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MALU

Bati na porta e fiquei esperando ele me atender pra eu poder me jogar no sofá e continuar devastada do jeito que eu tava. Eu só queria alguém pra dividir essa dor comigo, já que Mari e João estavam juntos, assim como Ka e Luan.

— Entra aí. — ele falou.

— Como você tá? — perguntei me jogando no sofá como eu queria. Nível de intimidade? Zero, mas nesse momento eu não tava nem aí.

— Tô sei lá, pra baixo demais. Não chega a ser profundo porque uma parte de mim quer acreditar que isso vai passar e que no fim tudo vai ficar numa boa, então é só uma confusão mental e um pouco de tristeza. — ele disse sentando na poltrona ao lado do sofá. Eu assenti — E você?

— Porra. — ri de nervoso — Parece que alguém tá com meu coração na mão esmagando sem pena, mas compartilho dessa fé aí também.

— Cara, foi muita loucura. Eu cheguei em casa puto por conta de um problema com a Letícia e com o Mike, corri pro quarto pra ficar sozinho, mas Sarinhah veio atrás de mim pra conversar, quando cai no choro ela me abraçou e foi aí que ele entrou. — explicou.

Neguei com a cabeça. — O que aconteceu com você e a desgraçada?

— Melhor não falar disso agora, você tá mal, eu tô mal.

— Fala por favor! — eu insisti — Pra me distrair, pra eu me concentrar em outra pessoa pra odiar.

— Quem você tá odiando agora? — ele riu de nervoso.

— No momento? — ele assentiu — A vida. Tirou meu primo de mim, é óbvio que é ela. Mundo injusto do caralho.

— Você não acredita nisso mesmo, né? — ele me perguntou.

Eu franzi a sobrancelha. — No que?

— Que ele foi embora de verdade.

— Por que você acha isso?

— Acho que você estaria mil vezes pior, chorando, afastada, isolada. Você tá com raiva, digno de negação. — falou convicto.

A ficha não tinha caído mesmo, não sei se pelo fato de que é "só um coma", mas como eu disse, a fé é maior e eu prefiro mil vezes pensar que é só um problema passageiro.

Mas na frente dele é claro que eu estava mais durona do que eu estava em casa, que eu sim só chorava enquanto via fotos nossas juntos, eu e Bruno crianças...

— Confio no cara lá de cima! — apontei — Agora me conta do seu problema.

— Letícia me disse que o Mike não é meu filho. — o olhei boquiaberta. — Parece ser verdade, mas também pareceu quando ela disse que era meu, eu vou correr atrás disso, mas aí aconteceu isso com o Bruno e agora eles estão na Califórnia.

— Mentira, Pedro? — sentei no sofá — Que piranha desgraçada! Você vai resolver isso, né!? Aproveita e tira logo ele dela pra sempre.

— Não é fácil assim, mas deixa pra lá, vou resolver isso amanhã. — eu assenti.

Ficamos sem assunto, obviamente, como num momento desse poderia ser fácil desenvolver uma conversa?

— Vamos na praia? — sugeri.

— Assim do nada? — me olhou igual um babaca.

Coincidências 2Onde histórias criam vida. Descubra agora