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Papai me emprestou o cartão de crédito para que eu levasse Jorge até a cantina do hospital; a transfusão havia durado mais do que meus nervos estavam aptos a suportar, mas quando finalmente acabou, praticamente me joguei nos braços do meu amigo

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Papai me emprestou o cartão de crédito para que eu levasse Jorge até a cantina do hospital; a transfusão havia durado mais do que meus nervos estavam aptos a suportar, mas quando finalmente acabou, praticamente me joguei nos braços do meu amigo. Era um misto de medo e gratidão.

Era uma situação medonha e eu não pude fazer nada além de esperar, por isso me sentia na obrigação de compensar a todos.
Principalmente o Jorge.

─ Você vai me ajudar a comer tudo isso, né?

Olhei para a pequena mesa que tínhamos nos sentado minutos antes e franzi o cenho.

─ Eu não doei sangue. – Respondi dando de ombros. – Portanto, coma tudo.

Jorge arqueou uma de suas grossas sobrancelhas para mim.

─ Karol, você comprou muita coisa. Além do mais, não estou com fome, só estou um pouco zonzo, mas a médica explicou que é normal.

Peguei o copo cheio de suco de acerola e estendi na direção dele.

─ Apenas pare de ser teimoso!

Ele riu, mas acabou aceitando o suco.

Eu não tinha comprado tanta coisa assim; eram apenas alguns pães de queijo, dois sucos, três coxinhas e algumas barrinhas de cereais.
O básico.
Ah, e um copo de vitamina de banana com mamão, mas ainda estavam preparando.

─ Sabe... – Jorge deu um longo gole no suco e depois devolveu o copo à mesa. ─ Você também precisa comer e precisa se acalmar. O Ruggero vai ficar bem, eu sei que vai.

Fiz uma careta para a comida.

Meu estômago revirava só de pensar em comer algo; eu não tinha vontade de nada porque o meu Ruggero estava numa mesa hospitalar lutando para continuar respirando.

─ A médica disse algo pra você? Quer dizer, você passou bastante tempo lá dentro...

─ Não. – Ele pegou um pão de queijo e deu uma mordida, então voltou a falar: ─ Eu sei que é inútil ficar repetindo que tudo vai ficar bem, mas é a verdade. Tenho certeza que o meu sangue vai ajudá-lo. Os médicos vão conseguir trazê-lo de volta perfeitamente.

Fiquei observando enquanto ele mastigava e abanei a cabeça, frustrada.

─ Eu queria poder entrar lá... Não sei, mas se eu ficasse com ele, se ele soubesse que eu estou aqui...

─ Tenho certeza que ele sabe. – Sorriu. – Se ele não imaginar que você está aqui, então ele não é digno do tamanho do amor que você sente por ele.

Assenti devagar sem saber exatamente o que responder.

A intensidade com que Jorge me olhava ainda era capaz de me desestabilizar, porque o sentimento dele era pautado numa pureza que nunca vi antes, tampouco conseguia destrinchar o que havia por trás dos motivos dele me amar.

O Perfeito Topázio {Vol.2}Onde histórias criam vida. Descubra agora