Capítulo 61

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Eron

Eu fui com o delegado após  ser informado do rumo do caso de Jonas , eu tinha certeza que Glória  estava envolvida , mas eu jamais pactuaria com nada que fosse criminoso , ainda mais envolvendo meu filho e minha mãe  tinha deixado bem claro antes de morrer, portanto  não  tinha dúvidas,  só  certezas , mas sem provas .

Mas , tudo mudou e o reconhecimento do carro de minha ex-mulher é  um indício.

Chegamos  na estrada  que dava acesso a Fazenda e verifiquei o carro juntamente com o delegado e o detetive que vinha me auxiliando , mas também  tinha três policiais conosco.

Eu vim no  meu carro com o detetive e o delegado e os policiais  em outro carro , tudo muito rápido porque estávamos travando uma luta contra o tempo , porque já  havia dias que me omitiram que Jonas poderia estar com alguns traficantes de crianças  e que se não estivesse morto   provavelmente iria morrer, pois o objetivo era arrancar os órgãos e vendê-los .

Eu estava horrorizado e Glória aonde estava e entrava nisto?

Meu coração  dava saltos de temor , só  de saber que Jonas poderia estar sofrendo , sem a mãe vivo ou morto.

Andamos à  pé  para chegar a Fazenda porque o barulho  do carro e ainda mais da polícia  poderia assustar , então  deixamos o carro perto do de Glória,  enquanto o delegado e os policiais seguiam à  frente , por sorte não andamos muito .

A Fazenda era bem velha , mas não  tinha um aspecto feio , nada de suspeito, um campo vasto com alguns gados, que se misturavam com cabras e carneiros.  Era bonito até  de se ver , mas logo que alcançamos a cerca para entrar na casa  , que era bem velha  pois há  muito não  se via pintura, ouvimos o ruído de um cachorro , ou seja vários,  mas fomos caminhando devagar  e após  alguns minutos rondando a casa , percebemos que os ruídos eram de crianças  gemendo baixinho .

Quis gritar por Jonas, mas nestas horas mantive a minha inteligência  e obediência,  porque fora advertido pelo delegado de que teria que ficar em silêncio  e assim permaneci em uma agonia que não  durou muito.

Um dos policiais bateu à  porta enquanto o outro  estava aos fundos e eu e o detetive nos abaixamos por entre os blocos empilhados perto de uma árvore.

A porta demorou alguns minutos para ser aberta o que nos fez ficar em alerta , eu estava temeroso , queria que logo tudo isto acabasse .

Uma moça jovem apareceu e vi que tinha um rosto urbano, mas estava longe para ver e ouvir a conversa então,  sai de onde estava e bem devagar , fui seguindo uma intuição  que nem eu sabia que tinha.

Fui caminhando até  chegar aos fundos, enquanto o delegado e o policial interpelava a moça .

Os gemidos estavam misturados ora com roncos  abafados , que não  sabia precisar , mas nada estava bom com aqueles sons.

Aproximei-me  mais , de uma espécie  de barracão  e chamei :

- Jonas, quase em um sussurro .

- Jonas, chamei novamente .

Nenhuma resposta .

Bati na porta e chamei  novamente ; desta vez um pouco mais alto e vi que um silêncio  imperioso surgiu do nada,  para depois recomeçar  a gemer , eram choros contidos, sufocados .

O policial veio atrás  de mim e me deu uma arma , que eu não iria saber como usar , mas vendo o detetive portando uma , me enchi de coragem .

O tiro veio surdo , mas era um tiro e este escancarou a porta do barracão  e o que vimos ali foi aterrorizador.

Havia corpos de crianças,  que não sabíamos  se estavam desacordadas ou se estavam dormindo ou semi mortas .
Procurei  Jonas por toda a parte , havia mais de dez crianças do sexo feminino e masculino jogadas feito bichos , sem nenhuma higiene. O fedor era forte.

Jonas, gritei sem me importar com mais nada .

Uma menina me olhou e então apontou o dedo trêmulo e sujo até  onde um garoto gemia quieto .

- Jonas!

Depois , só  ouvi mais tiros vindo da casa e pude ver que não  eram poucos .

Reconheci meu garoto e o abracei chorando , mas com forças para tira-lo dali .

Mas então  perdi o chão  quando um tiro atingiu meu braço  e mais outro , mesmo assim  atirei numa velocidade extrema em Glória  e sai com Jonas cambaleando , o policial que foi atingido parecia morto e o detetive sumiu , me vi fraco e forte .

Glória  ferida no chão  e o delegado vindo  em nosso socorro após ter travado tiro com os capangas e para minha surpresa , reconheci Flora , a empregada de Paula algemada e chorando muito.

Céu de Esperas (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora