20 - O pôr-do-sol

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Por Izabel

Acordei com o barulho do telefone de Eloize tocando alto. Ela estava dormindo aconchegada em meus braços. Olhei e sentir pena de acordá-la. Mas eu precisava silenciar o ambiente, pois minha cabeça latejava na têmpora e a culpa momentânea era daquele toque estridente nos meus ouvidos.

- Anjo acorda. Teu celular ta tocando pode ser importante.

Ela deu quase um pulo da cama. Procurou entre os lenços e achou o celular perto do travesseiro.

- Oi. Desculpa demorar a atende...
Sim sim ela ta bem...
Ta bom...

Eloize desligou o telefone e virou pra mim. Dizendo:

- Era Hugo. Querendo saber de você.

- E vocês estão assim tão amigos que pra saber de mim ele liga pra você? ( perguntei irônica franzindo a testa)

- Estamos íntimos pra cuidar de você que quase nos mata de susto ontem! Ciumenta!

- Sei... Nem pense em tomar meu amigo. Ele é toda família que eu tenho. ( a lembrança do motivo da bebedeira logo surgiu em minha memória me deixando séria).

- Agente precisa conversa sobre isso. (Eloize falou fazendo um carinho em meu rosto).

Um carinho tão reconfortante que parecia que tínhamos um relacionamento de anos. Eu me sentia comprometida com ela. Mas ao mesmo tempo sabia que ela era casada. E o desafio de revelar a traição de Roberto tinha ficado ainda maior. Afinal a amante era minha irmã.

Eu me perguntava como o mundo podia ser tão pequeno. E quantas outras coincidências como aquelas ainda iria existir entre nós duas.

Eu queria que partisse dela a iniciativa de assumir o que tínhamos, mas não resisti e falei:

- Eu prefiro conversa sobre isso. (E apontei para nós duas fazendo um vai e vem com o dedo indicador)

Ela me olhou seria. Ficamos uns segundos caladas nos olhando.

- Sei que precisamos, mas acho que dormimos demais,eu preciso trabalha. E Hugo ta vindo ai com sua agenda e remédios pra essa ressaca que você deve ta.

No instante que ouvir a palavra agenda lembrei que eu tinha compromissos importantes. Dei um pulo procurando minhas roupas largadas no chão e comecei a pragueja.

- Droga! Eu to com uma sessão de fotos marcada pra hoje. Era pra pegar o sol raiando agora ferrou tudo! Inferno!

- Ei relaxa que Hugo ligou ontem pra desmarca. Ele foi fazer isso pra ti ajudar e me deixou aqui com a responsabilidade de cuidar de você.

-Sério? ( parei de vesti as calças e fiquei olhando para Eloize)

Ela sorriu terminando de colocar a roupa e veio até mim.

- Sim mocinha! É sério!Já eu não tenho essa sorte. Tenho que ir.

-Ahh então fica! Agente sai e dar uma volta.(falei segurando Eloize pela cintura)

- Não posso! To cheia de trabalho. Preciso ir agora.( peguei sua nuca em um beijo calmo, porém sem dar espaço para ela respirar. Depois soltei)

- Nossa! Assim eu não vou consegui ir.

Eu sorri. Era exatamente isso que eu queria. Que ela ficasse e me desse uma chance de conversarmos, mas ouvir Hugo chamar lá embaixo. E meus planos de conversar sobre nós duas iria ser inevitavelmente adiado pela presença dele. Então fiz uma proposta.

- Vamos fazer assim. Agente se encontra para almoçar as 13hs. Pego você na saída do aeroporto pode ser?

- Ta bom. Tem como dizer não? Agora vem Hugo ta na porta e eu preciso ir. ( me deu um selinho e começou a descer as escadas).

A photografia (Livro Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora