Capítulo-19

3 0 0
                                    

Meus dias com D. Cláudia  eram recheados  de troca de farpas mútuas,  eu, tão  calma, não  conseguia me controlar, porque ela era muito dissimulada, e o marido dela era um bobão,  fazia tudo que ela queria e não  se envolvia em nada.

Jonas estava ganhando peso a cada dia e estava mais lindo do que nunca, já reconhecia Eron e me conhecia pelo cheiro; pelo menos isso. !O amor de mãe  era meu.

Glória estava encantada com nosso filho e não  saia mais de lá,  a amizade entre ela e minha sogra me incomodava    muito, por que eu me sentia rejeitada e não  tirava aquela conversa que eu tinha ouvido entre elas da cabeça e passei a ficar desconfiada de tudo que faziam , falavam e agiam.

Eu não podia mais viver assim, e tudo piorou porque eu decidi que tinha que dar um tempo na faculdade para me dedicar exclusivamente ao meu filho.
Eron me apoiava em tudo , pelo menos estávamos  juntos , eu achava, até  eu tocar no assunto de termos a nossa própria casa . Ele só  me fez uma pergunta :
- Por que você  quer mudar logo agora?
Precisa ter mais paciência,  precisamos juntar mais dinheiro e meu pai disse que o meu apartamento está alugado  e mesmo aquele em que ficou quando precisou sair de casa.
Eron finalizou com esta frase :
- O que te falta aqui?
Quase que eu dizia, ""falta paz"" mas não  disse, apenas me calei, porque eu não  tinha coragem de brigar com meu marido.

Não  podia exigir,  até  porque nada me faltava , eu tinha conforto.

Morávamos  em um bairro de classe alta  por conta da grana dos pais de meu marido ; mas Eron era , um tanto orgulhoso em pedir dinheiro, em usufruir daquilo que a meu ver era dele,  já  que era filho único. Eu entendia mas não aceitava muito não, mas tentei  compreender,
o lado dele até  porque eu não  estava trabalhando e eu não  queria deixar Jonas  com D.Cláudia , que queria mandar até  na babá  que contratamos para nós auxiliar.

Até  a entrevista para a escolha ,ela se meteu  e quase que a entrevista se transformou em um inquérito  policial,  e neste aspecto  agradeci muito a Glória,  por ela ter aparecido para saírem juntas.

Mais tarde, quando soube que escolhi uma moça  madura para me auxiliar  me criticou horrores e disse que nem  isto eu sabia fazer direito , me provocando .

Continuei calada , não  adiantava revidar, não  adiantava dizer a Eron nem a ninguém,  visto que ele parecia não  acreditar e sempre tinha desculpas para o que a mãe  dizia. A cobra da estória  era sempre eu.

O meu maior problema era que eu estava momentaneamente de mãos  atadas e tinha que aguardar mais um pouco até poder procurar um emprego e voltar às  minhas aulas.

Meus amigos sempre vinham nos ver , mas eu nada comentava. D. Claudia era um amor com eles, ela era um amor mesmo; até  Jane , a babá  do meu filho ela tratava bem, menos a mim , aliás,  tratava bem na frente dos outros , mas quando qualquer visita saía,  ela não perdia tempo  e silenciava comigo.
Eu não  ligava muito quando ela tinha estas crises de silêncio porque me deixava em paz e não  se metia em nada que eu fazia para meu marido e filho. Pena que era por pouco tempo , logo ela começava  a falar e a meter o bedelho em tudo e eu me controlando porque ela só  queria ajudar.

Eu estava sofrendo calada e tudo por amor a meu Eron e a meu bebê.
O bom de nossa relação  era o amor que nos unia, era o fogo que nos consumia , era a entrega da paixão  que era constante e nossas longas conversas sobre a vida, sobre nossos sonhos, e aspirações. Eron me completava , me envolvia em tudo, e me fazia a melhor das mulheres, e eu não  queria estragar este momento a dois, tão  raro em um casal. Por ele ser maravilhoso comigo, eu ia aguentando   ia sofrendo calada.
Às  vezes eu pensava e  me pegava dizendo :
- Ela bem que podia viajar né? dá um sossego para mim, tão  rica,  podia sair por aí para conhecer o resto do mundo, mas não,  parecia que não  tinha vida além de Eron e Jonas porque eu e o marido não contava, éramos figurantes na vida dela.
Assim ia vivendo mais esta etapa da minha estória.

Passaram -se os meses até  que chegou a época  do primeiro aninho de nosso filho e  minha sogra resolveu fazer uma grande festa , cuidando de tudo, sempre com Glória  a tiracolo, me excluindo das decisões com relação  a buffet e tudo mais,mas eu tinhosa que só,  ia vencendo pela minha imposição.

  Eu tinha pequenas Vitórias e para mim era tudo.

Céu de Esperas (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora