Christian achou ter ouvido uma voz conhecida e acordou assustado. Tudo piorou, ao ver que Rodrigo estava abraçado em si e Miguel bravo na porta. Os dois se entreolharam, Miguel com o semblante fechado e um olhar de desprezo. Christian falou a primeira coisa que veio em sua mente.
Christian: “Não é o que você está pensando!!”
Miguel revirou os olhos e saiu do quarto batendo a porta. Christian levantou rapidamente da cama e foi atrás dele, deixando Rodrigo que ainda estava acordando.
Rodrigo: “Bom di…”
Christian: “Já volto!”, disse já na porta.
Christian foi atrás de Miguel, sem se importar com o que estava vestindo. “Vai ser difícil aquele cabeça dura me escutar!”, pensou. Teria uma enorme dor de cabeça para fazer Miguel escutá-lo.
Christian: “Miguel, espera!”, gritou no meio da rua.
Miguel: “Esperar pra quê? Não quero atrapalhar! De boa!”
Christian: “Sei que não está, te conheço muito bem.”
Miguel: “Se conhecesse, saberia que eu não suporto traição!”, disse, chamando atenção dos vizinhos, o deixando constrangido.
Christian: “Podemos entrar, por favor?”, disse, apontando para si, estava somente com a bermuda do pijama.
Miguel: “Ok.” disse contra sua vontade, mas era melhor do que ter aquela plateia para os dois.
Voltando para dentro de casa, Miguel notou que Rodrigo estava sentado na sala observando os dois com uma feição assustada. Christian deixou os dois na sala e foi fazer um café na cozinha, sentia que a conversa seria demorada.
Rodrigo: “Desculpe.”, disse em um tom quase inaudível, sem encarar o outro.
Miguel: “Pelo que está se desculpando?”
Rodrigo: “Por tudo.”
Miguel: “Especifique o tudo.”
Rodrigo: “Eu gosto muito do Chris… e de você. Sabe disso, não é? Nunca deixei de gostar.”, disse de uma vez só, deixando Miguel curioso com essa atitude.
Miguel: “Por que esperou que eu desistisse para falar isso?”
Rodrigo: “Você desistiu?!” se assustou.
Christian: “Na verdade, o Miguel pensou que talvez tivesse uma chance de ficarmos juntos.”, disse, se sentando na sala junto dos outros dois, havia trazido café da manhã para ambos.
Miguel: “Quando você veio pra cá, eu esperei que falasse algo de novo. Como fez aquela vez na empresa.”
Rodrigo: “Mas vocês deixaram claro que não queriam nada comigo. E depois vi vocês dois juntos. Pensei que… não havia mais espaço pra mim.”
Christian: “Antes de mais nada, quero esclarecer uma coisa. Nós não dormimos juntos.”
Miguel: “Sei...”, disse olhando desconfiado para o mais velho.
Christian: “É sério. Você sabe como eu penso e como foi difícil aceitar tudo.”
Miguel: “Sim, por isso, imagina a surpresa que eu tive quando vi vocês dois abraçados na cama!” disse, levantando-se do sofá.
Rodrigo: “Ele está falando a verdade, Miguel. A culpa é minha, não fica bravo com o Chris.”
Miguel virou-se para encarar Rodrigo.
Miguel: “Como assim a culpa é sua?”
Rodrigo: “Eu…”
Christian colocou a mão no ombro de Rodrigo, e o interrompeu.
Christian: “Nós nos beijamos, foi isso que aconteceu. Nada além do que já fizemos antes.”
Rodrigo olhou para Christian, se sentiu seguro com as palavras do outro. Finalmente estava tudo esclarecido.
Miguel olhava para os dois. Ao mesmo tempo que sentia uma pitada de ciúmes, também se sentia feliz por eles terem se entendido.
Rodrigo: “Você acredita, Miguel?” disse, estendendo a mão para ele.
Miguel segurou a mão de Rodrigo e sorriu. Rodrigo respirou aliviado. Christian passou a mão na cabeça, um peso havia saído de suas costas.
Miguel: “Há algum tempo conversei com o Chris sobre relacionamentos poliamorosos e como funcionam. Queria convencê-lo que seria algo bom pra gente. Quando nós três nos beijamos, foi algo tão intenso, tão diferente...”, disse olhando para Rodrigo que estava um pouco corado pela recordação.
Christian: “É, mas e aquele papo de não ter ciúmes? Era história?”
Miguel: “Xiu! Me deixa continuar!”
Christian se limitou a revirar os olhos e ficar ouvindo Miguel falar para Rodrigo os mesmos argumentos que haviam discutido naquele dia em que dormiram juntos pela primeira vez. Rodrigo tentava acompanhar Miguel no assunto, mas não deixava de ter suas dúvidas sobre como o relacionamento iria funcionar, mal tinha estado em um relacionamento fixo com uma pessoa.
Rodrigo: “Então, quer dizer que vamos nos relacionar ao mesmo tempo? Os três?”
Miguel: “Isso.”
Rodrigo: “E que não vai haver ciúmes?”
Miguel: “O melhor é que não haja ciúmes. Pra isso, é importante compartilharmos nosso dia a dia e alguns momentos entre nós.”
Rodrigo: “Hum...”
Christian: “Vai dar tudo certo, pequeno gafanhoto.”
Rodrigo: “Ok, mas e quanto ao sexo?”
Miguel: “Bem…”, ainda não havia pensado nisso, algo que iria pesquisar depois, se os dois concordassem com o relacionamento.
Christian: “Fora de cogitação!”
Rodrigo: “O quê?! Mas e ontem…”
Miguel: “O que aconteceu ontem?!” interrompeu. “Vocês acabaram de dizer que só se beijaram!”
Christian: “Sim, mas a coisa quase saiu do controle.”
Miguel sentiu ciúmes e muito. Mas precisava se controlar, não iria deixar que os dois percebessem.
Miguel: “Certo, conversamos sobre isso depois.”
Christian: “Concordo.”
Rodrigo: “Por que não podemos conversar e esclarecer tudo de uma vez? Eu quero tentar ficar com vocês dois, mesmo que isso seja injusto.”
Miguel: “O que é injusto?”
Rodrigo: “Eu vi vocês se beijando várias vezes e sei o que vocês faziam…”
Christian: “Bem, vou ser sincero que não conseguimos resistir… mas eu tentei muito! Sei que não justifica, mas você sabe como é querer uma pessoa e não poder ter?
Rodrigo: “Sei bem como é essa sensação…”
Christian parou de falar por um instante. Claro que Rodrigo conhecia muito bem esse sentimento. Olhou para o garoto com um olhar terno, ele sabia que havia feito Rodrigo sofrer, mesmo sem ter essa intenção.
Christian: “Seu afastamento também foi difícil pra nós. Algumas noites, o Miguel chorava, ficava inconsolável quando você se trancava no quarto.”
Rodrigo olhou para Miguel e abaixou a cabeça como se estivesse com vergonha do que havia feito. Christian iria ser franco e dizer algumas verdades para os dois garotos.
Christian: “Eu acho interessante essa ideia de poliamor, espero sinceramente que dê certo, mas acho melhor não contarmos isso pra ninguém.”
Rodrigo: “Por quê?”
Christian: “O que as pessoas iriam pensar?”
Miguel: “Quanto a essa questão, ele está certo. Você nem tem 18 anos, Rodrigo.”
Rodrigo: “E a idade é empecilho pra ser feliz?”
Christian: “Infelizmente, na sociedade em que vivemos, sim. Mas como havia dito, podemos tentar.”
Rodrigo: “Tudo bem, só estou um pouco inseguro.”
Miguel: “Vamos estar aqui com você; se não eu, com certeza o Chris.”, disse olhando para o mais velho que acenou em concordância.
Christian: “Deixe as coisas acontecerem, tudo tem seu tempo, pequeno gafanhoto.”
Rodrigo riu sem graça, mas o sorriso que permaneceu em seu rosto era verdadeiro. Os mais velhos analisavam o comportamento do mais novo entre eles e se entreolharam.
Rodrigo: “Afinal, o que nós somos?”
Era uma pergunta vaga, mas com tantos significados. Mesmo tendo acabado de discutir toda situação, Rodrigo ainda não tinha certeza. Tudo parecia muito surreal.
Rodrigo: “Sei que vocês dois aceitam a relação e que vamos poder ficar os três juntos, mas não vou poder tocar no Chris sem você? Ou só você vai poder? Estou confuso.”
Rodrigo sabia dos sentimentos de Christian pelo que haviam conversado na noite anterior, mas queria saber de Miguel dos beijos entre eles e o que ele sentia. Para surpresa do mais novo, Miguel começou a falar características de Rodrigo que o deixavam encantado, como: repetiu frases que ele costumava dizer, o modo como ele mexia os ombros e gesticulava muito com seus braços e mãos, a cara feia quando estava irritado e principalmente sua risada.
Miguel não se limitou, comentou de pequenos detalhes, aqueles que Rodrigo nunca pensou que alguém notaria. Como a forma que ele apertava o canto dos olhos e erguia o lábio de forma estranha quando estava nervoso, como ele arqueava as sobrancelhas em um movimento rápido em deboche, e até mesmo aquele sorriso fofo de canto, que Rodrigo só dava quando olhava para Christian e para si. Ninguém nunca notava que Rodrigo tinha esses costumes, mas Miguel sim.
Miguel: “Como você pode pensar que sou menos do que desesperadamente apaixonado por você?”
Imediatamente ao terminar de se declarar, Miguel se lançou sobre os braços de Rodrigo e o beijou apaixonadamente. Tanta voracidade que Rodrigo mal podia respirar, literalmente um beijo de tirar o fôlego.
Rodrigo: "Uau!" Disse, ofegante.
Miguel: "Como eu queria fazer isso!"
Eles se entreolhavam, Rodrigo fazia carinho no rosto do outro, seu coração parecia que ia explodir. Christian se aproximou, recebeu o olhar carinhoso dos dois. Estava tudo se acertando, eles sentiram que finalmente poderiam ser felizes.
Miguel: “Rodrigo, podemos não ser o amor da sua vida, mas queremos te fazer feliz. Quanto ao que somos, por que não... namorados?”
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Intensidade [CONCLUÍDA]
RomanceConteúdo inadequado para menores de 18 anos 🔞 Rodrigo é um rapaz tímido, que próximo de fazer 13 anos, sofreu uma grande decepção. Hoje, com 17 anos, ainda não conseguiu superar essa dor do passado que o persegue. Mas a vida lhe dará uma nova chanc...