Céu de Esperas (Concluído)

Capitulo -67

JURUÁ,

Fim de tarde ...

Ava

- Minha nossa! Eron se meteu no fim do mundo?

Nunca ouvi falar naquela cidade, parece que estou perdida no meio do nada .

Mas ... até que eu estou gostando , estou numa pousada Uacari, e tudo que preciso é de um banho morno para depois dormir e pela manhã bem cedo vou atrás de Eron, que pelo que me informaram , está na Vila.

Estou meio que exagerando, a cidade é linda,ruas bem pavimentadas, bons prédios, foi o que vi na vinda do aeroporto para cá , mas foi só, não pretendo explorar o local, minha missão é breve , portanto , quem sabe um dia eu retorno.

Tomei meu banho e gostei dos serviços que me foram oferecidos, e exausta, logo que me alimentei cai na cama, uma chuvinha fina começou a cair e eu não sei se faz parte do clima, mas a verdade é que fiquei com frio , talvez o cansaço da viagem .

******

De manhã tomei meu café bem tomado e fiquei impressionada , pois todos ali conheciam Dr Eron, e a competência e dedicação com que ele trabalha não me deixava dúvidas de que ele era muito amado ali naquela terra.

Um carro iria me levar à vila onde ele estava , trabalhando .

Vinha pensando que como a vida é engraçada, um homem rico que sempre teve tudo, sempre buscou ter tudo, independente do dinheiro que sua família tinha.

Eron , era um homem de caráter como poucos e Paula seria uma boba se não aceitasse pelo menos a amizade dele.

Não encontramos homem assim vagando por aí.

Aff,! odiava os solavancos do carro pois havia buracos , mas tudo era válido, eu estava prestes a tentar concretizar o sonho de Jonas , ou pelo menos estava tentando.

Desci do carro e o frio que havia sentido a noite, deu lugar a um calor insuportável. A vila era bonitinha, mas tudo para mim era novidade, eu vi pessoas me olhando com uma certa curiosidade, mas não liguei, pois queria era achar Eron.

Uma moça, bonita , mas descuidada me respondeu , apontando para uma casinha que mais parecia um quartinho, o que na verdade era um posto de saúde, pois tinha placa e tudo.

Agradeci , e fui andando , pois havia uma distância, já que o carro não ia até lá, por conta das inúmeras bifurcações existentes.

Enfim cheguei e entrei, mas me deparei com uma fila de pessoas , e uma mocinha me deu uma ficha; fato novo , porque eu não sabia que tinha que esperar para falar com o Dr; meu Deus! , pensei, quanto sacrifício.!

Eu não queria furar a fila e dizer que vim de longe, etc, em verdade, preferia ser a última, porque agora eu estava ansiosa e aflita, sem saber como seria recebida. Tanto tempo se passara sem nenhum contato.

Uma hora depois, eu estava morta de sede e procurei por água, a atendente me deu um copo e mais outro, aquele calor era exaustante e eu tinha muita sede. Estava mole!

Ah! A espera, a espera estava me matando , deu vontade de fazer xixi por conta da quantidade de água que bebi, porque foram dois grandes copos de água.

Entrei no banheiro minúsculo, mas bem limpo do posto e me aliviei, a bexiga estava cheia.

Saí do banheiro e a mocinha atendente que me deu a ficha me olhou sorridente e falou:

- Pronto! É a vez da senhorita, pode entrar , o Dr está só.

Dito isto , Cida, a atendente, sorridente depois de se encarregar de me dizer seu nome abriu a porta e me deixou dentro da pequena sala, onde Eron estava com a cabeça baixa arrumando alguns papéis.

- Oi! Foi o máximo que consegui dizer.

O olhar de Eron caiu sobre os meus , num misto de surpresa e preocupação, mas, abri um sorriso para ele ver que estava tudo bem.

- Ava! O que faz aqui?

- Eron, ... falei analisando o homem ali na minha frente ,mais magro , meio que por barba a fazer, mas não menos bonito. Queimado de sol.

- Eu vim por causa de Jonas, seu filho.

- Aconteceu alguma coisa com ele? Eles estão bem? Como me achou?

Eram tantas perguntas para mim que queria logo ir direto ao ponto, portanto dei respostas rápidas.

- OH! Tá tudo bem, ele já sabe que é seu filho há muito tempo e quer te ver.

Eron, me fitou e eu não sabia que que se passou na sua cabeça naquele momento , mas depois, vislumbrei um brilho em seu olhar e foi só.

Esperei pacientemente ele se recuperar do choque , porque se ele estava parado era porque devia estar em choque .

Eron levantou lentamente da cadeira , andou pela pequena sala , colocou a mão na cintura e apoiou o peso de um pé no chão e me mirou antes de responder:

- Ele sabe?

-Claro, Paula contou a ele , logo que você se acidentou, mas , na época todos os dois estavam muito abalados com tudo que ocorreu e você sabe como Paula estava não?

- Sei, ah! Como poderia me esquecer de como ela me acusou de fazer parte daquele plano sórdido.

- Mas agora, ela viu que não foi isso, e sei que está arrependida .

- Foi ela que mandou você vir me procurar?

- Não, Ava falou cautelosamente - ela, não sabe que estou aqui, somente Jonas, é aniversário dele na semana que vem e ele me pediu para te ver como presente de aniversário, e eu não podia negar, ele quer te ver.

- Mas a mãe não, e eu não vou afronta-la.

- Ora! Paula quer te ver tanto quanto Jonas, eu lhe garanto, e é a vontade de seu filho. Você não tem vontade de vê-los?

Eron ficou parado me encarando e vi que seus olhos brilhavam mais do que o necessário, seus olhos estavam lacrimejando .

- Não sei ...

Deixe seu coração falar homem, eu lhe garanto que Paula nunca deixou de te amar, ela só precisa que você vá até ela. Você se meteu nesse fim de mundo.

Eron, ficou parado, sem respostas, então, eu deixei em cima da mesa o convite da festa de aniversário e disse:

- Sabe, às vezes para que as coisas dêem certo, é preciso ousar, enfrentar, mesmo que tenhamos medo. O medo é o nosso pior vilão. Não perca esta oportunidade . É seu filho.

- Bem ... , minha missão termina aqui, Jonas está te esperando e acho que Paula sempre te esperou.

Saí da sala deixando Eron e seus pensamentos com ele e fui direto para o aeroporto, não após caminhar pelos buracos da estrada até o carro.

Só me restava agora esperar e ver o que viria , de qualquer modo sei que fiz o certo.