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Lourenço, São Paulo

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Lourenço, São Paulo

Um mês atrás... 

Estacionei a moto atrás do carro prata que eu vinha seguindo e retirei os óculos escuros.

Por um momento repassei tudo o que estava indo fazer ali e me convenci de que voltar atrás não era uma opção, mesmo que eu só estivesse caminhando rumo a uma confirmação do meu maior medo.
Não tinha escolha.

─ Você podia dar um jeito no barulho dessa moto.

Olhei de cima abaixo para o homem franzino que estava em pé na calçada e controlei a vontade de fazê-lo engolir dente por dente, simplesmente por ele ainda estar me encarando como se eu fosse um diabo.

─ Eu poderia dar um jeito em você. – Rosnei descendo da moto.

Ele deu um passo para trás e ajeitou a túnica vermelha que trazia na cabeça.

Não tinha como ser mais ridículo.

─ Eu estou aqui para te ajudar, será que não pode ser mais educado?

Arqueei uma sobrancelha.

A minha dor de cabeça só aumentava.

─ Você está aqui porque desde que eu acordei daquele maldito coma não deixei de te procurar e de tentar falar com você, e não porque você é bonzinho.

Otávio Romero aprumou o terno azul que usava e empinou o queixo.

─ Ameaçar as pessoas não é cortês.

─ Ótimo, não tenho tempo para cortesias. – Apontei para a casa cor-de-rosa que ele tinha parado em frente. ─ Vai na frente. ─ Mandei.

Ele titubeou um pouco e olhou para o brutamonte que estava parado perto do carro, mas o homem não se moveu, apenas Otávio Romero.

Eu não pretendia fazer nada com aquele infeliz, principalmente porque ele era a minha única esperança. A única chance de que eu conseguisse achar uma resposta ou talvez uma sentença definitiva.

E foi por isso que passei os meses após acordar do coma indo atrás dele como podia; às vezes mandando e-mails que nunca eram respondidos, às vezes ligando para os números que via nos cartazes na internet e às vezes deixando mil mensagens nas redes sociais, porém tudo o que recebia em troca eram mensagens eletrônicas, nada que pudesse abrandar meus demônios.

Nada que me dissesse que eu ainda poderia ser dela.

Balancei a cabeça para tentar afastar as lembranças e mordi o lábio para me concentrar em outra dor.
Porque pensar nela, na minha Linda, era como deixar-se romper as barreiras e então as lágrimas, os tremores, as dores vinham aos montes.

Tudo de uma vez. Tudo me soterrando.

─ Só uma coisa; - Otávio Romero parou e se virou para mim antes de bater à porta. ─ Titia Margô é uma senhora sensível, portanto... – Ele me olhou de cima abaixo. ─ Tente não ser tão... Você.

O Perfeito Topázio {Vol.2}Onde histórias criam vida. Descubra agora