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Lia estava encolhida em um canto da cama quando atravessei o batente da porta de seu quarto

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Lia estava encolhida em um canto da cama quando atravessei o batente da porta de seu quarto.

Eu sequer poderia dizer como cheguei ali, porque simplesmente tudo se tornou um borrão sem vida quando ouvi sua voz desesperada ao telefone; apenas me recordo de ir ao banheiro, me lavar às pressas e vestir a primeira roupa de Jorge que encontrei no roupeiro, apenas porque a minha roupa estava imunda, fedendo a tudo de pior.
Entretanto, aos poucos tudo ia se esfarelando na minha mente, talvez porque enquanto fazia tudo isso, a voz de Lia ficava ecoando na minha cabeça.

Assim que me viu ela se levantou aos tropeções e correu para mim, jogando os braços ao redor do meu pescoço e quase me derrubando com seu peso.
Ela tremia como nunca vi antes.

─ O que aconteceu? – Perguntei já sentindo as lágrimas empoçarem.

Lia soluçou.

─ Foi horrível...

O pavor aperta meu coração com seus dedos espinhosos até que eu fique com a sensação de que vou morrer.

─ Lia... – Afasto-a e seguro seu rosto. ─ O que aconteceu com você?

Seus olhos estavam tão vermelhos que qualquer um seria incapaz de ver o tom castanho cheio de vida que serpenteou por ali desde sempre; era como se alguém tivesse apagado a minha amiga.

Seus lábios tremiam.

─ Eu juro que eu não tive culpa... – Soluçou de novo. – Eu juro que não provoquei nada disso... Ele... Ele estava bêbado e ficou vindo atrás de mim... E eu não sabia o que fazer...E-eu...

─ Lia, pelo amor de Deus. – Sequei suas lágrimas com os polegares enquanto a olhava no fundo dos olhos. Eu também tremia. ─ Fala devagar. Quem te deixou assim?

Ela puxou o ar com força e se engasgou, depois tentou de novo e foi menos difícil desta vez.

─ Um dos clientes do Luz Vermelha... – Fungou. – Ele... Eu estava mandando uma mensagem pros seus pais avisando que você vinha pra cá, e já ia entrar lá, mas ele saiu... E-eu não tive culpa, juro. Ele ficou me chamando e... – Seus olhos se fecharam com força e seu rosto transmitiu um nojo indescritível. ─ Ele abaixou a calça e colocou o pênis pra fora, me chamando, mandando eu fazer um... Ai meu Deus! – Lia me abraçou de novo, me apertando. ─ Ele queria que eu chupasse ele, ficou repetindo isso, dizendo que eu também era uma das prostitutas... Karol, eu juro que eu não fiz nada. Eu não o provoquei.

Uma ânsia de vômito imensurável fez meu estômago se retorcer ao imaginar a cena.

─ Amiga, eu sinto muito... – A abracei com mais força. ─ Eu sinto muito... Eu... Me perdoa por não estar com você, por não ter te ajudado. Me perdoa.

─... Ele me empurrou contra a parede e eu gritei muito, Karol. Eu gritei demais.

Dava para imaginar, porque ela estava rouca demais, quase sem voz.

O Perfeito Topázio {Vol.2}Onde histórias criam vida. Descubra agora