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MARATONA 1/5

PEDRO

Terminei de trocar a blusa que eu tinha sujado toda do molho que eu tava tentando fazer pra comer com macarrão e voltei pra sala. Sarinha já tinha assumido o fogão, visto que eu não servia de jeito nenhum pra fortalecer um rango.

Estávamos bem próximos nos últimos dias, ela andava se estranhando com Bruno por causa da situação que eles estavam com essa gravidez e sempre vinha ficar comigo e com Luan pra relaxar a mente. As vezes só comigo porque Luan ia conversar com Bruno também, tínhamos que ajudar os dois. Óbvio.

— Termina de contar... ela simplesmente largou Mike com tua mãe e viajou? — perguntou quando voltei pra cozinha.

— Sim, ela é louca, cara. Não é atoa que o Mike prefere mil vezes ficar comigo. — disse enconstando na parede.

Tava contando pra ela que a louca da Letícia tinha inventado mais uma viagem de diversão com os amigos e largado o filho sem nem combinar nada. Eu nunca que me incomodaria de ficar com ele, só que a forma como ela tacava o foda-se era de extrema indignação.

— E você não vai pegar ele lá? — jogou uma pitada de sal no molho que estava refazendo.

— Vou, mas pra vir pra cá só sábado. Amanhã vou só passar o dia porque já combinamos de ir lá no deckdrunk à noite, esqueceu?

— Ah é.. tem isso! Sei se vou não.

— Por causa do Bruno!?

— Claro, vai ser por causa de quem? Tá foda, viu? Sei o que vai ser de nós dois não, Pedrinho. Ele tá viajando demais, você sabe. — disse com a cara tristonha.

— Ele tá vacilando mesmo, mas vai dar tudo certo. Luan disse que trocou uma ideia boa com ele, e eu também to querendo. — contei pegando os pratos e talheres pra colocar na ilha da cozinha.

— Por mim tanto faz. Tô sem paciência! — bufou.

Dei de ombros. Nos servimos com o macarrão de almôndega que improvisamos e ficamos comendo sem falar sobre nada mesmo. Quando ela brigava com Bruno, sempre era assim, ficava mais calada.

Fiquei responsável por lavar a louça já que depois do meu desastre na cozinha ela tinha feito tudo. Depois coloquei em qualquer canal que tivesse passando um filme e ficamos jogados assistindo.

— Ué, será que é o Bruno? — Sarah perguntou depois de escutar a campainha tocar.

— Acho que não, não faz nem sentindo ele tocar campainha. Pera! — me levantei indo em direção da porta.

Me deparei com Maria Luiza com o rosto todo vermelho de provavelmente chorar. Estranhei, mas sem dizer nada dei passagem pra que ela entrasse. Sarah se levantou na hora preocupada com a amiga e eu nem sabia o que dizer.

— O que que aconteceu amiga? — perguntou abraçando ela.

— Você não sabe? — choramingou.

Sarah negou com a cabeça.

— Guilherme, amiga. O filho da puta me traiu, acabei de terminar com ele. — disse se afastando do abraço.

— Que!? — ela arregalou os olhos.

Sarah puxou ela pra se sentar no sofá e eu fiquei de babaca olhando pra cara das duas. Não consegui disfarçar minha cara de surpreso. Pelo que eu conhecia do antigo Guilherme, era bem difícil dele trair num relacionamento, aquele ali era fiel mermo e eu tinha que bater palma pra isso. Quero dizer, não convivi muito com ele já que éramos mais amigos de infância, mas meus colegas de SP sempre me contavam as paradas.

— É, as meninas me contaram a pouco e eu fui direto na casa dele terminar tudo. Ele ficou puto, mesmo sendo um escroto da porra, segurou meu braço com força e tudo, teve que José aparecer pra ele me largar, mas eu me mantive firme. — contou.

— Ele o que!? — perguntei pra ter certeza do que eu tinha ouvido.

— Me traiu. — se virou pra mim.

— Não, a outra coisa.

— Que ele apertou meu braço? — assenti. — Que que tem?

— Esse filho da puta não pode fazer isso! — neguei com a cabeça — Vou lá no Bruno.

— Não Pedro, não inventa caralho! — Sarah se levantou — Você sabe que ele vai querer matar o moleque, ainda mais que a gente acabou de brigar.

— Brigar? — Malu perguntou confusa.

Bufei.

— Mas ele tem que levar um sacode mermo, Sarah. Tá maluco, imagina ele surta, vai atrás dela sei lá onde, e começa a dar de ex namorado louco. — me virei novamente.

— Ele não vai fazer isso, ele não é assim. — Malu disse com uma cara acabada.

— Ah não? Então por que fez? — cruzei os braços.

— Não sei. — disse com a voz embargada olhando pro chão.

— Tá, alguém tem que conversar com ele? Pode até ser, mas não vai ser agora e também não vai ser nenhum de vocês que já querem partir pra agressividade. Talvez ele nem procure mais ela. — Sarah disse tentando me convencer — Você não veio aqui sabendo que eu tava aqui, né? — perguntou pra Malu que negou com a cabeça — Ou seja, suponho que vocês devam conversar. Vou pra casa, amanhã volto. Fica bem amiga! — deu um beijo na testa dela — E você, juízo.

Assenti observando ela sair de casa. Eu nem queria voltar a olhar pra Maria Luiza, na verdade, nem assunto eu tinha pra desenrolar, ainda mais depois daquela cena aqui em casa que ela pegou eu e Giselle transando. Achei que tinha sido claro com a resposta que eu dei sobre não querer mais prolongar assunto sobre nós dois, mas pelo visto não tinha sido.

Antes de ter que fazer sala ou escutar o que ela tinha pra dizer, fui até a geladeira pegar uma cerveja, era o que de fato eu precisava. Além do que, a minha imaginação ilustrando a cena do filho da puta segurando o braço dela não saia da minha cabeça.

— Veio aqui pra falar comigo ou com Luan? Porque ele tá no trabalho. — disse fechando a geladeira pra voltar pra sala.

Me virei dando um encontrão com meu corpo ao dela.

— Com você! — disse avançando me fazendo recuar até bater com minhas costas na geladeira.

Seu rosto já estava na altura do meu, seus olhos olhavam diretamente pra minha boca e depois pros meus olhos. Tava sem entender porra nenhuma que que ela queria, mesmo que talvez fosse óbvio.

— Malu, você tá mal, não viaja! — tentei sair, mas ela se aproximou mais ainda encostando o corpo dela no meu.

— E daí? — olhou pra minha boca de novo — Eu quero você!

Coincidências 2Onde histórias criam vida. Descubra agora