Anne.
Estávamos na época de férias e finalmente eu podia descansar, não que eu fizesse muita coisa na faculdade, mas aquilo me esgotava.
Já tiveram a sensação de sufoco? se sentir preso a tudo e todos, sua mente já tá tão acostumada com aquela rotina que você não faz mais questão, você não reclama mais, você não grita, não faz cara feia, não pergunta e nem questiona, você apenas faz. É assim que eu me sinto.
A mesma coisa todos os dias, acorda cedo, tomar banho, comer e ficar 4 horas sentada na merda de uma cadeira.
Mas talvez todo mundo já tá tão esgotado que nem ligam mais, eles só querem que o tempo passe e que a noite chegue logo pra tentar dormir.
Falando em dormir, eu sempre fui uma pessoa que dorme muito, em qualquer canto e sem me importar que horas são. E por mais que eu tente eu não consigo mudar isso, meu corpo e minha mente já estão programados para fazerem isso. Mas as vezes minha própria cabeça prega uma peça em mim, e é exatamente esse momento que me deixa com medo, medo de mim mesma, medo do que eu sou capaz de fazer quando fico completamente sem sono.
Muitas pessoas acham meu relacionamento com o Gilbert estranho, e realmente era, mas as pessoas acham estranho porque a gente não fica se comendo em todo canto, kkkkmentira, a gente só conseguia se esconder muito bem. E tava tudo bem ser um casal estranho, assim éramos diferentes dos outros casais de merda.
Tínhamos nossos momentos de surtos e solidão, e quem não tem nem? E quando isso acontecia entre a gente tínhamos duas opções:
Primeira opção: se isolar e não da sinal de vida, que seria um raciocínio de merda porque você não sabe como a pessoa ta e nem se ela pode fazer uma merda maior.
Segunda opção: ligar um para o outro e pedir um abraço e um pode de sorvete. É eu sei o que vocês estão pensando, ligar pra ele e compra um pode de sorvete pra sofrerem juntos é a melhor opção.
Mas as vezes mesmo no seu pior estado, você quer ficar sozinho, sem ninguém te fazendo perguntas ou algo do tipo, eu sei que a gente não ia ficar fazendo isso mas era melhor do jeito que ta.Mas dessa vez eu fiz diferente, liguei pra ele e eu posso garantir que quando eu escutei a sua voz bateu um rápido arrependimento.
-Oi. -Ele diz com a voz rouca.
-Tá ocupado? -Pergunto na intenção que ele diga que sim pelo arrependimento que me consumiu.
-Não. -Ele responde com a voz fraca. -Aconteceu alguma coisa?
-Não... só queria um pote de sorvete. -Digo sem intenção de novo e fecho os olhos pela merda que falei.
-To indo ai. -Ele desliga o telefone.Ele sabia que pra mim criar coragem e ligar pra ele tinha acontecido alguma coisa, não era comum eu fazer isso, só tinha acontecido uma duas vezes. Nunca gostei de pedir ajuda, sempre achei que eu consigo fazer tudo sozinha.
Gilbert.
Sabe quando você ta em um lugar muito escuro, que você não consegue enxergar nada e lá ta um completo vazio? Quando eu digo vazio, eu quero dizer sem nada mesmo, só você e mais nada.
Você já passou por isso? O que você sentiu?No começo eu sentia medo, não medo por ta escuro, mas medo por não saber o que ia aparecer no meio naquele completo vazio e escuridão.
E é nesse pensamento que eu apresento, O Gilbert.isso foi uma comparação de como eu me sinto, pra mim o completo vazio é comparado a isso, quando eu digo que me sinto vazio, é desse jeito que eu me vejo. Parado no meio de um lugar, sozinho, no escuro, e nesse lugar não teria nada, só eu.
E nesse lugar eu poderia gritar o quanto eu quisesse e chorar até não sair mais lágrimas, gritar até minha garganta doer e meu corpo se sentir exausto dos gritos e choros.
Não espero que vocês entendam, porque isso é de pessoa pra pessoa, cada um sente uma coisa diferente e cada pessoa tenta achar uma forma de amenizar essa dor e vazio de um jeito.
O ser humano, no geral, tem diversos meios de tentar deixar de pensar em coisas que o aflige. Existem os bons escapes, que são a dança, a música, culinária, estudos, fotográficas e entre outros. E existem os maus escapes, como cigarro, drogas, brigas e sexos em excessivo. Os meus escapes são uma de cada , meu bom escape é a música e meu mau escape é o álcool e o cigarro. Um perfeito equilíbrio entre o que faz bem e o que faz mau.
A Anne ligou pra mim naquela noite pra me pedir "ajuda", uma coisa que eu não espera vindo dela. Comprei o sorvete que ela pediu e fui até o prédio que ela morava, a casa dela não era muito grande, um espaço suficiente pra só uma pessoa morar. A casa era toda branca e alguns detalhes marrons e algumas plantas. Ela gostava daqueles tons mais claros e calmos.
(Pra vocês vocês terem uma noção da casa dela)
Anne.
"Arrumei" a casa antes do Gilbert chegar, bom, eu arrumei escondendo as drogas que eu tinha usado, e como previstos, ele não demorou pra chegar.
‐Não é que você veio. -Dou um espaço pra ele entrar.
-Você precisava de um sorvete e eu trouxe ele. -Ele diz colocando o pode na mesa.
-Mas se você estivesse ocupado não precisava ter vindo. ‐Digo pegando duas colheres.
-Eu nunca tô ocupado. ‐Ela pega o pode e senta no sofá.
Ele era perfeito, perfeito demais pra mim, em meio a tanto caos ele sempre tava ali, disposto a me deixar bem.‐Você fez o que hoje? ‐Eu pergunto.
‐Ah.. Eu... dormir. ‐Ele mente. ‐E você?
‐Fiquei na cama o dia todo. ‐Minto.
‐Porque me ligou? ‐Ele me olha com um olhar cansado. -Você nunca faz isso, fiquei preocupado.
-Só queria você aqui. ‐Digo baixo mais o suficiente pra que ele escute. ‐Mas se não quiser ficar pode ir... me desculpe.
-Eu vim porque me importo com você. -Ele me puxa pra ficar entre seus braços.E eu amava essa sensação de aconchego e paz que ele me trazia.
‐Eu te amo. -Digo baixo e ele me abraça mais.
-Eu te amo. ‐Ele passa a mão pelo meu cabelo me fazendo sentir um leve sono, talvez porque eu ainda tava sob efeito de alguma droga mas ainda tava "sóbria" pra capitar algumas palavras.-Você bebeu? -Pergunto mesmo sabendo sua resposta.
-Um pouco e você?
‐Só um shot e nada mais.Ficamos calmo por uns estantes e do nada o fogo subiu e a putaria começou. Mas isso eu deixo pra contar pra vocês um outro dia, agora eu tô bem cansada.. minhas pernas mais ainda Kkk.
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Love is not over
FanficAnne Shirley, uma cantora de 24 anos que tem problemas com drogas. Faz turnês pelo mundo com sua produtora musical e o seu guitarrista. Gilbert Blythe, um cantor de 26 anos famosinho entre os jovens e sofre de depressão. Faz turnês pelo mundo com su...