Não era incomum que eu adormecesse com olhos topazianos pairando sobre a minha cabeça; era como se Ruggero estivesse o tempo inteiro me espreitando, vigiando cada sonho, escondido por trás de cada véu assombroso dos meus pesadelos de cada noite.
E então eu me acordava com o peito ofegante, a boca ressecada e a pulsação acelerada pelo medo dos sonhos ruins, por todas as vezes que ele ia embora e pelas vezes que eu sequer podia vê-lo, mesmo sabendo que ele estava por perto.
Perdê-lo me corroía a sanidade e talvez eu já não tivesse mais nenhuma.
Passava pouco das cinco da manhã quando acordei definitivamente e decidi que não tentaria mais dormir, afinal precisaria começar a montar a minha farsa perfeita do dia. Faltavam poucas horas para o inicio das aulas.
Mais um ano letivo e isso não me animava nenhum pouco.
Todos esperavam que eu fosse bem, que já começasse a pensar nos estudos visando o vestibular no ano seguinte, mas eu não tinha a menor pressa, ainda teria o segundo ano do ensino médio inteiro para me preparar para o terceiro ano e, só então, dizer a quem interessasse que eu não pretendia sair de Bela Rosa para cursar faculdade nenhuma, tampouco pensava em viajar para me descobrir.
Eu só queria ficar ali e ponto. Sem planos.Talvez uma parte minha ainda acreditasse que se eu não saísse de Bela Rosa, Ruggero voltaria para mim.
Sair daquela cidade seria admitir que acabou e eu não estava pronta para dizer adeus.Me arrumei rapidamente, já estava craque em esconder a cicatriz e eu fiz um esforço enorme para chegar a esse grau de praticidade, principalmente porque olhar para ela me lembrava constantemente das palavras que ouvi dele no hospital.
Balancei a cabeça para afastar aquelas memórias.
Fui até a minha cama e a arrumei da melhor forma, depois remexi na mochila e enfiei dentro dela o celular e os fones de ouvido, por fim, contornei a mesinha e abri a gaveta para pegar o meu estojo, deslizei o zíper por seu trilho colorido e pesquei o último saquinho que ainda tinha dentro dele.
O último. E eu precisaria de mais.
Aspirei o pó e agitei a cabeça para lá e para cá, soltando um suspiro profundo pelos lábios entreabertos, depois escondi o saquinho dentro de um dos bolsos da mochila, guardei tudo e sai do quarto, porque já podia ouvir vozes vindas do andar de baixo.
Quando cheguei à cozinha, mamãe estava servindo café para o meu pai que tentava a todo custo fazer um laço perfeito em uma caixinha branca.
Franzi o cenho observando a cena.
─ Esqueci o aniversário de alguém? – Indaguei enquanto dava um beijo na bochecha da minha mãe e depois na bochecha do meu pai. ─ Para quem é essa caixinha?
Papai soltou um suspiro de frustração e deixou o laço torto de lado.
─ É só uma lembrancinha para os nossos novos vizinhos. – Explicou. – Quer dizer, as pessoas que se mudaram moram algumas ruas depois da nossa, mas como somos da família fundadora...
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O Perfeito Topázio {Vol.2}
FanfictionUm conto de amor que foi escrito pelas mãos sádicas da morte e que arrebatará seu coração, você queira ou não. . Karol ainda tenta com todas as forças acomodar o amor que sente por Ruggero em um lugar escuro e frio dentro de seu coração, mas todas a...