◇ Flashback⁷ ◇

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Anne.

O mundo é uma merda e todo mundo sabe, uma coisa que eu mais odiava era comprar roupa... na real, eu até que gostava mas depois que meu corpo mudou, minha opinião sobre isso também mudou. Eu tenho rinite e fiz um tratamento quando tinha 15 anos, foi bem louco porque eu tive que tomar vários remédios e um deles era corticóide, e pra quem não sabe, essa merda engorda. E pra nós meninas com 15 anos, engordar é sinal de nojento e feio. Eu nunca liguei muito pra isso, eu sempre mandei todo mundo ir tomar no cu, mas ninguém é forte o tempo inteiro, todos exigem de você um corpo perfeito, notas perfeita. Mas não tem problema se seu psicológico tá fudido, ter um corpo e impecável é o importante.

Vou levar vocês ao ano de 2010, à 11 anos atrás.

-Vai ter uma festa com os sócios da empresa, comprem roupas novas pra vocês. -Meu pai diz lendo o jornal sentado na cadeira.
-Quando vai ser? -Minha mãe toma seu suco.
-Sexta que vem. -Ele diz frio.
-Alguma sugestão de roupa? -Me atrevo a perguntar.
-Não mas pare de comer, você tá muito gorda. -Ele me encara e eu engulo a seco. -Poderia começar por agora.
-Mas eu quero comer esse bolo. -Olho para o mesmo que estava na minha frente.
-Vá pra seu quarto. -Ele leva seus olhos novamente ao jornal.
-Jonh. -Minha mãe se mete.
-Cala a boca Clarice, é o melhor pra ela. -Ele leva seus olhos pra mim. Eu me levanto em silêncio. -Ótimo.
-Você é um merda. -Seguro no copo de água. -Soque essa comida toda no seu cu. -Jogo a água e saiu correndo até meu quarto no andar de cima. -Inferno.

Meu pai era um merda nojento, sempre foi controlador. Junto com ele, minha mãe tinha a nojenta da clara, era uma amiga dela, no fundo no fundo eu sabia que meu pai tinha um caso com ela.

Não falei nada com meu pai a semana inteira, eu também não comi nada. Não porque ele disse pra mim ficar sem comer, mas porquê eu não tinha forças. Pra não dizer que eu não comia nada, a Luiza que é uma moça pra trabalha aqui em casa, ela sempre trazia sanduíche com suco pra mim.

-Oi Anne. -Clara me dá um beijo na bochecha. -Como vai?
-O que ela tá fazendo aqui mãe? -Cruzo os braços.
-Não é assim que se trata os amigos, Anne. -Minha mãe sorrir fraco.
-Ela não é a minha amiga. -Eu tava sendo uma criança mimada, mas com razão.
-Não tem problema Clarice, ela é só uma criança. -A loira solta um sorriso falso e entramos na loja.

Ela opinava sobre cada roupa que eu escolhia, ela fala como se soubesse o que eu gostava.

-Você tá muito gorda, precisa de roupas mais largas. -Ela mexe no meu cabelo.
-Eu não acho, a Anne tá perfeita. -Minha mãe rebate.
-Me da logo esse caralho. -Pego as roupas da mão da loira e entro puta no vestiário.

Eu tinha 10 peças de roupas pra ver e sabia que nada ia ficar bom. Inferno. Me sentia fraca por não rebater, fraca por tá me importando com aquilo. A cada vez que eu fechava a cortina do provador, uma lágrima descia no meu rosto mas eu sempre limpava e colocava um sorriso antes de abrir a cortina. No final das contas eu só levei um vestido verde e minha mãe um preto longo. Meu vestido era lindo mas não seria algo que eu escolhia, preciso causas largas, blusão e tênis.

 Meu vestido era lindo mas não seria algo que eu escolhia, preciso causas largas, blusão e tênis

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