Capítulo - 52

7 0 0
                                    

Eron

Paula teve que tomar calmantes,  porque só  assim ela poderia aguentar o que eu já  não estava aguentando.

À  medida que  as horas iam passando, eu só tinha conseguido acalma-la depois de ministrar-lhe altas doses de calmantes e a vi adormecer depois de três dias sem que pregasse o olho para dormir.

Todos os nossos amigos em comum estavam em ele era e  saíram conosco para procurar Jonas , contrariando o pedido da polícia para aguardamos em casa.

E nesta loucura toda que se transformou a minha vida, eu recebi um telefonema de Glória,  dizendo que a minha mãe  não estava nada bem e que eu deveria ir vê-la.

Relutei contra um sentimento de dor e raiva que havia se instalado em mim desde que soube da participação  da minha mãe no passado ajudada por Glória, forjando o teste de DNA que comprovava que Jonas era meu filho.

O passado não volta eu sei, mas aquele crime de minha mãe não  poderia ficar impune, eu já  não estava suportando mais, e agora com o desaparecimento de meu filho, teria que conversar com o investigador de Polícia  que estava nos auxiliando.

Mas, o fato era que Cláudia era a minha mãe e eu tinha o dever de ir vê-la e tentar fazer o meu melhor.
Apesar de tudo, eu não  era um monstro.

Quando cheguei em minha antiga casa, não  senti nada, não  que eu não  seja sentimental, mas em verdade eu nunca fui feliz nela, apenas vivia o dia a dia; nós  homens temos este poder, encaramos os bichos de frente , o fato era que eu estava casado com Glória  e acreditava que era o certo , que devia a ela toda a gratidão  pela dor que acreditava que Paula havia me causado. É agora , aqui, é  estranho  pois já  quero ir embora .

Glória  veio ao meu encontro toda melosa e só  aumentou a minha irritação,  mas eu tinha que ser no mínimo  educado.

Ela não  saiu da casa, pois Se acostumou com o luxo da casa ,ao contrário  de mim.

-  Bom dia , Glória,  como vai?

-   Estou indo, sentindo a sua falta meu amor.

- Vou subir  para ver minha mãe.

- Eu te acompanho.

- Eu sei o caminho, obrigado.

Fui na frente, uma vez que a simples presença  de Glória me incomodava , e eu estava em alerta, porque aprendi que minha ex-mulher era um perigo.

O quarto tinha cheiro de mofo e eu cheguei  mais perto , sendo interrompido por Glória  que me pegou no braço numa leve caricia:

- Ela prefere ficar de janelas fechadas, por isto não  abri.
Assenti e  caminhei até  a cama onde minha mãe  parecia dormir e me assustei com seu estado.

A pele flácida,  estava mais pálida  do que o habitual , havia sulcos ao redor de seus olhos e  as rugas ,  brigavam entre  si . Os lábios  mais finos e sem cor. Senti pena de minha mãe,  e um aperto no peito e no mesmo instante me veio a mágoa  pelo que me fez. Uma mistura de todas as coisas que vinha acumulando ao longo dos meses desde que soube o que ela tramou e por fim me vi vencido pela pena que eu sentia dela, vendo-a  ali, prostrado na cama , quase sem vida.

- Mãe.  Falei.

-  Mãe,  o que a senhora tem?

-  Meu filho, é  você?

Assenti - sim, estou aqui.  O medico já  veio te ver.

Fui interrompido novamente por Glória
-  Ele veio, é  o mesmo médico  meu , e disse que a sua mãe  tem depressão. Ela também sente muito a sua falta.

Não  dei importância  ao que ouvi de Glória,  e continuei a fitar mamãe que agora abria mais os olhos e um pequeno brilho apareceu neles .

-  Me perdoa, filho, por tudo. Eu nunca quis o seu mal, eu só  quis te proteger.

Minha mãe  estava tão debilitada que eu não  tive ânimo  de impacta-la com o que sabia.

Acariciei o seu cabelo grisalho e quando nossos olhos se perderam um no outro , nós  sabíamos do que estávamos falando.

A minha mãe  sabia que eu sabia. Apenas continuei com a minha mão em seu cabelo e juntos não  seguramos as lágrimas.

Eu sabia que ela estava indo ,  seus batimentos cardíacos estavam fracos após  meu exame e eu quis falar com o seu médico,  mas Glória,  mais uma vez me falou que Dr Pedro não  estava na cidade e que teria que aguardar a sua volta .

Me entregou a receita com os medicamentos receitados por ele é pude comprovar que eram todos para depressão.

Eu era quem estava ficando mais depressivo com o quadro que estava vendo, minha mãe,  tão  cheia de vida e de repente , vegetando ali em cima de uma cama.

-  Reaja mãe,  por favor.
Ela sorriu, meio que débil e disse :
- Não  há  mais tempo .Me perdoa , filho.

- Sempre.

Foi o que pude pronunciar  e deixei minha mãe porque eu nada podia fazer  , ela tinha que  reagir e só  dependia dela.

Saí  seguido por Glória  que tentou de todas as formas puxar conversa e fez até beicinho para que eu ficasse para um lanche , o que me encheu de raiva por que ela era cínica.

Na rua, me senti aliviado por me livrar de Glória, mas com um aperto  no coração por minha mãe.  Eu a amava, ela era a minha mãe.  Fiquei de retornar no dia seguinte para ver o seu estado e de preferência  quando Glória  não tivesse presente.

Céu de Esperas (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora