Morrer parecia pouco para mim.
Morrer não iria me eximir de culpa alguma; morrer não faria com que a minha alma deixasse de doer do jeito que doía, nem acalmaria meu coração acelerado, tampouco a traria de volta para os meus braços.
Morrer não a faria viver.
A ambulância havia chegado depressa e os paramédicos a arrancaram dos meus braços, colocaram seu corpo ensanguentado numa maca barulhenta e começaram a cercá-la como se ela fosse apenas uma pessoa qualquer e não a mulher mais especial do mundo. Ninguém entendia que ela precisava ficar viva.
Eu gritei para os médicos da ambulância, gritei para todos, mas não me ouviam, não entendiam...
Se eles podiam fazer algo, tinham que fazer!
Não deu para entender o que diziam... Eles falavam coisas desconexas e ficavam repetindo que ela não tinha pulso... Um dos paramédicos fez massagem cardíaca em seu peito e depois ficou negando com a cabeça, como se...
Não.
Eu não aceitava.
Chegamos ao hospital e ela foi levada para longe de mim, então eu fiquei perambulando pela recepção cheia de gente barulhenta, esbarrando nas pessoas, puxando os cabelos pela raiz, desejando morrer ali.
Eu tinha que morrer, não ela.
Os pais da Karol chegaram rápido – ou talvez eu tivesse perdido a noção do tempo – e começaram a fazer perguntas, mas eu não conseguia falar.
Eu não conseguia dizer nada; eu só queria que o senhor Javier gritasse comigo, que me colocasse para fora do hospital e me entregasse à polícia, mas minha covardia sequer me deixava assumir minha culpa.Porque fui eu que atirei nela.
Eu, e apenas eu, tinha toda a culpa.
Fiquei sentado no canto da parede, segurando a cabeça, tremendo de frio e de desespero, clamando pela morte ou por uma única notícia dela, qualquer coisa...
─ Ei.
Ergui a cabeça lentamente e Lia apareceu no meu campo de visão nublado.
Assenti.
Ela parecia diferente e tinha uma coroa na cabeça, então me lembrei do concurso.
A Karol tinha que ter estado lá...
─ A Karol... – Foi o que eu consegui murmurar.
Lia ficou de joelhos na minha frente e me puxou para um abraço, me apertando com força e estremecendo com o choro forte que escapava de sua garganta; assim como eu.
─ Vai ficar tudo bem.
─ Ela não estava respirando...
─ Ela vai ficar bem. Eu sei que vai.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Perfeito Topázio {Vol.2}
FanficUm conto de amor que foi escrito pelas mãos sádicas da morte e que arrebatará seu coração, você queira ou não. . Karol ainda tenta com todas as forças acomodar o amor que sente por Ruggero em um lugar escuro e frio dentro de seu coração, mas todas a...