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Dias depois

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Dias depois...

Parada na frente da janela do meu quarto é difícil destrinchar todos os acontecimentos dos últimos dias.

Há uma luz forte abrindo caminho por entre as nuvens de chuva que se formam no céu, no entanto, ninguém da cidade parece se importar com o temporal que vai cair, simplesmente porque é o famigerado dia da Festa das Rosas.

Abraço meu próprio corpo e penso em como seria mais fácil não existir neste dia, entretanto, não há para onde correr porque o passado tem braços longos e memória extraordinária. Ele nunca te deixa esquecer das dores.

Suspiro pesadamente deixando meu peito murchar até que meu corpo todo penda levemente para frente.

Pelo menos Ruggero está bem agora.
Ele recebeu alta do hospital para o qual havia sido transferido – graças à petulância de papai – e, melhor ainda, não havia sequelas do acidente. Ruggero parecia quase totalmente recuperado, a não ser por algumas cicatrizes nas mãos e na barriga, coisas sem importância diante de tudo o que já passamos.

Vê-lo se recuperando plenamente retirava uma carga pesada dos meus ombros.

Ele estava naquela racha para pagar a minha dívida com o Téo e foi difícil arrancar essa verdade dele, mas também não havia para onde correr, porque eu não lhe dei escolhas; ou ele me contava ou eu o deixaria.

Não queria mais que me tratassem como se eu fosse uma idiota.

Mas, de qualquer forma, foi complicado superar a culpa colossal que quebrava meus ossos um a um só de pensar no que ele tinha passado por minha causa; Ruggero se sacrificou e colocou a própria vida em risco para que eu vivesse...
E agora eu o merecia ainda menos.

Precisei deixar a covardia de lado e contei aos meus pais sobre Téo, principalmente porque não havia mais motivos para esconder, e claro, Téo estava rondando a casa de Amélia e, jamais, ela merecia estar na mira daquele infeliz.

A polícia foi acionada pouco tempo depois e começaram as buscas na garagem da casa dele, porém Téo não estava mais lá, sequer sabíamos se ele continuava na cidade...
Os pais eram ricos demais para permitir que o filho fosse preso, então não sabíamos nada dele e se seria preso.

Apesar de todos dizerem que estava tudo bem agora, eu ainda tinha medo.

Por mais que a polícia estivesse vigiando a minha casa e a casa do Ruggero, nada me tirava da cabeça que no meio da noite o Téo poderia pular a janela do meu quarto ou atirar nas minhas costas enquanto eu estivesse entrando na escola...

Era como se ele estivesse me fitando por entre as brechas da minha pouca sanidade.

E agora essa maldita festa...

Pensar nessa festa me fazia pensar na Valentina e em como eu a perdi poucos dias antes... Em dois anos tudo tinha desandado de uma forma absurda.
Era para estarmos nos formando no ensino médio, decidindo se iríamos para a faculdade ou não; Valu com certeza iria para o Rio de Janeiro, mas ainda nos veríamos sempre, esse era o plano.

O Perfeito Topázio {Vol.2}Onde histórias criam vida. Descubra agora