30 - Fora do Eixo

7 1 2
                                    

Por Eloize

"Vagabunda"

Nunca um adjetivo pareceu-me tão confortável para alguém. Era isso que Izadora era. Uma vagabunda.

Algumas horas atrás eu estava decidida a ir embora daquele hotel que pra mim estava insuportável. Descobrir de uma forma abrupta que seu marido tem um caso com a gerente do hotel onde trabalha era no mínimo confuso e desconfortável. Mas saber que a tal pessoa estava a todo custo tentando destruir sua reputação da maneira mais sórdida era insuportável e difícil de engolir.

Quando Izabel falou do caso de Roberto com sua irmã eu senti meu estômago revira. Embora eu não o amasse mais, eu tinha um respeito e admiração por ele. Fatores que determinaram a minha cautela em magoa-lo. Coisa que ele não teve. Afinal quando eu descobrir o buraco nas finanças do hotel, dei a ele a oportunidade de falar comigo tudo que estava acontecendo com nosso casamento. E ele associou tudo ao fracasso financeiro. Sendo incapaz de me contar a verdade. Que de fato o problema era exatamente o que eu suspeitava desde o início. Eu notei sua distância e falta de desejo por mim. Isso minou nosso casamento.

Quando peguei o táxi para o aeroporto. Só queria sumir. Estava decepcionada. Sobretudo com o fato de Izabel saber. Era inacreditável que ela não tenha me contado que sabia do caso dos dois assim que descobriu. Meus pensamentos eram como agulhas furando minha cabeça e confundindo meus sentimentos. Eu sabia que o seu sentimento por mim era verdadeiro. E que ela queria tanto quanto eu que o meu divórcio acontecesse. Então por que não me contou? E Roberto? Si amava Izadora por que não me falou? Eram tantas perguntas girando dentro de mim. 

Foi aí que percebi que ir embora não adiantaria nada. Fica calada não iria me dá as respostas que eu precisava.

Mandei o táxi volta. O coitado do motorista não entendeu nada. Afinal estava praticamente no estacionamento do aeroporto de Paris. Mas ele voltou. Paguei a corrida e fui direto para o quarto onde Izadora tinha armado o flagrante. Os meninos não estavam. Supôs que tinham ido dormir. Eu não queria falar com eles. Na verdade eu queria mesmo falar com Izabel. Entender o que se passou em sua cabeça. Mas eu não sabia onde ela estava. E, sobretudo pegar Izadora e Roberto. Colocar tudo no eixo e me livrar de ambos.

Foi quando ouvir passos no corredor, corri para o banheiro e vi quando Izadora abril a porta. Ela caminhou direto para o guarda-roupa e retirou um aparelho de gravação. Meu sangue subiu esquentando minha nuca de raiva. Todo seu joguinho. Toda sua trama maldita para me prejudicar me veio à mente. Uma compreensão exata do que a noite teria sido se Tatiane não tivesse interceptado passou como um filme de terror. Então decidir que não dava pra fingir nada mais. Eu estava cansada de esconder as coisas ao meu redor. Foi então que sair do banheiro
Triunfante dizendo:

- Não! Deu tudo certo. Somos só nós duas  sua vagabunda!

- Eloize! O que faz aqui, está melhor?

Como toda boa cínica ela tentou desconversa. Mas eu não iria permitir. Eu estava decidida a acabar com a farsa.

- Estou ótima. Apesar do que você colocou na minha bebida.

- Não consigo entender o que está dizendo. (Ela insistiu e fingir e eu estourei, aproximar-me e disse)

- Você vai entender melhor agora.

O estalo do tapa que dei no seu rosto ecoou pelo quarto e fez Izadora dar um passo para trás.

- Sua cretina idiota! Você enlouqueceu? ( Ela me perguntou atômica com o tapa que dei)

- Louca estava você quando passou e me prejudicar dessa forma. Eu sei de tudo.

- Sim eu fiz. E iria ser perfeito. Como descobriu?

A photografia (Livro Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora