Epílogo

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RUGGERO PASQUARELLI

A areia branca da praia cobria meus pés a cada passo que eu dava.

Os sonhos haviam me arrastado até ali com uma força avassaladora e foi fácil para ele me arrancar de minha inércia, deitando-me sobre plumas brancas manchadas de tintas diversas, pincelado cada centímetro de amor.

Minha calça branca estava dobrada até o meio da canela e minha camisa branca tinha alguns botões abertos. Eu me sentia bem, principalmente por causa da brisa morna que o vento soprava na minha direção.

As ondas do mar se quebravam em câmera lenta.

Karol se levantou como se pudesse sentir minha presença e caminhou na minha direção.

A face avermelhada por causa do sol, um vestido branco que lambia a areia, os cabelos voando como um redemoinho sobre sua cabeça e os olhos verdes estreitados por causa da claridade, mas em nenhum momento saiam de mim.

O cheiro da maresia cobria o ar e invadia meus pulmões.

Respirar era um luxo pra mim naquele momento, porque ela estava ali e era real. Ou pelo menos eu queria muito que fosse.

─ Ruggero. – Falou, sorrindo em seguida.

Estendi a mão e toquei sua palma que estava virada para cima, me convidando a me aproximar mais.

─ Linda... – Cheirei seu rosto, seus cabelos e me demorei com os lábios sobre os dela. ─ Linda...

Karol sorriu e ficou na ponta dos pés a fim de me alcançar.

─ É o nosso lugar, amor.

─ O nosso lugar. – Afirmei.

Ajeitei uma mecha revolta de seu cabelo atrás da orelha.

─ Estava te esperando para que cantasse pra mim.

Eu ri.

─ Eu sempre acho que você está se aproveitando dos meus dotes...

─ E eu sempre acho que você tem um ego enorme.

Olhei para ela como se estivesse aborrecido, mas provavelmente não consegui lhe convencer disso.

Ela me conhecia perfeitamente.

Puxei-a para mais perto e a ergui do chão, deitando-a em meu colo, indo na direção do mar, então a coloquei no chão novamente e quis que ela sentisse como a água gelada beijava nossos pés sujos de areia.

Karol abraçou meu tronco e deitou a cabeça no meu peito, estava ouvindo meu coração como sempre fazia.

─ Lembra quando nos encontramos aqui a primeira vez? – Indagou.

Apoiei o queixo no topo de sua cabeça e observei enquanto uma onda se quebrava.

─ Eu disse que ia cuidar de você nos seus sonhos... – Relembrei. – E pedi que pensasse em mim, então nos encontramos aqui...

─ E eu pude sentir você pela primeira vez.

─ Eu nunca pensei que precisava sentir tanto o toque de alguém até que senti o seu.

O céu parecia sumir na imensidão do mar; se completavam, se engoliam, se espelhavam...

Eram como nós dois.

─ Foi aqui que eu descobri que poderia me apaixonar por batidas de coração. – Falou.

Eu sorri.

─ E eu te falei que aquelas batidas nem se comparavam com o tanto que meu coração batia sempre que estávamos próximos, no mundo real. – Umedeci os lábios salgados. ─ Eu sempre quis que você soubesse do tamanho do meu sentimento.

─ E eu sei. – Ela tombou a cabeça para trás para olhar nos meus olhos. ─ Seus perfeitos topázios sempre foram muito transparentes para mim, sabia? Até hoje consigo te ler através deles.

─ Gosto do apelido que você deu aos meus olhos.

─ Gosto que esteja aqui.

Suspirei pesadamente e me afastei um pouco, mas continuei segurando suas mãos.

Eu precisava olhá-la e me afundar na sensação maravilhosa que era tê-la, porque não importava mais nada.

Só ela.

Só a minha Bela Rosa.

─ Heathcliff era a pior pessoa que já conheci nos livros, mas numa coisa ele estava certo... – Falei. ─ Desde o momento em que te vi a primeira vez eu soube, exatamente como ele soube que amava a Cathy. Eu entendi que não poderia viver sem a minha vida, que não viveria sem a minha alma. Sem você, Karol. – Toquei sua suave cicatriz. ─ Então eu sempre estarei aqui para você.

Ela pegou minha mão e a levou até os lábios, beijando-a.

─ Não sei de que material são feita as almas, mas seja lá qual for, a sua e a minha são feitas da mesma coisa.

Reconheci aquela fala do mesmo livro.

Talvez fôssemos exatamente como Cathy e Heathcliff de O Morro dos Ventos Uivantes. Éramos uma espécie de droga um para o outro, mas nenhum estava disposto a abrir mão disso.
Estávamos bem como estávamos.

Estávamos na nossa praia, estávamos juntos, estávamos tão apaixonados quanto a primeira que pisamos ali, no passado.

E isso nos fazia eterno.

Éramos eternos.

E éramos, para sempre, um do outro.

Beijei sua boca com toda a minha paixão e me deleitei com o sabor visceral de seus lábios. Nossas línguas eram intimas e nossos toques, sincronizados.
Nossos corpos se conheciam como se sempre estivessem colados; éramos constelações do mesmo céu acinzentado e chuvoso.

E foi assim que a morte se apaixonou pela vida; e, tal qual o sol e a lua, só havia uma forma de ficarem juntos.

----***---**

Final completamente aberto à teorias. 

E... Amo vocês, tá?

Obrigada por me acompanharem até aqui, por tantos e tantos comentários... Vocês são as melhores pessoas. Nunca serei capaz de agradecer o suficiente.

Saibam que essa duologia foi tão especial para mim, quanto acredito que foi para vocês.

E para sempre estará no meu coração.

Obrigada, Obrigada e obrigada!

O Perfeito Topázio {Vol.2}Onde histórias criam vida. Descubra agora