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PEDRO

Sarah tinha acabado de ir dormir no outro quarto provavelmente por dois motivos que seriam: deixar eu e Mada a sós ou descansar do problemão que ela tava passando.

Tava curtindo conhecer Madalena melhor, embora não tivesse numa fase de vontade de ter algo sério, era bom ter um contato maneiro pra quando bater a vontade de dar uns beijos, ir pra cama ou conversar, fora que Mike e Giovana estavam se dando muito bem e era legal manter isso.

— Então me conta essa história melhor, agora fiquei curiosa! — ela pediu se referindo a minha história com a Letícia.

Sarah tinha comentado a pouco sobre como minha vida amorosa era complicada, daí surgiu o assunto.

— Não é nada muito demais. Conheci a doida da mãe dele numa viagem, nós ficamos, ela ficou obcecada, inventou uma história pros meus chefes pra me foder, depois reverteu a história, ficamos muito tempo sem nos falar, depois aconteceu uma parada e eu me reencontrei com ela, que deu nele — olhei pro Mike — e só depois de 1 ano ela me contou. Apareceu aqui em casa com ele no colo. Resumindo muito, é isso.

Ela me olhava atenta e até um pouco intrigada.

— Caramba, que loucura! — ela riu colocando o cabelo atrás da orelha — Sua história é bem crazy, a minha é mais clichê mesmo. Eu era muito presa aos meus 16 anos, até que conheci um carinha relativamente mais velho, tinha 19, e pra poder sair de casa engravidei dele. Resultado? Fiquei com o canalha até uns 20 anos, me traía pra caralho, relacionamento abusivão, perdi minha adolescência por burrice e ainda tive problemas psicológicos, mas ganhei essa menina que é o amor da minha vida. Pelo menos ela.

— Que isso cara, mas ele vê ela até hoje? — perguntei.

— Mais ou menos, só confio mesmo quando ela tá na casa da avó paterna e ele vai lá visitar, fora isso não deixo. Ele é louco! — balançou a cabeça negativamente.

— É foda. Nunca pensei que aos meus 26 anos eu estaria conversando sobre paternidade/maternidade com alguém, tô mal mesmo. — ri.

— Mal nada, garotão desse. — apontou pro filhote e eu sorri — Acho maneiro pra caralho ver como tu se interessa em saber das coisas, a maioria dos caras que eu conheço só quer conversar sobre parada tosca, mas desde que começamos a conversar é só papo diferente, amei isso em você.

— Confesso que nem sempre fui assim... e até hoje não sou, pra falar a verdade, depende muito da mina que eu tô conversando. — ela assentiu — A primeira vez que troquei um papo sério antes de ficar com uma mina foi minha última namorada. Sei lá, acho que quando você bate com alguém, dá pra ser mais sério, ter mais papos profundos.

— Ficou quanto tempo com ela? — perguntou enquanto eu brincava com o dedo no copo de cerveja suando. Eu não queria falar daquele assunto, mas fazer o que.

— Namorando mesmo acho que um ano, mas ficamos num chove não molha por mais um ano e alguns meses. — contei.

— É a Malu? — franzi as sobrancelhas — Sarah tocou nela ali na mesa, vi que você ficou desconfortável na hora.

— Ah! — eu ri — é ela mesmo.

— Ainda gosta dela? — perguntou sem me encarar muito. Não tava entendendo porque entrar tão afundo nesse assunto e eu também nem sabia o que responder.

Me vi numa incógnita até pra mim. Dizer que não com certeza era uma mentira, já que desde o minuto que pisei no Brasil de novo, eu percebi que ainda tinha muito dela em mim, mas dizer que sim também era muito além do que eu tava sentindo, não sei se por rancor, mas era além.

Coincidências 2Onde histórias criam vida. Descubra agora