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3 ANOS DEPOIS...

MALU

Enquanto Tifany fazia minha maquiagem e Lorena meu cabelo eu me olhava no espelho ansiosa pro dia que viria. Hoje era o casamento de João e Mari, ninguém estava mais nervosa pra esse dia do que eu, aposto em dizer que nem os próprios noivos estariam. Alguns convidados quando adentrassem o local que seria a cerimônia iriam fazer meu coração despencar e eu já tinha plena consciência disso. Alguns não, um.

— Caralho, você tá um absurdo! — Gui disse ao entrar no chalé que eu estava me arrumando. — Namorada mais linda do mundo — ele fez uma pausa. — check! — fez um sinal no ar.

Sim, eu estava namorando com o Guilherme de SP, o mesmo Guilherme que viajou com a gente pro ano novo e o mesmo que foi amigo de infância do meu ex namorado. Acontece que fui passar umas férias lá há um ano atrás, a gente se encontrou e nunca mais parou de ficar. Ele ficou um mês na minha casa, e depois tomou vergonha na cara de se mudar de vez só que pra casa de um amigo que ele tinha aqui.

Semana que vem completa um ano e quatro meses que a gente tá junto. Eu adoro estar com ele, ele é divertido, engraçado, me faz bem e se dá super bem com meus amigos. Não tenho do que reclamar.

— Eu nem tô isso tudo, não exagera! — olhei pra ele de rabo de olho. Se eu mexesse a cabeça elas me matariam.

— Tá isso tudo e muito mais. — eu ri — Escuta, vai demorar aí?

— Só falta passar batom e terminar de prender o penteado, por quê?

— É que o pessoal tá chegando, teus pais chegaram, só falta você. — pegou minha mão e deu um beijo.

— Ok, avisa que eu já tô indo. — mandei um beijo pra ele que assentiu.

Quando as meninas terminaram de me produzir, deixei elas arrumando as coisas enquanto eu pegava o dinheiro na minha carteira pra pagar elas, Mariana que tinha deixado comigo, nenhum convidado deu um centavo pra essa festa.

O chalé que Mari tinha separado pra mim era enorme, era o maior das madrinhas e eu tinha deixado uma bagunça. Aproveitei que eu estava nervosa pra sair do chalé e dei uma arrumada, tudo pra atrasar a sensação de desmaio que eu teria em seguida.

Deixei tudo limpo, guardei a bolsa que eu tinha trazido no armário que tinha ali e fui até o chalé da Mari pra falar com ela antes de tudo, e óbvio ver como minha noivinha estava. Tia Camila deu espaço pra eu entrar, Karine estava deslumbrada olhando pra Mari e quando eu a vi faltava eu babar.

— Menina do céu, que princesa é você? — me aproximei dela.

— Gostou? — ela perguntou olhando pro vestido.

— Mariana, você tá incrível. Eu tô chocada! — levei a mão na boca.

— Ué Maria Luiza, duvidou que minha filha conseguisse ficar mais bonita do que já é? — tia Camilia cruzou os braços rindo.

— Tia, é que tá fora do comum. Tá o auge do auge! — Karine riu.

— Parem de me paparicar, eu tô quase cagando de tão nervosa que eu tô! — ela disse com o rosto franzido. — Mãe, pode deixar nós três a sós um pouquinho?

— Tá, mas não demorem. Karine e Malu precisam cumprimentar alguns convidados! — assentimos e ela saiu.

Ela se levantou pra se certificar que a mãe tivesse realmente saído de perto do chalé e se voltou pra gente com um rosto aparentemente nervoso. Olhei pra Karine confusa.

Mariana se sentou na cama, fechou os olhos, respirou fundo e olhou pra gente com lágrima nos olhos. Já comecei a ficar nervosa.

— Eu não sei mais se eu quero casar! — ela soltou a bomba.

— Que? — arregalei os olhos.

— Não inventa, Mariana! — Karine disse negando com a cabeça.

— Não, é sério. Eu acho que fomos muito apressados, nada tá certo. — ela levantou indo em direção do espelho.

— Apressados!? — Karine olhou séria pra ela — Vocês demoraram três anos pra isso aqui acontecer.

— Fora que vocês gastaram uma fortuna nisso aqui, Mari. Tudo tá do jeitinho que você queria, seu vestido tá perfeito, seu noivo é exatamente como você, vocês até moram juntos. O que podia dar errado? — perguntei.

— É errado eu não ter certeza. — ela disse olhando seu reflexo no espelho.

— Nada disso é errado, cara. Você tá nervosa, isso é super normal, é um dia importante! — Karine disse virando ela pra gente.

Mari suspirou. — Vocês acham?

Assentimos puxando ela pra um abraço. Nada me magoaria mais do que ela triste no dia do casamento dela, tudo que eu pudesse fazer pra deixar ela feliz, eu faria.

Ajudamos ela a retocar um pouco da maquiagem que tinha borrado por conta de uma lágrima que ela deixou escapar e dissemos mais algumas coisas pra ela não surtar com tudo e viver o dia com mais intensidade o possível.

— Ka! Ma! — tia Camila colocou a cabeça pela fresta na porta — Vamos!

Assentimos, eu dei um beijo no peito da mão da Mari e sai em seguida de Karine.

Fomos andando até o espaço onde a cerimônia aconteceria. Mariana escolheu um ótimo lugar pra se casar: Balneário Camboriú. Sim, ela fez todos irem pra Santa Catarina.

Aconteceria na pousada Estaleiro Guest House, era linda, de frente pra praia - o casamento não seria. Incrível. Quase todos estavam hospedados lá, senão em um outro hotel que tinha perto daqui, tudo bancado pelo pai da Mariana, não precisava nem dizer.

Eu não tinha visto ninguém. Eles dispensaram festa antes do casamento, na verdade tínhamos chegado à noite (os noivos e os padrinhos - menos um) e ficamos cada um seus quartos. Era esse o plano, vai entender. Talvez eles queriam poupar as surpresas pra hora do casamento mesmo.

— Oi mãe, chegou de manhã? — perguntei cumprimentando ela.

— Cheguei sim, ficamos em um hotel próximo daqui. Bem bonitinho! — ela disse acenando pro meu pai que vinha com pai de Karine ao lado.

— É, Mari deixou essa pousada mais pra gente que vai beber até desmaiar, como eu. — rimos.

Dei um abraço no meu pai, falei com o Rafael - pai de Karine - e fui pro lado de Matheus e Duda que estavam discutindo.

— Já tão brigando? Hoje é dia de alegria! — falei me intrometendo.

— Tu acredita que eles estão resolvendo quem vai morar onde, Malu? Se é em São Paulo ou Rio de Janeiro. — Karine contou revirando os olhos.

— Ah, sério? Nem precisava ter essa discussão. Rio de Janeiro sem dúvidas, lá é melhor e você ainda vai ficar perto da tua irmã. — disse pro Matheus.

— Já falei isso pra ele, é a lógica. — Eduarda revirou os olhos.

— Vocês são fodas! — Matheus reclamou.

Rimos deixando os dois pombinhos conversando e fomos atrás dos nossos amigos. Eu conhecia quase todos que estavam espalhados, tinham amigos das faculdades dos dois, família do João, família da Mari, alguns amigos de São Paulo, alguns de Minas - do João (que eram bem poucos por sinal).

A cerimônia estava prestes a começar. As pessoas já estavam começando a se ajeitar nos bancos e nada de achar o pessoal.

Coincidências 2Onde histórias criam vida. Descubra agora