Goodbye, Los Angeles

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Steven Adler

Holly passou todo tempo mal, até desacordada, fui eu quem cuidou dela para que não se sufocasse com o próprio vômito. Ninguém da casa se prontificou a ajudar... Bando de inúteis. Estava quieto observando-a, sentado na velha poltrona ao lado da cama.

— Isso é normal, Stee? — ela perguntou com a voz baixa.

— É normal. — tentei confortá-la, tocando sua mão gélida. — Como se sente?

— Péssima. — suspirou. — Deprimida, enjoada, parece que cheirei demais... Horrível.

— Está tonta?

— Muito.

— Holly? — ouvimos um grito vindo do corredor e passos apressados. Levantei rapidamente, franzindo o cenho. — Holly! — de repente, um homem irrompeu no quarto e foi até ela: era Nikki Sixx, baixista do Mötley Crüe. — Meu Deus, você está bem?! O que aconteceu? Holly, me responde!

Fiquei boquiaberto.

Shannon Blythe

"Que merda meu cliente está fazendo aqui?", me perguntei assustada. Por um momento, parecia que eu estava atuando em uma cena de filme de comédia. Deus, nunca alguém se importou tanto comigo como Nikki... Nem meus próprios pais. Era estranho, muito mesmo, beirando o inacreditável.

— Holly! Quem foi o filho da puta que te drogou?! Irresponsável!

— Foi o Axl!

Lancei um olhar mortal para Steven e quase pulei no seu pescoço. Os olhos verdes de Nikki ficaram turvos e raivosos. Ignorei meu estado calamitoso, levantei da cama e o abracei para impedi-lo de sair dali.

— Acalme-se, por favor... Eu decidi experimentar heroína.

— Fiquei preocupado!

— Sei disso, mas não precisava. Você esquece que sou uma vadia, né?

— Você não é uma vadia! — alterou o tom de voz.

Nesse momento, com a conversa começando a esquentar, Steven saiu para nos deixar a sós.

— Ah, não! Claro que não! — ironizei, rindo.

— Não! Não é! Por isso me preocupo tanto, por isso...

— Por isso o quê?

— Nada. — ele deu as costas, mas eu o segurei.

— Fica comigo esta noite...

Surpreso, Nikki apenas sorriu, mostrando os dentes brancos e alinhados.

— Não sabia que morava com esses caras esquisitos... Quem são eles?

— É uma banda de hard rock chamada Guns N' Roses que começou agora.

— E como você veio parar aqui?

— Sou amiga de infância de um deles, o baixista, Duff McKagan. Viajamos de Seattle até L.A. juntos.

— Amiga? — ele era tão imaturo, às vezes.

— Sim. Duff e eu construímos 16 anos de amizade inabalável... Amizade! Difícil entender que sou uma...

— Que merda! — interrompeu. — E daí? Prostitutas também têm sentimentos!

— Ah, Nikki... Depois de transar com tantos aprendemos a não nos envolver tão fácil assim.

Ele balançou a cabeça negativamente e se calou.

* * * *

10 dias depois...

— Fica com esses pinos, Holly. — Samantha entregou cocaína. — Usa com moderação!

— Tudo bem. — respondi e ela saiu do camarim.

Ficamos sozinhos na sala: eu e meu vício desenfreado. Peguei uma revista pornográfica, coloquei sobre o colo e preparei carreirinhas na capa, prometendo a mim mesma que iria chapar. Enrolei uma nota de cinquenta dólares, tampei uma narina e cheirei tudo, rapidamente, sem pensar duas vezes.

— Caralho... — grunhi e joguei a cabeça para trás.

Fui tomada pela euforia de curto prazo, que sempre me deprimia ao passar e eu sentia como se insetos estivessem rastejando por baixo da pele.

Larvas?

Sei lá...

Era horrível, mas valia os momentos de felicidade e prazer. Entre aspas. As alucinações auditivas e visuais vieram e, além de vultos, luzes piscando, toques no corpo, cliques e batidas repetitivas, uma voz demoníaca falava milhares de coisas ao mesmo tempo dentro da minha cabeça.

Atormentada, tampei os ouvidos e comecei a gritar... Gritei até a garganta arder. Subitamente, alguém me chacoalhou.

— Holly, o que houve?! — Brooke falou em desespero.

Abri os olhos, espantada, lágrimas quentes escorrendo pelo meu rosto.

— Eu... Eu... — não conseguia responder.

Um silêncio mortal pairou sobre nós, até que ele me olhou atentamente e arqueou as sobrancelhas.

— O que... — tocou meu nariz e analisou o próprio dedo indicador, que estava com resíduo de cocaína. Naquele segundo, soube que tinha fodido tudo. — Ah! Sua vadia!

— Brooke, por favor, não...

— Rua! — ralhou, me obrigando a levantar da cadeira com um safanão. — Já é a milésima vez que faz isso, garota! Inadmissível! Quer prejudicar meu estabelecimento?! Saia já! Você sabe, mais do que ninguém, que drogas não são permitidas aqui!

Realmente, tinha fodido tudo.

O que será de mim, meu Deus?

Nikki Sixx

— Bem-vindos ao paraíso! — Vince gritou quando entramos no Seventh Veil.

A primeira coisa que fiz foi escorregar o olhar por todo salão, a fim de encontrar Holly. Aquela gostosa, desde o dia em que a vi pela primeira vez, tinha grudado nos meus pensamentos.

— Ei, Nikki! Que cara de idiota é essa? — Tommy perguntou, sentando à mesa. — Parece o Vinnie quando conheceu aquela prostituta. A tal de...

— Cala a boca! — Vince deu um forte tapa na nuca do baterista. — Nunca me apaixonei por prostituta nenhuma, Lee! Não sou tão baixo assim!

— Oh, claro que não!

Enquanto eles brigavam, eu não dava a mínima. Saboreando meu whisky, tudo entrava por um ouvido e saía pelo outro. Até que escutei um som alto de choro e isso me trouxe de volta à realidade.

— Aquela não é a Holly? — Mick franziu o cenho.

Avistei-a sair do clube de striptease e levantei num pulo da mesa, pronto para alcançá-la. Sabia que me zoariam depois, mas naquele momento nada importava além de saber o que estava acontecendo. Segui seu percurso e, por sorte, achei Holly facilmente. Ela falava com alguém pelo telefone público e seus cabelos lisos cobriam o rosto desesperado. Aproximei-me, cauteloso, para ouvir a conversa sem que ela me visse.

— Vó, por favor, eu preciso... Eu preciso morar com a senhora! — implorou. — Juro que te ajudo com as despesas, faço tudo que quiser... Só preciso sair dessa cidade!

— Sair da cidade? — sussurrei para mim mesmo.

Merda! Merda! Merda!

Call Girl | Nikki SixxOnde histórias criam vida. Descubra agora