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MARATONA 4/5

KARINE

Cheguei em casa cansada depois de uma semana de trabalho, mas o cansaço não me impedia de estar precisando dessa saída a noite com o pessoal. O apê tava silencioso, abri a porta do quarto da Malu e ela tava dormindo que nem um anjo, também né, depois de sentar tanto que eu sei que ela sentou. Conheço a peça.

Guardei minha bolsa e meu tapete de Yoga no meu quarto e fui comer alguma coisa. Não estava planejando comer nada pesado antes de sair, então só fiz um lanche com pão, queijo e presunto e um suco de melancia. Não tava muito afim de ver televisão como sempre fazia comendo, então fiquei mexendo no meu celular, navegando pelo instagram, essas coisas.

Já estava mentalmente planejando a roupa que eu iria usar, tava animada pra me vestir bem e me maquiar, eu adorava me arrumar. Lavei o copo de suco e fui pro meu quarto começar a ver qual iria ser da roupitcha que eu iria. Achei uma calça jogger preta que eu era apaixonada, e optei por um cropped de oncinha que eu amava também. Por fim escolhi meu tênis preto da vans mesmo.

A preguiça de tomar banho era grande e também ainda tinha muito tempo pra isso. Fiquei viajando deitada na minha cama pensando em inúmeras coisas. A noite que eu tive com Luan foi muito boa, digo MUITO mesmo, mas não queria me deixar levar. Depois de tanto tempo sem um contato físico com ele, e quase nenhum verbal também porque eu simplesmente ignorava, fez eu perder o jeito de como lidar com a nossa situação. E eu também nem queria lidar muito com isso agora.

Ainda tinha Danilo, que querendo ou não, era maneiro pra caralho comigo, um gato e eu gostei de verdade de ficar com ele, só não sabia se isso ia se prolongar ou não. Minha cabeça tava uma confusão que só, mas nada de me abalar, eram só dúvidas mesmo. Na verdade, o que eu tinha que focar era no meu trabalho, na minha agência que tá construindo e é isso.

— Boa noite querida, jogada aí por quê? — perguntou Maria Luiza encostada na porta com uma cara de sono.

— Só pensando na vida enquanto crio coragem pra tomar banho. — sentei na cama — Mas e você hein? — sorri maliciosa.

— Já falei que não quero falar sobre isso! — disse sentando na ponta da minha cama e esfregando o olho.

— Poxa, queria conversar um pouco com minha querida amiga, sou negada várias vezes. — fiz drama.

— Chata, quer saber de que? — revirou os olhos.

— De tudo, de como foi no Guilherme, de como foi parar no Pedro e principalmente na cama dele.

— Resumindo muito... — bufei — Guilherme tava com uma mina na casa dele, quando me viu fez um show, tá até agora me mandando mil mensagens oscilando em "volta pra mim, te amo" e "vou te matar, sua piranha".

A interrompi. — Que isso Maria Luiza, isso é sério. Ele fez isso mesmo?

— Sim Ka, não ia inventar isso e você sabe. Ele surtou, mas sei lá, não tô com medo dele me perseguir não, pra mim isso é só uma fase de surtação, mas que vai passar rápido. Ele tem essas coisas de evento dele, vai fazer ele esquecer. — disse com convicção.

— Sei não hein, fico preocupada.

— Não precisa, sério. — fiz careta — Mas continuando, fui parar no Luan porque eu queria esquecer aquela porra toda e você sabe qual seria a melhor maneira, né?

— Maria Luiza, Maria Luiza... e tinha que ser logo o teu ex namorado mal resolvido? — coloquei as mãos na cintura.

— Chega desse assunto, já falei demais já. Agora me conta a roupa que você vai hoje e qual são suas intenções com meu amigo Luan? — riu.

Dei um tapa no braço dela.

— Não viaja, idiota! — rimos.

Mostrei a roupa que eu tinha separado pra ir, que foi devidamente aprovada por ela, e depois tentamos decidir a roupa dela. No início ela relutou um pouquinho em ir, mas eu a convenci, não ia deixar ela em casa sozinha depois disso tudo mesmo, além do mais, iria todo mundo e iria ser muito legal. Ela acabou escolhendo por uma blusa tee preta e uma calça boyfriend.

Depois de decidir roupa, resolvemos dar uma geral rápida na casa, aproveitar que estávamos com tempo até sairmos. Eu limpei a cozinha, meu quarto e a varada e ela limpou o banheiro social, o quarto dela e a sala. Os outros dois banheiros deixamos pra amanhã que seria um dia inteiro vago.

Vi pela notificação do celular que Danilo disse que estava vindo aqui. Dei uma ajeitada no meu cabelo que tava todo pro alto e fui até a porta. Não quis abrir ela cem por cento porque a casa tava uma bagunça, então só coloquei minha cabeça entre a porta e fiquei esperando ele.

— Ei, mó tempão sem falar contigo. Tudo bem? — disse com as sobrancelhas franzidas estranhando provavelmente a minha trava na porta.

— Nos falamos quinta, doido. — ri.

— É, mas já fiquei com saudade. — estampei um sorriso pra ele não ficar sem graça — Aí, tá fazendo o que?

— Tô arrumando a casa, tá uma bagunça, se não fosse isso te convidaria pra entrar.

— Ah, agora entendi. — riu apontando pra metade da minha cabeça pra fora — Vai sair hoje?

— Vou no deckdrunk com o pessoal, e você?

— Tenho nada pra fazer não, ia te chamar pra ficar comigo lá em casa, mas deixa pra próxima então. — disse chateado.

Pensei e repensei mil vezes antes de fazer o que eu tava prestes a fazer. Olhei pra trás de mim pra pedir ajuda pra Maria Luiza, e ela já tava fazendo isso negando incessantemente com a cabeça e com o dedo, além de estar sussurrando "Luan". Fechei os olhos sabendo que seria um escolha escrota e me virei de volta pra ele que me olhava confuso.

— Quer ir também? — escutei múrmuros da Maria Luiza atrás de mim.

— Não vou atrapalhar vocês?

— Claro que não, relaxa. Vamos sair de casa 22h, esteja pronto. — e fechei a porta na cara dele.

Virei pra Malu que já estava com aquele olhar de reprovação dela.

— Que que é? — peguei a vassoura encostada na parede.

— Cara, você é doida. E o Luan?

— Ué, e o Luan nada. Eu deixei bem claro que eu não sei o que quero da vida, não vou deixar de convidar o menino que é super gente boa por causa dele. Não endoida! Fora que é exatamente o que você vai fazer também, transou com o amor da vida e mais tarde vai pegar qualquer um que aparecer.

— Ou qualquer uma. — riu. — Faz tempo que não beijo uma boca feminina, que saudade.

— É, eu também. — fiz biquinho.

— E pra te responder a outra parte, o que tenho com Pedro é totalmente diferente do que você tem com Luan.

— Aham, é sim. — debochei e voltei a arrumar minhas coisas.

Coincidências 2Onde histórias criam vida. Descubra agora