O hospital
- Senhora a moça que deu entrada é sim sua parente Izabel que foi atropelada por um carro desgovernado. Mas não tenho boas notícias...
Respirei fundo. Meu coração acelerou. Os segundos que antecederam as explicações daquela mulher tiveram o efeito de uma bomba que devastou meu peito em muitos milhões de pedaços. Naquela pequena fração de segundo eu esperei receber a pior de todas as notícias, mas recebi uma fagulha de esperança.
- Ela está em uma cirurgia no momento. É uma cirurgia de risco. Assim que possível o médico virá dizer algo. Mas só depois que a cirurgia acabar. Aguardem.
Sentei na recepção devastada. Nunca em minha vida tinha passado por algo assim. Está do outro lado. Do lado dos que recebem a notícia, era pior que ser a doente. Em meu acidente aéreo eu havia ficado entre a vida e a morte. Mas o coma me apagou e não me permitiu sofrer pela perda da minha mãe. Naquele momento, que fiquei esperando a cirurgia acabar. Sentia uma angústia tomar meu corpo. Enzo tentava me dar forças, mas eu não conseguia falar nada. Tudo em mim transpirava medo. Medo de perder Izabel.
Após algum tempo o medo deu lugar a impaciência. Já haviam se passado duas horas e nada. Absolutamente nada foi dito por ninguém. Hugo que até o momento estava calado. Levantou num súbito e caminhou novamente a recepção para pedir notícias. A resposta da mulher foi a mesma. Aguardar a cirurgia acabar.
Não havia nada que pudesse ser feito. A espera era inevitável e cruel.
{.....}
Depois de longas quatro horas. Continuávamos sentados na recepção. Enzo havia comprado um café para mim. Por diversas vezes mandei irem embora para meu apartamento, mas não foram. Não quiseram me deixar sozinha em nenhum momento. Nem a Hugo que, assim como eu, jamais deixaria aquele hospital sem notícias.
Estávamos exaustos de esperar, mas continuávamos sentados juntos. Quando um médico se aproximou e perguntou quem eram os parentes de Izabel Morone.
Meu coração deu um salto e também meu corpo. Aproximamo-nos daquele homem rapidamente para ouvir o que ele tinha a dizer. Finalmente a espera havia acabado.
- Bem .Izabel chegou aqui com duas costelas quebradas, que causou uma perfuração no pulmão. Fechamos essa perfuração e também o corte na cabeça. Ela levou alguns pontos na cabeça e em alguns lugares do corpo devido aos estilhaços de vidro. Também quebrou o pulso em dois lugares. Mas o pior de tudo está sendo o pulmão e a cabeça. Durante a cirurgia ela apresentou um trauma na cabeça que está causando um edema cerebral. No momento Izabel está sedada e não sabemos por quanto tempo ela ficará assim. Estamos esperando as próximas horas para vê como ela reage.
Cada palavra era uma dor. Hugo chorava. As lágrimas rolavam pelo seu rosto e eu não conseguia falar. Enzo perguntou se existia a chance dela fica bem. E as palavras do médico eram cada vez piores.
- Vamos aguardando. Deixaremos ela em coma induzido por hora. Mas aviso. A situação da moça é delicada. Ela ter chegado viva aqui já foi um milagre. Então tudo é possível.
{....}
Minhas pernas cambalearam. Sentia-me fraca. Triste. Era difícil ouvir que a mulher que você ama está com poucas chances de viver os sonhos que vocês planejaram. Eu fui forte. Corri ao hospital, esperei, confiei não chorei praticamente nada. Mas ao voltar para casa resolvemos passar no estúdio para vê os estragos que o acidente havia causado.
Ao ver o lugar destruído na entrada. Com a porta de vidro no chão. Estilhaços e sangue para todo lado. Um carro azul estava com a frente danificada, sua entrada pela porta de vidro destruiu tudo pela frente do estúdio. Podia ver naquele caos que o acidente foi uma verdadeira tragédia. Meu coração temeu não voltar a vê Izabel com vida. Afinal como era possível alguém escapar de tudo aquilo? Ajoelhei por cima dos vidros olhando o tanto de sangue no chão e desabei. O choro tomou conta de mim e não me deixava parar nem levantar. Eu estava devastada pela dor e pelo medo de perdê-la.
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A photografia (Livro Concluído)
RomanceUma photo, duas vidas e um amor que nenhum obstáculo poderá vencer. Eloize e Izabel;Quem disse que o amor não esta nas coincidências?