𝐎 𝐬𝐢𝐧𝐜𝐫𝐨𝐧𝐢𝐬𝐦𝐨 𝐝𝐨 𝐧𝐨𝐬𝐬𝐨 𝐨𝐥𝐡𝐚𝐫

Capítulo 9

Natasha Bastos

Termino de ligar para as clientes da semana, e anoto tudo num calendário pra passar ao doutor Andrade.

    — Aqui está. -prendo o papel em seu mural- precisa de alguma coisa?

  — Você anotou todos da semana no calendário? -ele leva sua mão a barba feita enquanto analisa minhas anotações no mural-

   — Sim, senhor.

   — Se eu precisar de alguma coisa eu te chamo. -ele se ajeita na cadeira- a Simone chegou?

  — Chegou sim, vou pedir pra ela entrar. -me retiro da sala-

Fecho a porta e caminho até minha mesa atrás do balcão.

   — Quem é a Simone? -falo com as quatro moças presentes na sala-

  — Eu. -ela coloca a revista de volta a mesa e vem até o balcão-

  — Você tá com o cartão aí?

  — Estou sim. -ela mexe na bolsa e logo me entrega o cartão necessário pro cadastro-

  — O seu é só uma limpeza, certo?

  — Sim, certo.

  — Assina aqui, por favor. -entrego o papel da consulta a ela acompanhado de uma caneta azul-

Após ela ler algumas informações do cadastro e confirmar que estavam certos, encaminho ela até a sala do doutor.

    — O dela é só uma limpeza, Bastos? -ele me pergunta antes que eu me retirasse-

  — Sim, só uma limpeza.

  — Ok.

Saio da sala e aproveito para adiantar o cadastro das outras pessoas na sala.
Simone não demora muito para liberar a sala.

   — Só um minuto para eu limpar a sala e pode chamar a próxima. -Andrade pede-

  — Ok.

A manhã foi bem calma e consegui me dar muito bem com os pacientes e com o doutor Andrade.
Ainda bem, preciso muito desse emprego.

   — Você vai ficar sem almoçar novamente? -Andrade me chama atenção enquanto tranca sua porta-

  — Não, hoje vou almoçar. -sorrio sem jeito-

  — Vamos juntos então. -ele retribui o sorriso-

  — Juntos? -engasgo. Ele era muito atraente, isso eu não posso negar, mas ele acima de tudo era meu chefe e precisávamos manter essas categorias no lugar-

  — Isso, vem. -ele me chama com a cabeça-

  — Tá. -sorrio sem graça e pego minha bolsa-

  — Vamos a um restaurante perfeito aqui perto. -ele abandona o prédio e eu o sigo-

  — Mcdonalds? -pergunto e ele começa a rir-

  — Você não acha as fritas daqui perfeitas? -ele arqueia a sobrancelha-

  — Acho, mas... -balanço a cabeça- vamos comer antes que eu desmaie.

Deixo pra lá todos os meus pensamentos de "ele é seu chefe sua maluca" e aproveito o almoço.
Pedimos um combo pra cada um e ele pagou tudo, eu não achei ruim mas fiquei sem graça.
Subimos pro andar de cima com as bandejas pra degustar os lanches.

   — Eu amo a maçã murcha que eles dão aqui. -João debocha enquanto abre o saco pequeno recheado de maçãs-

  — Se é murcha, então por que comprou a mais?