Eron
Paula teve que tomar calmantes, porque só assim ela poderia aguentar o que eu já não estava aguentando.
À medida que as horas iam passando, eu só tinha conseguido acalma-la depois de ministrar-lhe altas doses de calmantes e a vi adormecer depois de três dias sem que pregasse o olho para dormir.
Todos os nossos amigos em comum estavam em ele era e saíram conosco para procurar Jonas , contrariando o pedido da polícia para aguardamos em casa.
E nesta loucura toda que se transformou a minha vida, eu recebi um telefonema de Glória, dizendo que a minha mãe não estava nada bem e que eu deveria ir vê-la.
Relutei contra um sentimento de dor e raiva que havia se instalado em mim desde que soube da participação da minha mãe no passado ajudada por Glória, forjando o teste de DNA que comprovava que Jonas era meu filho.
O passado não volta eu sei, mas aquele crime de minha mãe não poderia ficar impune, eu já não estava suportando mais, e agora com o desaparecimento de meu filho, teria que conversar com o investigador de Polícia que estava nos auxiliando.
Mas, o fato era que Cláudia era a minha mãe e eu tinha o dever de ir vê-la e tentar fazer o meu melhor.
Apesar de tudo, eu não era um monstro.Quando cheguei em minha antiga casa, não senti nada, não que eu não seja sentimental, mas em verdade eu nunca fui feliz nela, apenas vivia o dia a dia; nós homens temos este poder, encaramos os bichos de frente , o fato era que eu estava casado com Glória e acreditava que era o certo , que devia a ela toda a gratidão pela dor que acreditava que Paula havia me causado. É agora , aqui, é estranho pois já quero ir embora .
Glória veio ao meu encontro toda melosa e só aumentou a minha irritação, mas eu tinha que ser no mínimo educado.
Ela não saiu da casa, pois Se acostumou com o luxo da casa ,ao contrário de mim.
- Bom dia , Glória, como vai?
- Estou indo, sentindo a sua falta meu amor.
- Vou subir para ver minha mãe.
- Eu te acompanho.
- Eu sei o caminho, obrigado.
Fui na frente, uma vez que a simples presença de Glória me incomodava , e eu estava em alerta, porque aprendi que minha ex-mulher era um perigo.
O quarto tinha cheiro de mofo e eu cheguei mais perto , sendo interrompido por Glória que me pegou no braço numa leve caricia:
- Ela prefere ficar de janelas fechadas, por isto não abri.
Assenti e caminhei até a cama onde minha mãe parecia dormir e me assustei com seu estado.A pele flácida, estava mais pálida do que o habitual , havia sulcos ao redor de seus olhos e as rugas , brigavam entre si . Os lábios mais finos e sem cor. Senti pena de minha mãe, e um aperto no peito e no mesmo instante me veio a mágoa pelo que me fez. Uma mistura de todas as coisas que vinha acumulando ao longo dos meses desde que soube o que ela tramou e por fim me vi vencido pela pena que eu sentia dela, vendo-a ali, prostrado na cama , quase sem vida.
- Mãe. Falei.
- Mãe, o que a senhora tem?
- Meu filho, é você?
Assenti - sim, estou aqui. O medico já veio te ver.
Fui interrompido novamente por Glória
- Ele veio, é o mesmo médico meu , e disse que a sua mãe tem depressão. Ela também sente muito a sua falta.Não dei importância ao que ouvi de Glória, e continuei a fitar mamãe que agora abria mais os olhos e um pequeno brilho apareceu neles .
- Me perdoa, filho, por tudo. Eu nunca quis o seu mal, eu só quis te proteger.
Minha mãe estava tão debilitada que eu não tive ânimo de impacta-la com o que sabia.
Acariciei o seu cabelo grisalho e quando nossos olhos se perderam um no outro , nós sabíamos do que estávamos falando.
A minha mãe sabia que eu sabia. Apenas continuei com a minha mão em seu cabelo e juntos não seguramos as lágrimas.
Eu sabia que ela estava indo , seus batimentos cardíacos estavam fracos após meu exame e eu quis falar com o seu médico, mas Glória, mais uma vez me falou que Dr Pedro não estava na cidade e que teria que aguardar a sua volta .
Me entregou a receita com os medicamentos receitados por ele é pude comprovar que eram todos para depressão.
Eu era quem estava ficando mais depressivo com o quadro que estava vendo, minha mãe, tão cheia de vida e de repente , vegetando ali em cima de uma cama.
- Reaja mãe, por favor.
Ela sorriu, meio que débil e disse :
- Não há mais tempo .Me perdoa , filho.- Sempre.
Foi o que pude pronunciar e deixei minha mãe porque eu nada podia fazer , ela tinha que reagir e só dependia dela.
Saí seguido por Glória que tentou de todas as formas puxar conversa e fez até beicinho para que eu ficasse para um lanche , o que me encheu de raiva por que ela era cínica.
Na rua, me senti aliviado por me livrar de Glória, mas com um aperto no coração por minha mãe. Eu a amava, ela era a minha mãe. Fiquei de retornar no dia seguinte para ver o seu estado e de preferência quando Glória não tivesse presente.
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Céu de Esperas (Concluído)
RomanceEron e Paula. Um casal apaixonado mas que a vida separou. Qual será o desfecho de suas trajetórias? Será que Deus dará uma chance para eles? Será que a dor do abandono é maior que o amor que os unem? Esse romance é espiritual. Confira você mesmo o...