Intensidade [CONCLUÍDA]

Capítulo 103 "Cauterizado"

⚠️ ATENÇÃO ⚠️
Esse capítulo contém menção a tortura física.

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Dizem por aí, que a pior solidão é aquela que vivenciamos no meio de muitas pessoas. Mas não. A pior solidão é quando percebemos que estamos realmente sozinhos, sem ninguém por perto, quando finalmente entendemos que não há saída. Christian estava experimentando essa sensação horrível, dentro de uma cela vazia e suja.

O advogado que Pedro havia mandado para ajudá-lo, não trouxe boas notícias. Seu caso era muito difícil e a promotoria dizia ter provas contra Christian. Provas essas que, de acordo com a acusação, seria difícil refutar. Tudo que ele queria, era entender porquê Rodrigo havia feito isso, o denunciando dessa forma.

E se as coisas realmente acontecessem como o advogado falou, Christian precisaria tomar algumas providências sobre sua vida. Mas com quem ele poderia contar para fazer isso? Respirou fundo, o medo começou a tomar conta de seu corpo e sua mente. Dessa vez a ficha caiu, seu coração disparou e ele se deu conta que era o fim.

Depois que Lucas desabou no chão, Roberto imaginou que ele estivesse morto, o cutucou com o pé, mas o rapaz não se mexeu. Se abaixou, chegou o dedo próximo ao nariz dele, e então percebeu que havia uma respiração fraca. Virou Lucas de barriga para cima, o puxou com dificuldade e o colocou sentado no chão, encostado na parede.

Os braços do rapaz estavam gelados, as mãos estavam roxas e algumas partes da corrente que enrolavam o pulso dele, estavam cravadas na carne. Roberto puxou as correntes de uma vez, fazendo Lucas gritar, mesmo sem forças. O sangue começou a jorrar, Roberto pegou um pano e enrolou sobre o ferimento.

Lucas: "A-Água... P-Por favor...", sussurrou.

Roberto hesitou, mas acabou pegando uma das garrafas de água mineral e foi despejando na boca de Lucas, que tentava engolir em desespero, se engasgando às vezes. Depois, Roberto prendeu o cabelo de Lucas com um pedaço da camiseta do próprio rapaz, que tinha sido rasgada horas antes, e ficado pelo chão. Pegou outra garrafa de água, despejava um pouco na mão e passava no rosto de Lucas. Quando tocou no olho esquerdo, que estava muito machucado, o rapaz estremeceu de dor. E por uma fração de segundos, Roberto teve pena dele.

Roberto: "Não pense que tô fazendo isso por você. Eu só quero meu dinheiro." - falava enquanto limpava o rosto e pescoço de Lucas - "Se você convencer ele a me dar o dinheiro, vai ser melhor pra todos, isso vai poder acabar logo."

Um único pensamento martelava na mente de Lucas: ele precisava dar um jeito de avisar Guilherme que eram Marisa e Roberto que estavam por trás de tudo. Mas como? Estava muito cansado e dolorido para conseguir pensar em alguma coisa.

Lucas: "O que... você quer... que eu fale?", falou com dificuldade.

Roberto: "Não sei! Alguma coisa que amoleça o coração dele!"

Era isso! A oportunidade que Lucas estava esperando!

A delegada e o inspetor Raphael tinham saído para resolver outras coisas sobre os casos, ficando apenas Kerlison com os rapazes. Já havia passado quase uma hora desde a ligação do sequestrador, todos estavam apreensivos achando que ele não ligaria novamente. Ninguém tinha coragem de falar mas, no fundo, eles pensavam que o pior pudesse ter acontecido com Lucas. O silêncio era sepulcral, muito desconfortável, mas ainda era melhor do que falar alguma coisa errada.

Andrey estava preocupado com Rodrigo, ele meio que se sentia responsável pelo rapaz. Queria que quando Caliman aparecesse, eles se encontrassem e ficassem bem, achava que devia isso ao ex-marido. Decidiu que cuidaria do mais novo, mesmo que à distância, e ajudaria no que fosse possível. Se aproximou de Pedro.