Careless Whisper

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Shannon Blythe

Segurei no pole e virei de cabeça para baixo, abrindo um espacate no ar. Primeira sexta-feira do mês de abril e o Seventh Veil lotado. Enquanto me apresentava, homens se juntavam ao meu redor e todos, sem exceção, com calhamaços de dólares em mãos.

I feel so unsure ​
As I take your hand and lead to the dance floor
As the music dies, something in your eyes
Calls to mind the silver screen
And all its sad good-byes

"Careless Whisper" era uma música atual, muito sexy e minha favorita para dançar. Caminhei até o balcão do bar com notas presas na lingerie, assim que a melodia acabou. Duzentos dólares.

— Holly! — Jodie gritou, correndo até mim. — Lembra de algum Tommy?

Franzi a testa.

— Não, eu deveria?

— Ele quer um programa pra agora.

— Mande vir outro dia, então! — bufei.

— Se Brooke souber disso...

— Tô nem aí! Hoje não quero transar com ninguém! Já ganhei muito dinheiro!

Só quem vive ou já viveu no mundo da prostituição sabe o quanto é estressante... E eu estava no limite, fundo do poço, deprimida, viciada, ansiosa, pedindo a Deus para morrer. Sequei o suor do rosto.

— Certeza? — insistiu. — Pensa bem! E quando você não tem grana nem pra comer?

— É por isso que o Rage existe, ué! Naquele restaurante, Jodie, você paga um fucking dólar e pega tudo que quiser! — ri, dando de ombros.

— Hum... Lembra do Nikki?

— Para com isso, cacete!

— Lembra?

— Claro que não! — resmunguei. — Minha memória é uma merda... Transo com tantos caras num dia só, que até esqueço do próprio nome.

— Mas ele lembra de você.

— Sério? — arqueei as sobrancelhas. — Oh, não! Agora um babaca resolveu se apaixonar pela porra da prostituta! Já deu por hoje. Tchau.

Saí dali, apressada, chocando os saltos finos contra o carpete vermelho. A regra da prostituição é simples: não confunda amor e sexo.

Nikki Sixx

A outra stripper se aproximou da nossa mesa.

— Nada feito, Tommy.

— Merda! Então chama a gostosa da Samantha, por favor.

— Ok. — ela sorriu, antes de se afastar.

Vince riu.

— Que é, idiota? — Thomas perguntou, irritado.

— Você sempre tenta, mas nunca consegue foder a Holly.

— Nikki é um filho da puta, cara!

— Por que? — agora eu perguntei, reprimindo a gargalhada.

— Por que? — me imitou com voz fina.

— Ninguém resiste, amigo.

— Ah, tá bom! Foi só questão de sorte!

— Olá! — Sammy chegou. — Vamos, Tom?

Eles foram ao quarto do clube.

Peguei a garrafa de Jack Daniel's e bebi direto no gargalo. Vince assoviou de repente e o motivo era Shannon, obviamente, que rebolava no centro do salão.

— Ei, Holly! — gritou e bateu sonoras palmas.

Mas ela nem olhou.

— Que vadia, dude!

— É... — ri, acendendo um cigarro. — A garota é cheia de personalidade.

Shannon Blythe

— Uma dose de Woodford.

O bartender virou para pegar a garrafa.

— Gelo?

— Duas pedras.

Então, alguém me abraçou por trás e me apertou contra o balcão de madeira maciça. Olhei para suas mãos e sorri, reconhecendo-as de algum lugar distante.

— Quem é?

— Sou eu, Shannon.

Arregalei os olhos quando meu verdadeiro nome entrou pelos ouvidos.

— Nikki?! — era o cara de três meses atrás.

Olhei por cima dos ombros.

— Olá! — ele fungou meu pescoço.

O homem do bar entregou o copo com a bebida alaranjada, eu bebi um tanto e dei para Sixx outro tanto. Ele fez "hum..." no meu ouvido.

— Woodford Reserve?

— Sim. — respondi.

— Teor alcoólico de 45.20%, baby.

— E como sabe?

— Amo whiskys.

Call Girl | Nikki SixxOnde histórias criam vida. Descubra agora