Capítulo 76 "Tentando se controlar"

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Desculpem pela demora, tá corrido aqui. Obrigada por lerem ❤

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      Rolando na cama, Christian não conseguia dormir, se sentia culpado, irritado, desconfortável, mas principalmente, sentia falta de Miguel. A saudade apertava seu coração, tanto, que fazia seu corpo doer. Sabia que tinha decepcionado o mais novo de todas as formas possíveis, tinha vergonha e medo de encará-lo de novo, isso sem falar em Rodrigo! Não tinha ideia de como consertar as coisas, não sabia nem por onde começar.  Olhou no relógio, 00:19h, não se conteve e mandou uma mensagem para Miguel:
"Está acordado?"
     Passaram-se 23 minutos, que mais pareciam uma eternidade, e nada! Não tirava os olhos do celular, se controlando para não ligar. Ou Miguel estava dormindo, ou o ignorou de propósito, torcia para que fosse a primeira opção. Deixou o celular de lado e fechou os olhos, tentando dormir, foi quando o ouviu vibrar. Deu um pulo, pegou o aparelho de forma afoita, mas aquilo parecia até que estava vivo, escapoliu de suas mãos, caiu na cama e em seguida no chão. Desesperado, Christian se abaixa para pegar o celular e, ainda no chão, visualiza a mensagem, era a resposta de Miguel:
"Sim, por quê?"
       Uma onde de alegria inundou Christian de uma forma única! Miguel não o ignorou, ainda havia esperança. 
"Posso te ligar?" Perguntou Christian, morrendo de medo da resposta.
"Pode."
      Miguel estava há muito tempo deitado na cama, no escuro, tentando dormir mas sua mente fervilhava. Tentava achar uma solução que não magoasse ninguém mas não conseguia, qualquer que fosse o resultado, os três sairiam machucados. 
       Seu amor por Christian era antigo, desde quando começou a trabalhar na editora e colocou os olhos no mais velho pela primeira vez. Um sorriso nasceu em seu rosto lembrando de como inventava motivos para ir até a sala de Christian, com alguma desculpa sobre determinado serviço, mesmo que já  soubesse como fazer. Eram momentos mágicos que Miguel estava disposto a guardar no coração para sempre, sem nunca confessar seu amor. Mas aquela brincadeira na boate, os beijos, e Rodrigo surgiram no caminho dos dois, então, tudo mudou.
       Perdido nesses pensamentos, ouve o celular vibrar, era mensagem de Christian: 
"Está acordado?"
       Miguel levantou de uma vez, segurou o aparelho com força. Como queria gritar que estava pensando nele, que o amava, que queria estar com ele! Mas se conteve, afinal, muita coisa precisava ser esclarecida. Esperou algum tempo, para pensar bem, queria estar calmo para responder as possíveis perguntas do outro. Respirou fundo, tentou ao máximo se acalmar e depois de mais ou menos 20 minutos, respondeu.
       Christian respirou fundo e fez a ligação, tocou duas vezes e então ouviu aquela voz tão conhecida que o fez estremecer. 
Miguel: "Alô.", disse em tom baixo.
Christian: "Tão bom ouvir sua voz..."
      Miguel suspirou. Como era bom ouvir a voz dele também. 
Miguel: "Como está o Rô?"
Christian: "Na verdade, eu não sei, ele não veio pra casa. É compreensível."
     Alguns segundos de silêncio.
Miguel: "Você passou dos limites, Chris. Eu tô... muito decepcionado."
      O coração de Christian congelou, parecia que havia parado por um instante, tamanha dor que ele sentiu. As lágrimas brotavam sem controle, ele perdeu as palavras e até a capacidade de falar. Sabia muito bem que Miguel tinha razão, o que ele fez à Rodrigo era inconcebível. 
      No instante que disse essas palavras, Miguel imediatamente se arrependeu. Principalmente ao ouvir o choro abafado do outro lado da linha. 
Christian: "Será que você vai conseguir me perdoar algum dia?", disse, tentando conter o choro. 
      Mais um momento de silêncio. 
Miguel: "Está tarde, tenho que desligar... Boa noite." , desligou sem responder a pergunta. 
        "Então é mesmo o fim?", pensava Christian, enquanto se afundava nos lençóis daquela cama vazia. Deixou as lágrimas caírem sem controle, precisava colocar toda angústia para fora. A cena dele atacando Rodrigo, passava como um filme na sua mente, o torturando ainda mais. Essas lembranças se misturavam à de quando ele era jovem, só um garoto como Rodrigo, e foi abusado psicologicamente por seu companheiro da época, o fazendo chorar ainda mais. Como ele poderia ter feito isso com Rodrigo? Algo que ele sentiu na pele e o marcou profundamente para sempre?
      Ao desligar o telefone, Miguel teve um ímpeto de ir até a casa Christian, mas se conteve. Mesmo profundamente penalizado por ouvir a agonia do outro, sabia que Christian tinha errado. O amor que sentia pelo outro, continuava ali, intacto. E, talvez, permaneceria assim, paralisado, idolatrado, mas nunca mais tocado, e então, finalmente esquecido.
      Rodrigo, com os braços para trás, apertava as mãos, tentando não perder o controle diante da proximidade e daquela declaração. O desejo queimava seu corpo, turvando seus pensamentos, ainda mais vendo Caliman só de roupão na sua frente, seu coração palpitava descontrolado. 
        Não sabia se a bebida ainda tinha algum poder sobre suas ações, mas a verdade é que Caliman estava cheio de coragem, e disposto a mostrar a Rodrigo, de todas as formas possíveis, que o amava, que o desejava.
Caliman: "Você me deixa louco...", sussurrou, com o nariz encostado na bochecha de Rodrigo. 
      Rodrigo suspirou e o afastou devagar. 
Rodrigo: "Eu sou comprometido, Caio... Isso não tá certo...", disse, o fitando nos olhos. 
          Caliman balançou a cabeça concordando e se afastou de vez.
Caliman: "Sabe o que eu acho? Que você usa esse 'compromisso'" - disse com ironia - "como desculpa pra me afastar! Que compromisso, Rodrigo? Você não vê que isso já acabou?", disse, alterando a voz. 
      Rodrigo ficou em silêncio, não tinha como argumentar, Caliman estava terrivelmente certo. 
Caliman: "Então é isso? Está inventando desculpa? Você não me quer?", disse com os olhos marejados.
        Guilherme olhava para Lucas pelo canto dos olhos, para que o outro não percebesse que era observado. Admirava o corpo do outro, enquanto flashes dos tórridos momentos de amor entre eles vinham à sua memória. O cheiro dos longos cabelos de Lucas era algo que Guilherme jamais iria esquecer. 
Guilherme: "Você vai passar a noite? Já está tarde.", disse, cortando o silêncio ensurdecedor que pairava entre eles.
Lucas: "Não sei... Você já está melhor e o Caliman já está aqui, então...", disse sem jeito.
       Guilherme concordou com a cabeça, desapontado, era visível sua tristeza. Queria tanto que Lucas ficasse... só de saber que ele estava ali, mesmo que não estivessem juntos, já era um alívio. Mas Guilherme não podia pedir isso, não tinha esse direto. Levantou e caminhou, indo da sacada para dentro do apartamento.
Lucas: "Você quer que eu fique?", disse de uma vez, enquanto Guilherme estava de costas, e continuou: "Se você disser 'fica', então eu fico."
     Ainda de costas para o outro, imediatamente, Guilherme se lembrou da vez em que Lucas fez essa mesma pergunta à ele e Guilherme, sem pensar duas vezes, disse que sim. Ficou parado, suas pernas não respondiam, parecia que estava preso ao chão.
      Lucas caminhou até ele e o tocou nas costas. 
Lucas: "Gui...", disse sussurrando.
        Guilherme fechou os olhos, começava a ficar ofegante, suas mãos suavam. Quanto mais Lucas se aproximava por trás, mais Guilherme ficava inquieto. 
     Com dificuldade, Guilherme se virou, mas não conseguiu encarar o outro.
Guilherme: "Para com isso Lucas, você está me deixando... nervoso.", disse, com os dentes cerrados.
Lucas: "Mas eu não estou fazendo nada...", disse, se aproximando ainda mais.
        O corpo de Guilherme estava totalmente tenso, ele tentava ao máximo, com todas as forças que tinha, se controlar. 
Guilherme: "O que você está fazendo...?", sussurrou.
Lucas: "Você não pode nem me olhar nos olhos?", disse, com as duas mãos no peito do outro. 
       Guilherme o encarou, depois olhou diretamente para seus lábios. Lucas retribuiu o olhar, doce, mas cheio de desejo, se aproximou mais ainda, mas não quis dar o primeiro passo, teve medo.
Guilherme: "Não quero... Não posso te machucar de novo.", disse, pegando no rosto do outro com as duas mãos.
Lucas: "Eu te amo."

Intensidade [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora