Capítulo 3

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Natasha Bastos

Ao fim da aula de desenhos técnicos não tenho muitas dúvidas, visto que a aula inteira foi sobre as tecnologias que vamos usar nas aulas e depois o professor liberou pro intervalo.
Como minha próxima aula era cálculo e eu precisava de uma atenção maior a essa matéria, porque me encaixava com ela, gosto de cálculo.
Resolvo ir até a biblioteca e pegar alguns livros pra dar uma olhada.

    — Boa noite. -chamo a bibliotecária- você poderia me indicar alguns livros de cálculo pra estudar?

   — Boa noite. -Ela sorri- claro, está em qual período?

   — Primeiro período. -sorrio de volta- engenharia civil.

   — Certo. -Ela se levanta da cadeira alta e entra numa sala sem porta, ao acender a luz percebo várias estantes recheadas de livros-

Ela demora um pouco, então fico observando o local antigo mas muito bem cuidado que era a biblioteca.

   — Você já fez o seu cadastro? -Ela pergunta depositando os livros encima da bancada-

   — Não.

  — Certo, então vamos fazer agora. -Ela pega seus óculos encima da mesinha e o encaixa no rosto- seu nome?

   — Natasha Bastos. -Respondo enquanto pego os dois livros que ela colocou encima do balcão-

   — Certo. -Ela termina de colocar as informações na minha ficha de biblioteca e me libera- sua carteirinha chega daqui uns dias, não se esqueça de vim pegar.

    — Obrigada. -Envolvo os livros nos meus braços e saio da biblioteca em direção a sala que teria a aula de cálculo-

No caminho reflito sobre o meu emprego no escritório de dentista e como eu precisava daquele dinheiro, afinal minhas economias já estavam no fim e eu precisava de dinheiro pra me manter.
Assim que eu chego no local que era pra ser a aula de cálculo, a sala está vazia e o professor sentado mexendo em seu notebook.

    — Boa noite, professor. -Bato na porta- a aula ainda não começou?

   — Hoje tem jogo. -Ele olha pra mim e retira seus óculos- por que está com tantos livros?

   — Pensei que teria aula.

  — Mas... -ele balança a cabeça- senta aqui. -Ele aponta pra mesa na frente da dele-

  — Sim? -Me sento aonde ele pediu, coloco os materiais encima da mesa de madeira-

   — Então você gosta de cálculo? -Ele cruza as pernas e me encara-

  — Bom... -Me ajeito na cadeira e o encaro de volta- eu me dou muito bem com cálculo.

   — Ótimo. -Ele bate palmas breves e começa a mexer no seu notebook- eu tenho um aluno péssimo em cálculos que precisa da sua ajuda.

   — Espera. -Engulo seco- da minha ajuda? Por que?

   — Se você for tão boa quanto diz, vai ser bom pra ele. -Ele continua digitando no seu notebook- e até pra você.

   — Pra mim? Desculpe, mas não estou vendo nenhum benefício pra mim. -Comento sem pensar e ele começa a rir-

   — O garoto está pagando por aulas extras. -Ele começa a mexer em sua bolsa de couro- é cálculo básico, impossível você não saber.

   — Mas.... -Como ele sabe que é impossível eu não saber? Ele nem me conhece-

   — Mas nada. -Ele deposita um teste avaliativo e um lápis na minha mesa- faça esses cálculos, e se acertar, o trabalho é seu.

Eu já ia devolvendo a folha mas lembrei que tudo que eu precisava era desse dinheiro agora.
E ajudar um jovem solitário com seus cálculos não seria tamanho sacrifício, seria?
Assim que passei os olhos na folha, eu sabia fazer todos, porque eram coisas muito simples, umas pegadinhas ali outras daqui, mas nada que um pouco de raciocínio não ajude.
Me ajeitei na cadeira, peguei meus óculos de grau e encaixei no meu rosto.
Amarrei meu cabelo em um coque seguro e comecei a fazer a mini prova.
Demorei tempo suficiente pra resolver os cálculos e devolvi a prova pro professor.

    — Vai aonde? -Ele pergunta olhando eu guardar meus materiais-

  — Embora? -Olho em volta- precisa de alguma coisa?

  — Vamos corrigir juntos sua prova, senta aí. -Ele ajeita o óculos e pega sua caneta preta na bolsa- eu tirei um peso gigante das minhas costas. -Ele sorri vitorioso-

   — E por que? -Volto a me sentar na cadeira aonde eu já estava-

   — Porque esse garoto estava me dando muito trabalho. -Ele balança a cabeça enquanto corrigi meus cálculos- mas agora esse trabalho é todo seu.

    — Obrigada pelo incentivo. -Reviro os olhos-

   — Qualquer dúvida, você pode me procurar, se ele estiver enchendo seu saco. -Ele me olha sorrindo- o que é muito difícil, ele é muito educado, mas é muito levado, coitadinho.

   — Ah, claro. -tomei no cu, eu teria que virar uma babá com esse garoto péssimo em cálculos, trabalhar e ainda cruzar os dedos pra conseguir uma vaga pra tentar essa chance de viajar pro México-

   — Você trabalha? -Ele me pergunta cruzando os braços-

   — Em breve começarei. -Respondo firme-

  — Então vocês terão que ter aula aos sábados de manhã, umas duas horinhas e já está excelente. -Ele volta a corrigir a prova-

    — Claro. -sorrio forçado e me encosto na cadeira-

   — O que você achou desse cálculo aqui? -Ele aponta pro número 18-

   — Teve uma pegadinha gostosa aí, mas acho que fiz certo.

  — Certo. -Ele balança a cabeça e volta a analisar as questões-

Depois de quase me matar de tédio, o professor de cálculo me liberou com um novo trabalho: ensinar cálculo pro aluno dele.

   — Na minha sala amanhã, antes da nossa aula, e já apresento vocês. -Ele diz feliz e volta a digitar em seu notebook-

   — Até amanhã. -Pego minhas coisas e saio da sala-

Até penso em ir no jogo ver a galerinha correr atrás de bola, mas estava tão exausta que precisava descansar.

   — Tá indo pro jogo, amor? -Luccas me para no corredor todo sorridente-

  — Que nada, estou indo embora. -Faço um beicinho- estou cansada.

  — Claro que está. -Ele revira os olhos e me abraça- então, bom descanso pra você.

  — Bom jogo pra você.

Ele se dirige em direção a quadra enquanto eu vou até meu carro, precisava tirar um cochilinho pra amanhã.
Assim que estaciono na garagem, pego minhas coisas e entro em casa.
Tomo um banho, coloco roupas leves e caio na cama.

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𝐎 𝐬𝐢𝐧𝐜𝐫𝐨𝐧𝐢𝐬𝐦𝐨 𝐝𝐨 𝐧𝐨𝐬𝐬𝐨 𝐨𝐥𝐡𝐚𝐫Onde histórias criam vida. Descubra agora