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O vento zumbia fantasmagoricamente nos meus ouvidos, talvez anunciando que todos os muros que ergui em volta do meu coração começavam a se deteriorar; todos os tijolos caindo, um por um, minhas reservas de força ruindo pouco a pouco até que só res...

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O vento zumbia fantasmagoricamente nos meus ouvidos, talvez anunciando que todos os muros que ergui em volta do meu coração começavam a se deteriorar; todos os tijolos caindo, um por um, minhas reservas de força ruindo pouco a pouco até que só restou a Karol assustada e apaixonada.

A energia da droga ainda corria pelo meu sangue, mas eu tinha quase certeza que não era ela que impulsionava meu coração a bater daquela forma, mas sim ele: o cara que me encarava com os olhos escurecidos e os lábios fixos numa linha severa, sustentado por uma postura ereta ao extremo, demonstrando que não só lembrava de mim, mas também me repudiava, até em seus gestos involuntários.

Consegui dar alguns passos trôpegos em sua direção e parei a poucos metros de distância.

─ Foi você. – Eu guinchei de forma aguda e vergonhosa.

Parecia que eu ia chorar, então tentei reunir o resto de dignidade que tinha e evitei olhar-lhe diretamente nos olhos.

Prendi minhas vistas em sua jaqueta de couro que parecia muito limpa, assim como sua camisa preta por baixo e sua calça jeans – que não era justa, porque ele tinha sérios problemas com calças justas.
Eu queria rir dessa lembrança, mas me contive quando sua voz soou cortante.

─ Ah não! Você de novo. Qual é, você vai estar em todos os lugares?

Talvez eu tenha recaído e olhado diretamente em seu rosto impecável.

─ Eu moro aqui.

Ruggero soltou um resmungo estranho e apoiou o capacete no banco da moto.

─ Só pode ser brincadeira... – Bufou. ─ Pelo menos tente se controlar desta vez, porque o ataque que deu no hospital naquele dia... Foi ridículo.

Cruzei os braços para tentar me proteger de alguma forma, apesar de que eu nunca conseguiria desviar do tom azedo e letal dele.

Eu não estava preparada para essa versão dele. Para seu verdadeiro eu.

─ Não vou chegar perto de você, não se preocupe. – Respondi na defensiva. ─ Mas eu espero que também não tente me atropelar como fez ontem. Por acaso não viu que eu ia atravessar a rua?

─ E eu tenho culpa que você atravessa sem olhar? Além do mais, a pista estava escorregadia, portanto... – Deu de ombros. – a culpa não foi minha.

─ Claro que foi. Ninguém dirige como louco aqui em Bela Rosa. – Retruquei. ─ Eu só espero que tome cuidado, porque não somos obrigados a aturar um descompensado pilotando pelas ruas.

Ele riu e, por Deus, eu estava morrendo de saudade do som daquela risada.

Me encolhi.

─ Sabe, eu acho que essa cidade é um antro de gente ultrapassada. – Falou com escárnio. ─ Mas tudo bem, tentarei me adequar a esse estilo cansativo de vida.

O Perfeito Topázio {Vol.2}Onde histórias criam vida. Descubra agora