Anne.
Naquela tarde não rolou nada demais comigo, fui de manhã pra escola e dormi quase a tarde toda, eu não tava estressada, nem triste e nem feliz, eu tava normal e so queria ficar no meu canto quieta. Resolvi descer e entrar na biblioteca da minha casa, que por sinal era o canto preferido da minha mãe e acabou virando o meu também, lá tinha alguns livros, é óbvio, e alguns instrumentos, como o piano da minha mãe e o seu violão branco. Minha bateria ficava na garagem, meu pai não gostava do barulho e colocou lá.
Sentei na poltrona e fiquei observando os pássaros, as árvores e tudo de mais clichê que a gente ver em filmes, só não tava tomando chá, nem esperando o amor da minha vida chegar e muito menos usando aqueles vestidos cheios de enfeites e laços.
-Sabia que as borboletas tem uma vida muito curta? -Minha mãe entra na biblioteca.
-Ah, oi mãe. -Dou um sorriso. -Não, eu não sabia.
-Algumas vivem 1 mês e outras vivem no máximo um ano. -Ela explica.
-Presumo que elas já sabem disso. -Seguro o seu violão branco.
-Acho que elas vivem a vida como se aquele fosse o último. -Ela diz.
-Cada dia é comemorado como o último. -Falo baixo e ela pega o violão da minha mão.
-Quero te mostrar uma coisa. -Ela pega uma pasta branca e tira alguns papeis. -Escrevi isso a um tempo e queria te mostrar. Pego os papeis e leio a musica que ela tinha escrito. -Quer tocar comigo?
-É claro que sim. -Me sento em frente ao piano.-Sabe, amor
Eu fui, sem canto, pra tua direção
Tava sem voz, sem rumo, só coração
Nem sei onde é que a gente se perdeu
Ou se escondeu do nosso bem. -Ela começa cantando e eu faço as notas no piano.-Sabe, bem
Falar pro amor de agora que acabou
Que foi o tempo e que a Lua virou
Me dói de um tanto sem tamanho. -Leio a letra no papel e ela faz algumas notas no violão me acompanhando.-O vazio é difícil acostumar
Ainda bem que não hesitei em te abraçar
O nó afrouxa até a mão querer soltar
Mas da tua mão eu não larguei até voltar
Pra direção da tua calma, ah-ah-ah-ah. -Ela canta e eu dou um sorriso ao ver o quanto ela tava incrível cantando aquilo.-Me diz: O que é que eu faço dessa vida sem você?
Quem é que vai me levantar agora?
Eu já não tenho hora pra me refazer
Então, me diz
O que é que eu faço dessa vida sem você?
Quem é que vai me levantar agora?
Eu já não tenho hora pra me refazer. -Pego o sentido da musica e deixo minha alma ser consumida por cada letra e nota que eu cantava.-Então, volta, me retoma, desafoga
Vem realinhar
Me estremece, me percebe
Eu vou ser breve pra gente não esfriar. -Ela canta e a brisa que vem da janela bate nos seus cabelos ruivos e eu solto um sorriso.Repetimos o refrão e um silêncio de conforto de instalou.
-Essa música é linda, mãe. -Abraço ela.
-Fiz ela pra você. -Ela me beija na testa. -Eu te amo.
-Eu também te amo. -Fico em seus braços por mais alguns minutos.
-Você é guerreira e forte, eu acredito em você, libere tudo que estiver aí dentro por meio da música, ela vai salvar sua vida. -Ela segura no meu rosto. -Vai ficar tudo bem e se sentir minha falta algum dia, olhe pra o céu e a estrela mais brilhante será eu. -Ela dá um sorriso e me abraça novamente.Eu sabia que tinha algo errado, eu sabia que ela tava sofrendo mas eu não sabia o que fazer e me sentia fraca por isso. Aquilo foi uma despedida, ela estava se despedindo de mim e tudo.
4 dias depois.
Minha mãe se foi, vocês já sabem com, então não preciso falar de novo. Eu sabia que aquele ia ser o melhor, mesmo com todos os nossos problemas, ela me amava e eu a amava, eu a amo. Sinto falta da mulher dos cabelos ruivos que cantou comigo naquela biblioteca. Sinto falta da mamãe. E o maior presente que ela me deixou foi a música, o amor.
(A música que elas cantaram é essa)
o vídeo original foi bloqueado aqui e não dá pra colocar :(
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Love is not over
FanficAnne Shirley, uma cantora de 24 anos que tem problemas com drogas. Faz turnês pelo mundo com sua produtora musical e o seu guitarrista. Gilbert Blythe, um cantor de 26 anos famosinho entre os jovens e sofre de depressão. Faz turnês pelo mundo com su...