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Resistir ao impulso de correr atrás dela e dizer que toda e qualquer música que canto é para ela foi difícil, mas eu tentei me prender àquela cadeira como se fosse meu maior carrasco e me mantivesse acorrentado ali

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Resistir ao impulso de correr atrás dela e dizer que toda e qualquer música que canto é para ela foi difícil, mas eu tentei me prender àquela cadeira como se fosse meu maior carrasco e me mantivesse acorrentado ali.

Eu não tinha o direito de interferir em mais nada, mesmo que todos os meus impulsos gritassem para ir. Eu tive que gritar de volta que não podia.

Sim, só Deus sabia o quanto eu estava me aproveitando do resto do meu autocontrole, mas rezei para que ele fosse mais forte do que meu coração apaixonado.
Pela Karol eu tinha que aprender a me controlar.

Mesmo que isso quisesse dizer que teríamos que ficar longe um do outro.

Eu só precisava enfiar isso na minha cabeça de alguma forma.

─ Aqui amor, vamos ficar aqui! – Bianca agitou a mão no ar para me mostrar onde iríamos sentar.

De alguma forma ela tinha conseguido assentos na primeira fila bem perto do palco. Eu realmente não me sentia animado para todo aquele alvoroço, mas fiz um esforço para costurar uma boa expressão na cara e até pedi licença educadamente para as pessoas enquanto ia me juntar a ela.

Entreguei o violão que trazia nas mãos para um cara magricelo que estudava na nossa turma e me sentei.

─ Quando é a sua apresentação? – Perguntei fingindo um interesse que não tinha.

Bianca deitou a cabeça no meu ombro.

─ Sou a penúltima do dia. – Suspirou. – Eu preferia ser a última, para fechar com chave de ouro, mas... Enfim, tenho certeza que serei perfeita.

Entrelacei meus dedos entre as pernas e pressionei os lábios numa linha reta.

Talvez eu não devesse, mas inconscientemente comecei a esquadrinhar o ambiente procurando pela Karol, tentando encontrá-la entre tantos alunos ansiosos.

Pelo que eu tinha visto nos cartazes do sarau onde haviam posto tudo que seria apresentado no dia, ao lado do nome da Karol dizia que ela iria cantar; também me lembro perfeitamente que ao ler aquilo meu coração saltou no peito e imediatamente recordei do dia em que ela cantou para mim na praia.

Sempre tentei manter aquela lembrança o mais intacta possível.

Sua voz melódica era um Oasis dentro do inferno que eu vivia.

Meus pensamentos foram interrompidos pelo apito do microfone quando ele foi ligado. Todo mundo reclamou do barulho e alguns tamparam os ouvidos com as mãos, então o vice-diretor pediu desculpas e ajeitou o fio que atravessava o palco.

O tal palco era bem alto com o chão preto e oco; também havia bancos altos na parte de trás e alguns pequenos holofotes em volta.

Uma superprodução para um mísero sarau de português.

O Perfeito Topázio {Vol.2}Onde histórias criam vida. Descubra agora