04

7.7K 693 270
                                    

Eu e João nos entupimos de cerveja até o pessoal chegar, queríamos era tentar amenizar as coisas e só álcool resolveria. Eles chegaram já trocados de roupa, conclui que tinham passado pra trocar de roupa e por isso a demora.

— Cara, a vontade é de matar vocês dois. — Sarah disse se sentando no meu lado.

— Ainda não dá pra acreditar que vocês largaram tudo de verdade, parece que amanhã que é o dia. — Malu negou com a cabeça.

— Como foi lá? — perguntei receosa. Não tava nem ligando pro que eles estavam sentindo, eu tinha certeza que os mais afetados seriam nós dois. O que eu queria saber de verdade era a reação dos meus pais.

— Horrível! — Karine fez careta.

— Não exagera, Ka. — Bruno riu — Foi tudo normal, as mães de vocês avisaram ao pessoal que ficaram chocados, mas no fundo cagaram, ainda mais que não gastaram um centavo pra vir até aqui.

— Mas e a nossa família? — João perguntou olhando diretamente pra Beatriz.

— Cara, nossa mãe ficou triste né!? — deu de ombros — Você sabe que ela ama vocês dois juntos, mas de resto tudo ficou bem. A mãe da Mariana ficou mais puta por conta da vergonha pelo que eu percebi, mas depois cagou.

Suspirei aliviada.

— Quem ficou puto mesmo foi o teu pai. — Karine apontou pra mim.

— Que que ele fez? — arregalei os olhos.

— Não é que ele tenha feito algo, mas ele acha que a culpa toda é do João. Quer bater nele e tudo, disse que vai caçar ele até o quinto dos infernos. — Lobão contou.

Eu já sabia que era mentira e não passava de uma zoação com a cara de João, óbvio eu não falaria nada, o momento tava pedindo um pouco de descontração mesmo. A última pessoa que se incomodaria com isso era meu pai.

A cara dele ficou branca e os olhos arregalados. Ele olhou pra mim como se pedisse arrego, olhei pra ele tentando ao máximo expressar uma feição preocupada, mas não deu.

— Porra Mariana! — Magalhães reclamou.

— Tu estraga tudo cara! — Pedro bufou enquanto eu gargalhava.

Confesso que não era uma gargalhada muito alegre, apesar de ter sido mesmo engraçado, tudo aquilo não passava de uma risada de nervoso.

— Brincadeiras a parte... e como vocês estão? — Luan perguntou retomando a seriedade. Não sei como também, devia ter passando um pouco da embriaguez.

— Vamos ficar bem! — João se antecipou.

Malu e Karine deram uma encarada séria pra mim. Com certeza queriam falar sobre a sós, sabiam que eu não iria dar um veredito de como eu estava me sentindo na frente de todos.

— Mas vocês vão terminar? — Beatriz fez beicinho.

— É melhor assim B, mas prometo que você vai continuar sendo meu xodózinho. Vem pra minha casa quando quiser! — falei.

— Ah não dá, você sabe... — falou cabisbaixa. João deu uma disfarçada olhando pra parede, ele odiava tocar nesse assunto. O maldito Diogo.

Assenti sorrindo fraco.

— Vou passar um tempo lá em Minas com a família pra dar uma esfriada na cabeça, enfim, isso se o meu patrão me der umas fériaszinhas boas! — ele olhou de rabo de olho pro Pedro.

— Claro, mas se liga, logo agora que eu volto pro Brasil você vai embora?

— Você veio de vez? — Luan perguntou animado.

— Tudo indica que sim, preciso só resolver uns problemas e pronto, de volta as origens! — fez uma dancinha.

— Bom, agora que tudo deu merda e não vai ter a festa. Vamo encher a cara pra esquecer tudo! — João trocou de assunto acenando pro garçom.

MALU

Eu ainda estava meio dispersa com a novidade que Pedro tinha apresentado pra gente - que iria voltar a morar no Brasil. A galera estava animada com isso, comemorando, exceto Mariana e João que mais viravam copos do que falavam e eu que ainda estava absorvendo a ideia.

Guilherme tinha acabado de se juntar a nós, chegou um pouco atrasado porque tinha ficado bebendo com meu pai em um barzinho que tinha na pousada. Eu mal conseguia dar atenção a ele, tudo que se passava na minha mente era esse novo contato que retornaria depois de anos. Pedro se mostrou surpreso quando Guilherme me deu um selinho, mas depois disfarçou tomando um gole de bebida.

Ás vezes meu olhar ia de encontro com o dele, só que ao contrário de mim, ele não se intimidava e continuava me encarando. Estava agradecendo que Guilherme estava muito concentrado na conversa com o resto do pessoal, porque se não fosse isso já viria com insegurança pra mim cima de mim. O ponto fraco dele era justamente Pedro.

— Tá calada por quê? — Guilherme se virou pra mim colocando sua mão na minha coxa.

— Hã, nada. — eu ri — Só estava pensando em tudo que aconteceu hoje, loucura. — menti.

— É foda, mas eles parecem bem. — apontou disfarçadamente com a cabeça pro João e pra Mari.

— Estão assim porque ainda não caíram na real, pode ter certeza que quando Mariana der por si vai começar a surtar, que é sinônimo de: — fiz uma pausa — Mariana bêbada pegando todo mundo assim como Luan.

— Fodeu, dois não dá. — rimos.

— Tão de fofoquinha aí né?! Fala na cara po! — Bruno brincou.

— Tô falando mal pra caralho de você aqui, tenho um primo insuportável mesmo. — dei de ombros.

— Ah é? — assenti fazendo cara de metida — Luan, nada de comida de graça pra Maria Luiza no nosso restaurante. Vou até avisar Luísa!

Era a moça que normalmente ficava no caixa.

— Fechado! — Luan concordou.

Mandei língua.

— E tá dando certo? — Pedro perguntou curioso pros dois.

— Tá dando tudo ótimo. Quer dizer, Luan não dá a mínima porque só vive bêbado cagando pra tudo, mas de qualquer jeito tá dando certo! — Bruno disse recebendo um dedo do meio.

Além do restaurante que Luan já tinha - presente dado pelo pai - ainda tinha aberto um com Bruno, que era um sucesso. O dele ele transformou mais num barzinho chique e o deles era um restaurante em outro nível, caríssimo por sinal.

Deixamos o bar tarde da noite. João e Mariana foram resolver as coisas com as famílias deles, e nós resolvemos ficar em um áreazinha com música que tinha por ali na própria pousada. Aproveitar um pouco da viagem que pouco rendeu.

— Posso ficar até muito tarde não hein, Mike deve tá chorando atrás de mim. — Pedro avisou.

Doeu até um pouquinho no meu coração. Jamais imaginaria ele com um filho tão cedo assim, lembro até hoje de quando eu descobri que ele seria pai, foi péssimo pra mim.

— Ahhh deixa a Letícia cuidando dele porra, hoje é dia de amigos! — Lobão disse abraçando ele de lado.

— Nunca pensei que eu fosse dizer isso, mas Lobão tá certo. — Magalhães concordou.

— Ai não sei... — ele pareceu preocupado.

— Você não vai! — Karine afirmou colocando a mão na cintura.

— Não mesmo. Já pedi a primeira rodada de tequila! — Luan disse voltando do bar.

— Vocês são fodas, puta que pariu. — ele riu.

Coincidências 2Onde histórias criam vida. Descubra agora