13 - Perdendo o Controle

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Por Izabel

Meu coração estava acelerado. Eu sabia que precisava me controlar e sair daquela situação. Mas eu não era boa nisso. Não era boa em fugir de uma situação que eu queria muito. De negar à vontade que me consumia de beijá-la. Eu já havia feito isso duas vezes. Uma no bar e outra há poucos minutos quando suas mãos tiraram meus cabelos do rosto.

Em todas às vezes seu olhar era distraído. Menos agora. Dessa vez ela me olhava vibrante. Como se seus olhos vissem através da minha íris escura que eu desejava beijá-la. Eu não iria resistir. Com a mão sobre sua cintura eu iria puxa-lá e deixa que o destino decida o que seria depois. Mas o telefone tocou. Maldito!

Soltei sua cintura e me direcionei a bancada onde o telefone estava. Atendi e percebi que se tratava de uma cliente. Ela tinha desmarcado comigo no sábado e ficou de ligar para remarca. Pensei "Maldita hora para isso." Mas quem sabe não fosse o destino me salvando de cometer um erro.

Desliguei o telefone e me voltei para Eloize. Que estava séria esperando um pouco afastada da mesa. Recoloquei a lasanha no microondas, dessa vez sem o alumínio, e me direcionei a Eloize. Ela parecia distante agora. E bem séria. Não ousei pergunta o motivo. Temi que ela fosse rude. Afinal eu quase a beijei. Então resolvir mudar de assunto.

- Por que ZZ?

- Por causa da minha mãe. Sempre que aprontávamos minha mãe nos chamava de Irmãos ZZ. Então colocamos ZZ como uma homenagem a ela.

- Ela deve adorar.

- Meu pai gosta. Ela já não está entre nós.

Seus olhos se encheram de lágrima no mesmo instante que ela se referiu a mãe. Sentir que o assunto era delicado. E quis ser solidária.

- Desculpe não quero ti fazer lembrar de coisas ruins. Vem vamos comer.

Peguei em sua mão e puxei em direção a mesa. Comemos conversando sobre coisas aleatórias e também sobre sua família. Que tinha pouco contato com o pai que não conseguia superar a morte da mãe. Falou também do seu casamento. Ela me confessou que estavam com problemas. Tentei acalmá-la dizendo que todo relacionamento passava por crises assim. Mas que tudo ia ficar bem.
Sentamos novamente perto da vidraça nas almofadas. Para olhar a neve que caia mansinho. Cobrindo a rua de uma poeirinha branca e fria. O céu estava escuro com um roxo fechado mostrando que o frio iria piorar ainda mais. Peguei um cobertor que usava para fotos sensuais e me cobrir nas almofadas com Eloize. Ela estava gelada. Mesmo com o aquecedor estava muito frio.

- Estou preocupada. Acho que não iremos consegui sair daqui. Veja como neva. Desse jeito a ponte ficará fechada até amanhã.

- Eu estou feliz de ter o estúdio. Já pensou se estivéssemos na rua ou no aeroporto?

Ela sorriu baixinho me olhando.

- Você é sempre assim? Positiva?

- Nem sempre eu sou assim. Mas tento vê um lado positivo pra tudo.

- Eu sou muito seca com expectativas. Sou objetiva e gosto de vê as coisas como elas são.

- Mas nem tudo é o que parece. Eu por exemplo. Não sou uma repórter.

Ela deu uma risada gostosa e voltou a ficar seria. Incomodei-me com isso e perguntei se estava tudo bem. Ela me olhou e começou a falar.

- Eu era mais leve. Mas oito meses em uma cama de hospital me fez viver o dia sem expectativa de que o amanhã existirá. Cada dia desacordada me fez perde coisas preciosas. Me fez perde os últimos momentos de vida com minha mãe.

A photografia (Livro Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora