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Meu pai morreu num dia qualquer de uma semana qualquer; no dia da morte dele não houve nenhum evento especial, tampouco conseguimos fazer um velório descente

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Meu pai morreu num dia qualquer de uma semana qualquer; no dia da morte dele não houve nenhum evento especial, tampouco conseguimos fazer um velório descente. Foi apenas uma morte e fim.
Papai não era um homem que andava na lei, muito menos tinha dinheiro guardado para o sustento futuro do filho. Meu pai foi enterrado como um viciado que não tinha valor. Meu pai não era nada para os outros. Ele só era alguém para mim e para a vovó.

Vó Amélia me acolheu com uma doçura que eu nunca tinha experimentado antes e foi surreal sentir o calor de um abraço. Minha avó sempre foi tudo aquilo que meu pai disse que o amor não era. Papai sempre esteve errado, talvez por isso tenha morrido sem significar muito.

Quem não ama, não viveu e, consequentemente, morre sem fazer falta.

Mas com Vó Amélia era completamente diferente. Vovó sempre soube amar e praticar o amor, então, se ela morresse, eu suspeitava que o mundo pararia de girar e todos cairiam de joelhos lamentando sua morte.
A doçura de Vó Amélia sustentava minha vida e era a base para a minha sanidade.

Por isso eu estava enlouquecendo. Por isso a mensagem que Teodoro enviou pra mim com uma foto da minha avó desacordada e amarrada me fez entrar em pânico.

Ele tinha pegado a minha avó e ameaçou matá-la. E ele mataria, eu sei que mataria, porque Teodoro era como papai, eles não sabiam amar e não sabiam reconhecer o amor.

Minha avó não podia se tornar a moeda de troca nessa situação medonha, porque ela simplesmente não tinha culpa de nada, muito pelo contrário.
Vovó não tinha nada haver com isso; o problema daquele infeliz era só comigo, jamais com ela.

Mas eu também não podia simplesmente ir atrás do Teodoro e deixar Karol... Deus sabe que aquele infame tinha mil capangas e que qualquer um deles poderia pegá-la assim que eu virasse as costas.

Eu tive que pensar em meros segundos e decidir.

E, antes de tudo, eu tinha que pensar nelas.

Eu salvaria Vó Amélia e, em contrapartida, só havia uma pessoa para quem eu entregaria a segurança da Karol, porque se eu não voltasse, ele a protegeria para sempre.

Então assim que dobrei o quarteirão e avistei Jorge pegando algo dentro do carro que estava estacionado na frente da casa dele, praticamente corri e acenei, porque não tinha tanto tempo assim pra perder. Cada segundo era precioso.

─ Eu nunca pensei que diria isso, mas graças a Deus que você está aqui. – Falei subindo na calçada.

Ele bateu a porta do carro e enfiou a carteira no bolso da calça.

Estava arrumado, talvez estivesse indo para a festa. Eu torcia pra isso.

─ Aconteceu alguma coisa?

O ar saia ensandecido dos meus pulmões e a minha cabeça latejava.

Tique-taque...

─ Eu preciso te pedir uma coisa e preciso que me prometa que irá fazer exatamente o que eu disser.

O Perfeito Topázio {Vol.2}Onde histórias criam vida. Descubra agora