Céu de Esperas (Concluído)

Capítulo -2

De volta para casa, Paula viu o gato que tinha chamado  a sua atenção   no estacionamento da faculdade, e parou embevecida com a sua beleza, mas desviou os olhos e começou  a  andar rápido,  rumo ao ponto de ônibus,  ela não  podia ficar parada  vendo o gato entrar no carro, ainda mais acompanhado de uma moça, desta vez, outra , e um outro rapaz;iam para casa de carona. De repente, Paula se deu conta da sua realidade .Era pobre e ele era rico, ou pelo menos era o que parecia, pela máquina  que dirigia.

O carro do pedaço  de mau caminho sem nome passou por ela sem que a visse e seguiu .Paula pegou o seu ônibus  e foi direto para o armarinho,  abriu e passou a tarde toda lá,  tentando vender ; o movimento  estava fraco, mas tinha que tentar vender alguma coisa.

Horas mais tarde estava em casa para findar o dia. Seu pai, sentado em uma cadeira assistia o jornal, e sua mãe  estava na cozinha.Licia estava no quarto.

Então  ela viu a irmã marcar um encontro com um rapaz numa festa que uma colega sua daria daqui a dois dias e sentando na cama , balançou  a cabeça  negativamente, poxa, como ela ia dizer isto ao pai?
Lícia era um ano mais nova que ela, estava ainda  fazendo cursinho porque tinha perdido o primeiro  vestibular para fazer enfermagem  e estava a um mês  de prestar outro vestibular e  não  estava estudando  direito. Meu pai não  ia deixar ela sair.

Quando ela desligou o telefone, eu  perguntei :
- Como vai fazer para sair ? Papai não  deixará.
Lícia, espivitada que só   respondeu :
_ Irmanzinha, para seu saber, o pai vai viajar para ver tio Pedro que está  mal e mamãe  irá  com ele. A casa é  nossa!
- Liciaa,  gemi, vê  só  o que vai aprontar, não  quero confusão.
-  Deixe de ser medrosa! Você  vai comigo, para se divertir um pouco.
- Eu?, nem pensar, já  disse, não  quero confusão.
- Que confusão,  Paula?, olha, não vamos fazer nada demais, vamos apenas ao Tonys .

O Tonys  que Lícia queria ir , era uma boate bem badalada que existia na cidade  e que os jovens se reuniam sempre, e era caro, mas a amiga de Lícia,  a Nanda, alugou  a boate para a sua festa de aniversário,  segundo o que   Lícia falou.

Eu não  falei mais no assunto, porque eu não  estava com vontade de discutir e reafirmar que eu não  iria, por que  Lícia quando estava assim, não  aceitava um não.

Tratei  de  tomar meu banho, entregar o dinheiro das poucas vendas para o meu pai e após  jantar, dormir  porque eu estava cansada.Peguei meu radinho de pilha e coloquei na estação  que eu sabia que aquela hora passava músicas  das mais românticas  e  me preparei para  deitar.
Lícia ainda ficou sussurrando ao
telefone para meu pai não  ouvir .

Dois dias  se passaram  e Lícia
encontrava em uma euforia
contagiante e eu estava apreensiva por minha irmã   mas também  feliz, porque ela estava feliz.
Fui convencida a acompanha-la porque , no fundo eu queria me divertir  e porque eu queria ficar de olho em Lícia,  para evitar que ela não  cometesse nenhuma loucura, porque nossos pais nos advertiram bastante , mas  era só  uma festa e eles, obviamente nem sonhavam que íamos sair à  noite  , e no mais, tínhamos o direito de nos divertir um pouco.

Eram onze horas quando eu cometi a loucura de acompanhar a minha irmã  ao Tonys.O lugar estava parecendo um inferninho,  gente de todo o jeito.Gente se agarrando,  som alto, garçom  com cerveja tentando passar para alcançar  o bar onde ficavam as bebidas e  ... Quando fui procurar Lícia,  esta  tinha sumido .Deus! tomara que ela não  apronte , porque da última  vez, ela chegou bêbada  em casa e foi com muito custo que ajeitei  as coisas com minha mãe  para que ela ficasse bem sem o meu pai ver.Um sufoco que eu não  pretendo passar.
Resolvi tomar minha velha Coca-Cola  de sempre , me encostando num canto da parede,  olhando o movimento  quando fui surpreendida com a presença  dele, o pedaço  de mau caminho no outro lado , em uma mesa cheia de gente, todas alegres.
Meu coração  gelou, eu  fiquei trêmula  , e ele ali,  me  enxergou de longe, levantou-se ,vindo em minha direção.