Eu não tinha dormido direito a noite inteira e me levantei antes do sol nascer, mas desta vez não quis ir correr, muito embora desejasse fazer isso, entretanto, meu corpo e a minha mente estavam exauridos pelos pensamentos constantes sobre o dia anterior.
Eu precisava tomar uma atitude quanto a isso, se não passaria a vida inteira apenas reagindo ao que Ruggero fizesse.
Ele se move, você se move, como se fossem imãs. René falou para Bella em certo momento do livro, e talvez eu estivesse nesse mesmo impasse com Ruggero. E isso precisava parar, imediatamente.
Não dava para viver refém de suas palavras maldosas e suas ofensas gratuitas. Se ele não se lembrava de mim, eu teria que entender que o meu fantasma havia morrido, e isso teria que me dar forças para continuar, de qualquer forma, nem que fosse apenas por fora.
Ele não precisava saber como eu me sentia. Ninguém precisava.
Uma hora ou outra isso tudo entraria na minha cabeça e tudo em mim se acostumaria com o fato de que seguir em frente era a única opção.
Pelo menos eu tinha que tentar.
Tente, Karol. Tente.
Enquanto pincelava a maquiagem no meu rosto, fui repassando mentalmente que precisava me focar no que era importante naquele momento, ou seja, nos estudos, na minha família, na Lia...
Buscar forças, mesmo que fossem emprestadas.Deixei de lado o pincel fofinho e fui pegar na mochila o resto do pó que ainda havia no saquinho transparente que Téo me vendeu na manhã anterior.
Depois de formar uma carreira de cocaína em cima da mesinha, aspirei tudo de uma vez e uma ardência forte me fez torcer o nariz, mas aquela dor era apenas um pequeno preço a se pegar por tudo de bom que aquele mero pó podia me proporcionar.
Respirei fundo e umedeci os lábios, agitei o corpo com força e passei as mãos pelos cabelos.Logo surtiria o efeito.
Peguei minha mochila e desci praticamente pulando os degraus. Dava para começar a sentir a energia se manifestando nas minhas veias que pulsavam feito loucas, amenizando as agonias e assoprando para longe a melancolia da noite.
Estava na hora de traçar outro caminho para a sanidade e o começo seria não pensar nele.
Se ele queria ir atrás de Bianca e passear com ela na garupa da moto, tudo bem, tanto faz. Que sejam felizes e que tenham pequenos demônios para chamar de filhos.
Eu não tinha que me importar.─ Seu cadarço está desamarrado. – Lica disse assim que entrei na cozinha.
Olhei para baixo e franzi a testa.
─ Não está, não.
─ Eu sei, só estava zoando você, sua bobona!
Fiz uma careta pra ela e ameacei atirar a garrafa de café em sua cabeça, mas mamãe a pegou de mim e a colocou de volta na mesa.
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O Perfeito Topázio {Vol.2}
FanfictionUm conto de amor que foi escrito pelas mãos sádicas da morte e que arrebatará seu coração, você queira ou não. . Karol ainda tenta com todas as forças acomodar o amor que sente por Ruggero em um lugar escuro e frio dentro de seu coração, mas todas a...