Dois dias depois...
─ Você tem certeza que quer entrar? – Perguntei a Lia quando nos encontramos na calçada da escola.
O sinal havia tocado, mas ela, Jorge e eu ainda continuávamos do lado de fora, porque era a primeira vez que Lia saia de casa depois do ocorrido e eu sabia que ela não estava totalmente recuperada.
Nesses dois dias que se seguiram, Jorge e eu fomos visitá-la e tentamos alegrá-la o máximo possível, mas ficava nítido que ela ainda estava tentando absorver o pesadelo pelo qual passou.
Portanto fiquei impressionada quando a vi dobrar o quarteirão da escola.─ Não posso me esconder embaixo das cobertas para sempre. – Falou com um meio sorriso. ─ E não fui eu que cometeu o erro, então não preciso sentir vergonha.
─ Você tem razão. – Estendi minha mão para ela. ─ Vamos entrar nesse inferno juntas!
Ela riu, porque nós duas sabíamos como aquele lugar podia ser infernal para garotas como nós. Garotas que já passaram por todo o tipo de coisa.
Aqueles estudantes seriam os futuros adultos cruéis de Bela Rosa.─ Posso guiá-las, senhoritas? – Jorge ficou entre nós duas e ofereceu os braços como apoios. ─ Será uma honra!
Nós aceitamos de bom grado e pelo canto de olho admirei a gentileza com a qual Jorge sempre lidava com todas as coisas.
Ele era admirável e eu me perguntava como alguém como ele pôde sentir algo por mim.Encostei a cabeça em seu ombro enquanto caminhávamos e tudo pareceu mais fácil.
Jorge não havia feito perguntas sobre a noite em que me encontrou na rua, ele sequer tocou no assunto, talvez entendesse nas entrelinhas que eu estava profundamente envergonhada e que seria humilhante falar naquilo.
Eu estava consciente do erro que cometi e sabia que uma hora ou outra precisaria colocar um freio nas minhas atitudes, mas o problema era que por mais que eu quisesse parar, eu só conseguia pensar em como precisava de mais pó, de mais adrenalina e de mais momentos bons.
Já eram dois dias sem nada e eu não podia pedir nada ao Téo, porque ainda estava devendo.
Eu não sabia mais o que fazer – ou vender, sem que meus pais percebessem.
Quando entramos na sala de aula, foi exatamente como tinha sido no último um ano, mas desta vez eu me senti profundamente irritada com os malditos olhares, porque eu sabia o quão aquilo podia ferir ainda mais quem já estava ferido.
Entretanto, Lia me mostrou mais uma vez como era forte e nem pareceu notar nada, apenas continuou andando até chegar a sua carteira de sempre e se sentou, depois abriu um sorrisinho e me perguntou se eu achava que o professor de física usaria a mesma calça apertada de sempre – porque ela adorava admirar o contorno da bunda dele.
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O Perfeito Topázio {Vol.2}
FanfictionUm conto de amor que foi escrito pelas mãos sádicas da morte e que arrebatará seu coração, você queira ou não. . Karol ainda tenta com todas as forças acomodar o amor que sente por Ruggero em um lugar escuro e frio dentro de seu coração, mas todas a...