eu voltou, como se ele estivesse realmente possuído.
Andrey: "Já que estamos falando as verdades, jogando tudo no ventilador, ainda falta uma parte da história!", disse com sarcasmo. 
       Nesse momento Caliman se tocou que ainda não estava totalmente livre! Olhou para os lados à procura de Rodrigo, mas não o achou.
Guilherme: "Você não acha que já deu show demais, não? Aqui é nosso local de trabalho!", disse, tentando encerrar a conversa.
Andrey: "Você ainda não viu nada!", disse entre os dentes, com uma expressão horripilante.
       Os funcionários ao redor estavam divididos diante daquela cena, mas Christian, sendo mais velho e mais experiente, sabia bem no que tudo aquilo ia dar se não parassem imediatamente.
Christian: "Bom, aqui não é o local pra isso. Andrey, por favor, vá embora.", disse com firmeza.
       Andrey se voltou para Christian e deu uma gargalhada.
Andrey: "Você é tão idiota..."
Christian: "O quê?! Saia daqui AGORA!"
      Nesse momento, dois homens da segurança chegaram e se posicionaram atrás de Andrey, Guilherme os chamou, porque sabia que seria preciso. Não tendo escapatória, Andrey resolveu ir com eles, mas não sem antes dar mais um olhar fuzilante para Caliman.
Guilherme: "Não deixem mais esse filho da puta entrar no prédio! É uma ordem!", disse aos seguranças e continuou: "E se ele ligar, pode desligar na cara dele!", falou com a recepcionista.
       Todos acataram as ordens de Guilherme, já que ele é irmão do chefe. 
        Assim que Andrey e os seguranças entraram no elevador, Caliman perdeu as forças, suas pernas amoleceram. Guilherme puxou uma cadeira e o ajudou a sentar. Respirou fundo por poucos minutos depois olhou para as pessoas ao redor dele, que ainda estavam em silêncio. 
Caliman: "Me desculpem por isso."
Christian: "Tudo bem.", disse indo em direção à ele e continuou: "Não é melhor tirar o dia de folga?"
Caliman: "Obrigado, mas prefiro ficar aqui, trabalhar distrai a mente.", disse, com a cabeça baixa.
Guilherme: "Vamos pra nossa sala, lá você descansa melhor. Vamos deixar o pessoal trabalhar."
        Se levantaram e foram caminhando até a sala deles.
Caliman: "E o Rodrigo?", sussurrou.
Guilherme: "O Lucas está com ele, não se preocupe."
       Rodrigo parecia mais calmo, mas Lucas sabia que ele ainda estava mal.
Lucas: "Digo, você precisa resolver essa situação, sério."
Rodrigo: "Eu sei! Eu quero! Mas..."
Lucas: "Tudo bem, não vamos falar disso agora, melhor você se acalmar, precisamos sair daqui."
Rodrigo: "Na minha vida, sempre que um segredo é descoberto eu perco alguém. Quando descobriram sobre nós dois no passado, eu perdi você, te levaram pra longe. Aquele dia no hospital, quando minha mãe descobriu tudo, eu perdi minha família..." suspirou e continuou: "Se todos souberem que eu amo o Caio... tenho medo do que pode acontecer!"
      Christian e Miguel entram na sala e fecham a porta. 
Miguel: "Que babado!"
Christian: "Fiquei muito surpreso com essa história toda."
Miguel: "Chris, cadê o Rô? No meio da confusão nem percebi que ele sumiu."
Chris: "Ele deve estar com o Lucas."
     Miguel abraça Christian por trás, depois o vira e dá um selinho no mais velho. 
Miguel: "Você perdeu o controle ontem, hein?"
Christian: "O quê? Como assim?"
Miguel: "Não lembra de ontem?! Fala sério!", disse e então deu uma gargalhada.
        Christian fez uma expressão de surpresa, parecia que realmente não se lembrava de nada.
Miguel: "Você e o Rodrigo transaram.".
Christian: "O QUÊ??!!", gritou.
       Miguel começou a rir, não conseguia parar, deixando Christian sem entender nada.
Christian: "Do quê você tá rindo?! Eu não me lembro de ter feito isso!"
Miguel: "Calma, calma! Eu tô só brincando. Você transou comigo, eu dei um jeito no Rô, porque ele estava louco!"
        Christian respirou aliviado.
Miguel: "Eu sabia que você jamais iria se perdoar, não deixei você fazer isso."
          Christian olhou para Miguel com ternura e passou a mão no rosto dele.
Christian: "Eu te amo, sabia?"
          Miguel puxou Christian pelo colarinho e o beijou, suas línguas se tocaram e então começaram a suspirar baixo. Seus corpos já estavam tão acostumados um com o outro, que com um simples beijo já acendiam. Christian o puxou para mais perto, o segurando pela cintura, o encaixe era perfeito. Miguel gemeu ao sentir a ereção do outro na sua coxa e sem se importar por estarem na empresa, desceu a mão e tocou por cima da calça, fazendo Christian estremecer.
Christian: "Aqui não...", sussurrou.
         Mas Miguel não obedeceu, empurrou Christian na mesa, para que ficasse apoiado, então se ajoelhou e começou a desabotoar a calça do mais velho. Sedento por sentir a boca do outro em si, não protestou mais, deixou Miguel fazer o que bem queria.
          O mais novo já começou engolindo tudo, com movimentos rápidos, não queria dar à Christian tempo de pensar e querer parar por estarem na empresa.
Christian: "Miguel... assim... eu vou..."

Intensidade [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora