◇ Mar ◇

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Anne.

Eu sei o que vocês pensaram, não fazia nenhum sentido eu ter feito aquilo. É um raciocínio lógico mano. Eu poderia muito bem fingir que tá tudo bem e colocar a porra de um sorriso na cara como todo mundo faz, mas eu não quis fazer isso, pela primeira vez eu criei coragem pra sair gritando e surtando na frente de todo mundo.

E não vem falar nada não porque eu sei muito bem que você também quer fazer isso um dia ou até mesmo mandar todo mundo ir pra puta que pariu :).

Tenho que confessar que sentia falta da brisa do mar, sentia falta da paz que ele me trazia, sentia falta de poder gritar e chorar sem ninguém do meu lado.

Tava passando outros maconheiro ali e eu pedi pra eles acenderem meu back. Naquele tumulto todo, eu podia ter esquecido tudo mas minha jaqueta eu não esqueceria. Me sentei nas pedras e pela primeira vez depois de muito tempo eu senti de novo a brisa do mar, senti o brilho da lua lavar a minha alma, me senti abraçada.

Gilbert.

Eu não tinha noção de hora mas acho que andei por uns 3 a 5 minutos na beira da praia atrás dela. Não tinha como eu ligar pra ela porque ela deixou o celular na mesa e eu na presa acabei deixando o meu também. Até que eu vejo uma mulher ruiva sentada na pedra, sendo iluminada pela lua. Ela tava com um vestido amarelo, sua jaqueta de couro e seu cabelo solto.

Ela sempre amou ficar assim, sentido a calmaria e o silêncio. Ela sempre dizia que era uma ótima forma de pensar, e que os demônios da sua cabeça já gritavam o suficiente.

Narrador.

Gilbert se aproximou de Anne e se sentou no seu lado sem pedir permissão e ela também não fez muita questão de gritar ou mandar ele ir embora.

   –Nem todos amam o mar como você... –Gilbert comenta baixo e ela olha pra ele sem entender.

   –Nem todos são capazes se olhar pra ele do mesmo jeito. –Ela traga a sua maconha e respira fundo.

   –E qual o seu jeito de olhar para o mar? –Ele pergunta calmo.

  –Perfeito é o mar que sabe diluir, que sabe engolir. –Ela diz.

  –O mar guarda tantos segredos quanto a mente humana..talvez por isso olhá-lo nos dê tanta calma.. –Ele comenta e ela olha pra ele por perceber que ele entendeu seu pensamento. –Andressa Martins Vicentini que disse isso. –Tô feliz por ter te encontrado.

  –Você sempre soube onde me encontrar. –Ela leva novamente o back até a boca. –E eu sempre soube onde te encontrar... só fomos covardes demais pra perceber isso.

  –Desculpa. –Gilbert olha pra ela e ela faz o mesmo.

  –Não peça desculpas por uma coisa que nunca conseguimos controlar.

  –O amor? –Ele diz baixo e ela leva seus olhos até ele.

  –Como? –Ela pergunta confusa.

  –O amor que a gente nunca conseguiu controlar, a gente não consegue nem nos controlar, imagine o amor que a gente tentou esconder por 5 anos. –Ele vai dizendo e Anne apenas escuta.

Porque é assim que Anne da com os problemas, apenas escutando e só quando ela não aguenta mais, ela explode.

  –Do que estamos falando quando falamos de amor? –Ela olha pra ele e ele faz o mesmo.

  –Eu não sei, eu nunca soube. –Ele fixa seus olhos naqueles olhos azuis como o oceano e sente que pode mergulhar neles porque sabe que nunca vai se afogar. –Eu nunca deixei de te amar.

Love is not over Onde histórias criam vida. Descubra agora